Entenda a importância do monitoramento no manejo integrado de pragas

Entenda a importância do monitoramento no manejo integrado de pragas

Você sabia que o monitoramento no manejo integrado de pragas é essencial para garantir o sucesso do controle de pragas no campo? Entenda a importância realizar o monitoramento das suas lavouras e como essa prática pode impactar positivamente no controle mais efetivo das pragas! 

O que é o monitoramento de pragas?

O monitoramento de pragas é uma técnica utilizada no manejo integrado de pragas (MIP) para avaliar a presença e a abundância de pragas em uma cultura e a e avaliar a eficácia das medidas preventivas e de controle implementadas. 

Essa técnica também permite identificar o surgimento de novas pragas ou o aumento de populações já existentes, funcionando como um importante indicativo para adoção de medidas preventivas e de controle nas lavouras. 

O monitoramento no manejo integrado de pragas pode ser realizado de várias maneiras, fazendo a observação visual das plantas dos seus talhões e utilizando feromônios, iscas tóxicas e outros tipos de métodos associados a armadilhas. 

A observação visual, por exemplo, consiste na análise cuidadosa das plantas em busca de sinais de infestação, podendo ser realizada tanto a contagem direta das pragas, quanto a quantificação dos danos causados nas plantas, como folhas rasgadas ou brotos danificados. 

Para isso, o agricultor deve buscar realizar uma amostragem representativa de plantas nos seus talhões, podendo ainda manter plantas que são mais suscetíveis a infestação de pragas em locais estratégicos da sua lavoura para avaliação. 

Já no caso da utilização de feromônios, iscas tóxicas e outros tipos de métodos associados a armadilhas, esses métodos de monitoramento no manejo integrado de pragas buscam realizar o levantamento da presença e a abundância através da captura ativa das pragas. 

No caso dos feromônios, por exemplo, como algumas pragas liberam feromônios para atrair indivíduos para o acasalamento, esses mesmos feromônios podem ser sintetizados para atrair as pragas para iscas tóxicas ou armadilhas. 

Também existem outros métodos de monitoramento no manejo integrado de pragas, como as armadilhas luminosas ou o monitoramento da atividade das pragas em plantas-isca, que permitem a avaliação da densidade populacional das pragas. 
O uso de ferramentas durante o monitoramento no manejo integrado de pragas, como o pano de batida e armadilhas, é essencial para garantir a efetividade dos métodos de controle

O uso de ferramentas durante o monitoramento no manejo integrado de pragas, como o pano de batida e armadilhas, é essencial para garantir a efetividade dos métodos de controle (Fonte: FARIA, G. R. – Embrapa Agrossilvipastoril)

Além das pragas, também é possível fazer o monitoramento dos inimigos naturais presentes na cultura. 

Os inimigos naturais das pragas são organismos que atuam na regulação da população de pragas de maneira natural. Eles incluem predadores, parasitoides e patógenos, que se alimentam ou infectam as pragas, reduzindo assim sua população.  

A conservação e o incentivo à presença de inimigos naturais de pragas é um elemento importante no MIP, pois permite reduzir a necessidade de recorrer a produtos químicos e outros tipos de insumos. 

Existem diversos tipos de inimigos naturais de pragas que podem ser monitorados em uma lavoura, como: 

  • Predadores: são organismos que se alimentam de outros organismos vivos. Exemplos de predadores de pragas incluem os ácaros predadores, as joaninhas e os crisopídeos; 
  • Parasitoides: são organismos que se desenvolvem dentro ou sobre o corpo de outros organismos, causando a morte de seus hospedeiros. Exemplos de parasitoides de pragas incluem os insetos parasitoides como microvespas, os nematoides e os fungos entomopatogênicos; 
  • Patógenos: são organismos que causam doenças em outros organismos. Exemplos de patógenos de pragas incluem fungos, vírus e bactérias. 

Para garantir que o monitoramento das pragas e dos inimigos naturais se dê de forma efetiva, é muito importante que ele seja realizado de maneira regular, de acordo com um cronograma estabelecido. 

Além disso, os resultados do monitoramento no manejo integrado de pragas devem ser documentados e analisados para permitir a tomada de decisões informadas sobre o controle de pragas. 

Mas, quando devem ser iniciadas as medidas de controle? 

Como se determina o nível de controle no MIP?

De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o nível de controle (NC) ou nível de ação refere-se à menor densidade populacional da praga que indica a necessidade de aplicação de táticas de controle, para impedir que uma perda de produção de valor econômico seja atingida. 

Como o objetivo do MIP é manter o nível de pragas em uma cultura abaixo do NC utilizando uma combinação de medidas de controle, o monitoramento adequado das pragas acaba tendo um papel muito importante para assegurar a produtividade e qualidade das lavouras. 

