O que esperar do preço do potássio para 2022

O que esperar do preço do potássio para 2022?

O ano de 2021 foi um ano em que os preços dos principais fertilizantes utilizados na agricultura brasileira, como o potássio, dispararam. Diversos fatores contribuíram para isso, desde crises políticas internacionais aos impactos do Covid-19. Diante disso, o agricultor se pergunta: o que esperar do preço do potássio em 2022? E mais importante: como se preparar?

O turbulento ano de 2021

Em 2021, os agricultores viram o preço do potássio e dos principais fertilizantes utilizados no agronegócio dispararem.

Embora algumas regiões do globo tenham mantido os preços a um patamar razoável, em outras o salto foi gigantesco, como é o caso do Brasil e dos Estados Unidos.O preço do potássio teve um grande salto no Brasil e nos Estados Unidos em 2021, na imagem os preços do Brasil estão representados pela linha amarela

O preço do potássio teve um grande salto no Brasil e nos Estados Unidos em 2021, na imagem os preços do Brasil estão representados pela linha amarela (Fonte: World Bank).

No Brasil, o preço da tonelada de potássio mais que triplicou e outros fertilizantes importantes para o manejo agrícola das diversas culturas do país também tiveram um grande salto, quando comparados com os preços do início de 2021.O aumento dos preços dos fertilizantes no Brasil, com os valores convertidos em reais nas cotações dos respectivos dias. Só o Cloreto de Potássio (KCl), mais que triplicou em relação ao início do ano (Fonte: ACERTO Weekly Fertilizer Report Brazil 01/01/2021 e 09/12/2021)

O aumento dos preços dos fertilizantes no Brasil, com os valores convertidos em reais nas cotações dos respectivos dias. Só o Cloreto de Potássio (KCl), mais que triplicou em relação ao início do ano (Fonte: ACERTO Weekly Fertilizer Report Brazil 01/01/2021 e 09/12/2021).

Uma combinação de fatores que formam uma “tempestade perfeita” contribuiu para esse aumento dos preços do potássio e dos outros fertilizantes. Eles vão desde os impactos da pandemia do Covid-19, passando pela deterioração das relações de troca, até questões políticas nos principais países produtores de fertilizante do mundo, como a Bielorrússia.

É o que os pesquisadores do Departamento de Economia Agrícola da Universidade de Nebraska-Lincoln (EUA), John C Beghin e Lia Nogueira, destacam em seu artigo A perfect storm in fertilizer markets:

“Em resumo, uma tempestade perfeita de choques de oferta, eventos climáticos, fechamentos de fábricas, estrutura de mercado pouco competitiva e rasa, e uma série de mudanças de política vem se formando e agora está culminando em uma preocupante volatilidade e deterioração na acessibilidade de fertilizantes.”

Mas, e para 2022, o que o agricultor pode esperar do mercado e do preço do potássio?

As perspectivas para o mercado e o preço do potássio em 2022

As perspectivas para o mercado e os preços do potássio em 2022, infelizmente, não são as mais animadoras: a expectativa é que o valor pago pelos insumos continue a subir e há, inclusive, risco de falta de fertilizantes.

As previsões são de um relatório da StoneX do início de dezembro. O relatório destaca, por exemplo, as sanções dos Estados Unidos a BPC, empresa estatal do oligopólio do potássio na Bielorrússia, que devem entrar em vigor em breve.

O país do Leste Europeu vem enfrentando crises políticas internas e externas nos últimos tempos, e as ações do presidente Lukashenko fizeram com que tanto a União Europeia quanto os Estados Unidos declarassem medidas para restringir a comercialização de potássio bielorrusso.

As medidas punitivas dos EUA à Bielorrússia desencadearam uma crise no mercado internacional de potássio, já que os países que trabalham com importações em dólar e mantêm boas relações com os Estados Unidos deverão respeitar as sanções, ficando, portanto, sem um dos grandes fornecedores desse fertilizante.

O relatório da StoneX menciona que existem algumas rotas alternativas, mas que, no entanto, são de implementação difícil e questionável a curto e médio prazo. Assim, a expectativa é de que os preços CFR (cost and freight, ou custo e frete, que são os preços que o agricultor paga pelo produto no porto) do potássio subam entre 100 e 150 dólares por tonelada até março de 2022.

Levando em consideração a desvalorização do real frente à moeda norte-americana, isso significa um aumento de pelo menos R$ 550,00 por tonelada de potássio.

Todavia, existem ainda outros fatores que agravam a crise internacional do mercado de fertilizantes.

O impacto da crise energética no preço do potássio

Além das sanções dos Estados Unidos e da União Europeia à Bielorrússia, uma crise energética na Europa e na China também tem afetado o mercado e deve impactar o preço dos fertilizantes no próximo ano.

A falta de recursos energéticos, como o carvão e o gás natural, que são muito empregados em indústrias produtoras de fertilizantes, tem feito com que os grandes fornecedores desses insumos restrinjam as exportações para proteger o mercado interno.

É o caso da Rússia, grande produtora de fertilizantes potássicos, nitrogenados e fosfatados. Com isso, o mercado mundial fica desabastecido, precisando procurar rotas alternativas para suprir a demanda.

Todavia, a criação dessas novas rotas tem um custo e os países que podem ser usados como fornecedores, como o Marrocos, já têm aumentado os seus preços.

Nos Estados Unidos, a passagem do Furacão Ida provocou o fechamento de fábricas e a interrupção dos serviços de logística, o que também contribui tanto para a dificuldade de abastecimento do mercado quanto para o encarecimento dos preços, já que os fretes também ficaram mais caros.

Levando em consideração esses fatores, o risco de desabastecimento global em 2022 é algo concreto. É o que alerta o relatório da StoneX.

Mas, então, o que o agricultor brasileiro pode fazer?

Como o agricultor brasileiro pode se prevenir?

Reduzir as compras de potássio não é uma opção. Isso pode trazer sérios impactos para o setor agrícola brasileiro, já que os solos do Brasil têm uma disponibilidade relativamente baixa desse nutriente e, portanto, ele é essencial para que as culturas sejam produtivas.

Logo, sem a aplicação de potássio, há riscos de perda de produtividade, além de qualidade do produto agrícola, uma vez que as funções do potássio estão muito ligadas à qualidade dos alimentos. Em consequência, há menos rentabilidade para o produtor.

E, com uma produtividade menor, além do aumento do preço dos alimentos, há um risco de desabastecimento.

Outra saída é antecipar as compras de fertilizantes, antes que os preços fiquem mais caros e a possibilidade de falta de insumos se concretize. É o que recomenda, por exemplo, o relatório da StoneX.

Todavia, existe ainda uma terceira via, que é investir no potássio nacional. As novas pesquisas têm mostrado que o Brasil tem capacidade para produzir novas fontes de potássio eficientes e que podem diminuir a dependência externa, fortalecendo, assim, o agronegócio brasileiro.

 

Laercio Dalla Vecchia, Campeão Nacional de Produtividade de Soja, fala sobre fonte de potássio nacional.

Se prevenir agora é essencial para enfrentar o ano de 2022

Em resumo, as previsões para o mercado em 2022 sugerem que haverá um agravamento da crise que já veio escalando em 2021 e que fez com que os preços do potássio tivessem um grande salto.

Isso é resultado da combinação de diversos fatores, que incluem a situação da Bielorrússia e a crise energética na Europa e na China.

O agricultor precisa, então estar preparado e para isso ele pode se planejar desde já, antecipando as suas compras de fertilizante e também investindo no potássio brasileiro!

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