O uso de fungos entomopatogênicos no controle biológico de pragas agrícolas têm ganhado atenção no setor nos últimos 30 anos. Eles são uma forma mais eficaz e integrada de combate às pragas, que garante mais qualidade para os alimentos.
Entretanto, para que seu uso seja mais eficiente, é preciso alguns cuidados e incentivos regulamentais.
Para discutir sobre essas questões, a Andressa Monteiro, Engenheira Agrônoma e Mestre em Produção Vegetal, participou do “Encontro com Gigantes – Utilização de fungos no controle biológico de pragas”.
O evento foi promovido pela Verde, empresa que produz os fertilizantes Silício Forte® e K Forte ®, no dia 05 de novembro de 2020.
Você pode conferir a conversa, mediada por Fernanda Santos, na íntegra:
Porque utilizar o controle biológico com fungos entomopatogênicos é melhor
Redução de riscos e danos ambientais, maior qualidade dos alimentos produzidos e melhor custo-benefício à longo prazo. Essas são as principais vantagens do uso do controle biológico de pragas na agricultura, na avaliação de Andressa Monteiro.
Outro fator que tem incentivado o uso dessa forma de manejo de pragas é que, por causa da seleção natural, com o tempo as pragas vão adquirindo resistência aos produtos químicos utilizados.
Isso torna o combate a elas mais difícil e mais caro, já que requer troca de insumos, que podem ser mais danosos à saúde e ao meio-ambiente, e de processos.
O controle biológico pode ser feito de três maneiras diferentes:
- Com o uso de predadores naturais das pragas. Um exemplo é o uso de joaninhas no combate à pulgões;
- Com o uso de parasitoides, como por exemplo certas de vespas, que são utilizadas no controle de lagartas;
- Com o uso dos fungos entomopatogênicos, que são capazes de lidar com uma gama variada de pragas.
Mas qual a vantagem do uso dos fungos em detrimento às outras formas de controle biológico?
Andressa explica que a ação dos fungos tem uma eficácia maior que a dos predadores e parasitoides. Isso porque os fungos agem por contato, em diferentes estágios de desenvolvimento das pragas alvo.
Os fungos entomopatogênicos também se integram ao ecossistema da lavoura, sem matar ou prejudicar os outros agentes que podem servir como controladores das populações de pragas.
Outra vantagem dos fungos é que eles não requerem que haja um processo de ingestão ou digestão da praga alvo. Além disso, os insetos que não são afetados pelos fungos podem servir como vetores dos esporos, contaminando os que são suscetíveis.
Principais cuidados ao se utilizar o controle biológico e os fungos entomopatogênicos
Embora o uso do controle biológico e dos fungos entomopatogênicos seja vantajoso no controle de pragas agrícolas, a Andressa Monteiro ressalta que o produtor precisa ter alguns cuidados na hora de utilizá-los, entre eles:
- Para que o controle biológico com fungos seja mais eficaz, é preciso que haja um planejamento mais cuidadoso do processo de aplicação, desde as condições de armazenamento até a aplicação em si;
- Em relação ao armazenamento, como se trata de organismos vivos e que se desenvolvem em condições específicas, o produtor deve prestar atenção em fatores como a exposição à luz solar, temperatura, etc.;
- Já na aplicação, dependendo do fungo entomopatogênico, a formulação que vai levar os fungos até as plantas precisa ser específica, variando de acordo com o fungo utilizado, a planta, a praga alvo, etc;
- Durante a aplicação, a formulação contendo o fungo precisa atingir o local certo, o que varia de acordo com a planta e a praga que se quer combater também.
Por esses motivos, o controle biológico através dos fungos entomopatogênicos requer um conhecimento mais técnico que o controle feito através de agentes químicos, por exemplo.
Nesse sentido, Andressa Monteiro fala da tendência do uso de biológicos on farm, ou seja, daqueles produtos biológicos que são cultivados na própria fazenda do produtor:
“A produção on farm anda sendo bastante falada, mas há algumas questões. A multiplicação do fungo entomopatogênico precisa de condições muito precisas, já que pode haver contaminações. Se houver alguém para auxiliar o produtor na fazenda para orientar, aí é viável, como tem sido feito em muitos lugares fora do Brasil.”
Controle biológico e fungos entomopatogênicos: o caminho para uma agricultura mais consciente
Para a Andressa Monteiro, o uso do controle biológico e dos fungos entomopatogênicos pode ser o caminho para que a agricultura se torne mais consciente. Isso porque esse tipo de técnica pressupõe ver a agricultura e o ecossistema que faz parte dela como algo que é dinâmico: “O sistema de produção agrícola não pode ser visto como uma unidade estática, já que a natureza é dinâmica”.
Entender como funcionam os fungos e a sua integração dentro do ecossistema da lavoura ajuda a aumentar essa percepção.
Entretanto, na avaliação da Dra. Andressa, ainda há certas medias que podem ajudar a tornar o controle biológico mais acessível e mais utilizado, como a facilitação do registro de produtos sazonais e a redução de custos dos insumos.
Para saber mais sobre o controle biológico de pragas e o uso de fungos entomopatogênicos, não deixe de conferir o vídeo na íntegra!
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Andressa Monteiro – Andressa Vainer Ferreira Monteiro é Engenheira Agrônoma e Mestre em Produção Vegetal. Andressa tem experiência na área de consultoria agrícola, focada no manejo integrado de pragas e doenças, especialmente para a área de citrus. Sua graduação em Engenharia Agronômica e o mestrado em Produção Vegetal foram realizados na Universidade Federal de Goiás.