O nível de controle é determinado levando em consideração fatores como a sensibilidade da cultura às pragas, a abundância de inimigos naturais de pragas e o custo de implementar medidas de controle. 

Ele também pode variar de acordo com o momento do ciclo de produção, o tipo de cultura e da região em questão.  

Em algumas culturas pode ser tolerável que haja uma pequena quantidade de pragas presentes, enquanto em outras culturas quaisquer quantidade de pragas pode causar danos significativos. 

No caso da cultura do milho, por exemplo, pesquisas indicam que o nível de controle do percevejo de barriga-verde (Dichelops melacanthus) no Brasil varia de 0,6 a 2 percevejos por metro quadrado. Já na cultura da soja, a tolerância de percevejos é mínima, uma vez que eles afetam a principal parte comercializada das plantas: os grãos. 

Uma vez que o nível de controle for detectado através do monitoramento das pragas, o agricultor deve então escolher aqueles métodos que serão mais efetivos para o controle da praga na sua lavoura. 

Algumas das medidas de controle de pragas utilizadas no MIP incluem: 

  • O plantio de variedades de plantas resistentes a pragas: consiste em utilizar variedades de plantas que possuem características genéticas que as tornam menos suscetíveis a danos causados por determinadas pragas; 
  • O uso de produtos químicos de baixo impacto: quando necessário, produtos químicos de baixo impacto podem ser utilizados para o controle de pragas, mas devem ser utilizados de maneira responsável para minimizar o impacto no meio ambiente e na saúde humana;
  • A implementação de práticas de plantio que promovem a saúde geral das plantas: consiste em utilizar práticas de plantio que promovem o crescimento saudável das plantas, como o a irrigação adequada e a conservação do solo;
  • O uso de inimigos naturais de pragas: consiste em favorecer a presença de predadores, parasitoides e patógenos benéficos que se alimentam ou infectam as pragas, reduzindo assim sua população.

Alguns microrganismos do solo exercem um efeito antagônico contra pragas agrícolas.

Complementarmente a essas medidas, estudos indicam que alguns nutrientes e elementos benéficos podem fazer toda a diferença para melhorar a eficiência de alguns métodos de controle e ainda estimular os mecanismos naturais de defesa das plantas.   

O enxofre, por exemplo, pode ser considerado um nutriente com efeito desalojante, sendo capaz de estimular a maior movimentação das pragas na lavoura e gerar um contato mais rápido delas com os inseticidas aplicados ou mesmo com os inimigos naturais presentes na lavoura.  

No estudo Eficiência de inseticidas associados a enxofre no controle de Spodoptera frugiperda em milho convencional, Julio César Guerreiro e outros pesquisadores observaram que a utilização de enxofre para nutrição de plantas reduziu a presença de lagartas-do-cartucho nas plantas de milho.  

Esse nutriente também é considerado um elemento estrutural de diversos compostos orgânicos, incluindo aqueles que são produzidos pelas plantas em condições de estresse.   

Dessa forma, quando esses compostos são produzidos em quantidades adequadas, a planta ganha não somente uma maior proteção antecipada contra os ataques de pragas, mas também consegue ser capaz de ativar de forma mais rápida e intensa os seus mecanismos de defesa. 

Vale notar que essa ativação dos mecanismos de defesa das plantas com a aplicação de outros nutrientes, como o potássio e o silício, também tem sido relatada em outras pesquisas conduzidas nos últimos anos. 

É o que escrevem os pesquisadores D.M. Huber e D.C. Arny, no capítulo Interactions of potassium with plant disease do livro Potassium in agriculture, como também Dr. Fabrício Rodrigues e seus colegas pesquisadores, no artigo Biochemical responses of coffee resistance against Meloidogyne exigua mediated by silicon.   

Contudo, todos os métodos de controle citados acima só serão realmente eficazes e efetivos quando adotados no momento mais adequado e direcionados para a praga para o qual são recomendados. E para isso, o monitoramento correto das pragas se torna imprescindível. 

O monitoramento no manejo integrado de pragas garante a adoção dos métodos de controle corretos

Em resumo, o monitoramento no manejo integrado de pragas é importante porque pode ajudar a evitar danos e custos associados às pragas, minimizar o uso de produtos químicos e proteger a saúde humana e o meio ambiente. 

Além disso, o monitoramento também garante que todas as medidas preventivas sejam tomadas antes que as pragas se tornem um problema. 

Portanto, o seu uso associado à adoção das medidas de controle mais adequadas e a adubação correta das plantas pode fazer toda a diferença para se alcançar o sucesso com o controle de pragas na sua lavoura! 

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