Para falar sobre esse assunto, a doutora em Solos e Nutrição de Plantas e Professora Adjunta do Departamento de Ciência do Solo da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Dra. Maria Ligia de Souza Silva, participou do “Encontro com Gigantes – Equilíbrio nutricional das plantas e seu efeito na produção e na qualidade dos alimentos”.
O evento foi promovido pela Verde, empresa que produz os fertilizantes BAKS, K Forte®, K Forte Boro e Silício Forte, no dia 06 de maio de 2021.
Você pode conferir a conversa, mediada por Rodrigo Mac Leod, na íntegra pelo link:
A importância do equilíbrio nutricional para as plantas
As plantas, assim como os outros seres vivos, demandam diversos recursos do ambiente para garantir a sua sobrevivência e dentre eles se encontram os nutrientes minerais. Eles são divididos em dois grupos principais, dependendo da quantidade demanda pelas plantas: os macronutrientes e micronutrientes.
Quando as culturas apresentam uma baixa produtividade ou ainda sintomas visuais de deficiência nutricional, não necessariamente é um indicativo de que os nutrientes não estão presentes no solo e sim de que eles se encontram proporções muito baixas, conforme explica a Dra. Maria Ligia:
“É muito raro a ausência total de um nutriente no solo. O que geralmente acontece é que o teor do nutriente está numa proporção tão baixa no solo que as vezes a planta não reconhece e consequentemente não absorve esses elementos.”
Um dos grandes problemas que as deficiências nutricionais trazem, além da perda da produtividade, é a queda da qualidade do produto agrícola e consequentemente do seu valor comercial.
A professora Maria Ligia explica que a qualidade do produto agrícola é avaliada de acordo com a finalidade que o mesmo tem para os seres humanos. Quando essa qualidade é comprometida, o produto perde valor comercial.
Um dos exemplos utilizados pela professora para estabelecer a relação entre a qualidade e a perda de valor comercial, foi a aparência inadequada de alguns alimentos em função das deficiências nutricionais de boro, cálcio e potássio.
Enquanto na cultura da laranja a deficiência em boro é uma das responsáveis por gerar a rachadura em frutos, na cultura do tomate a deficiência em cálcio é uma das causas do “fundo preto”.
As pesquisas sobre a cultura do arroz mostram que a deficiência de potássio é capaz de proporcionar a redução do tamanho dos grãos e a deficiência em nitrogênio pode gerar um maior enrijecimento dos grãos. (Fonte: Embrapa Arroz e Feijão)
Com isso, a fim de se evitar os problemas gerados pelas deficiências nutricionais e garantir uma boa produção e qualidade das plantas, o manejo cultural é uma das ferramentas mais utilizadas na agricultura.
O papel manejo cultural na produção e qualidade dos produtos agrícolas
O manejo cultural é uma das ferramentas que permitem ao agricultor controlar alguns dos fatores que interferem na produção e qualidade dos produtos agrícolas, estando inclusas nesse grupo as demandas nutricionais das plantas. O processo se inicia com o entendimento das necessidades da cultura, conforme explica a Dra. Maria Ligia:
“Nós sabemos que, para se produzir bem e ter qualidade de alimentos, uma das tecnologias que empregamos é o manejo cultural. Para que ele seja feito da maneira correta, ele vai começar pela análise do solo associado à análise foliar, para entender as necessidades da planta e fornecer os nutrientes de forma equilibrada para que ela atinja seu potencial máximo de produção.”
Os fertilizantes são um dos principais recursos utilizados pelos agricultores para fornecer os nutrientes em concentrações adequadas. Porém, a professora Maria Ligia também destaca a importância de entender as diferentes relações de sinergismo e antagonismo que acontece entre nutrientes.
Por exemplo, nos estudos conduzidos por ela e sua equipe sobre biofortificação de alimentos, foi identificada uma relação de competição entre o enxofre, um macronutriente secundário, e o selênio.
Das culturas envolvidas na pesquisa, somente a rúcula apresentou um maior potencial de resposta as adubações com selênio. Isso acontece porque o enxofre e selênio competem pelos mesmos sítios pelos quais a planta absorve o nutriente.
Com mais de um bilhão de pessoas apresentando deficiência em selênio, ele é um elemento chave para melhorar a saúde das populações e a sua introdução nos alimentos através do processo de biofortificação é uma das alternativas.
A biofortificação é um processo que visa aumentar o valor nutricional dos alimentos e a Dr. Maria Ligia aponta que ela vem se mostrando como uma das estratégias mais eficazes para melhoria da saúde das pessoas:
“A biofortificação agronômica está sendo uma das estratégias mais eficazes para melhoria da saúde de milhões de pessoas. Devemos garantir que, o alimento que consumimos seja capaz não apenas de saciar a fome, mas também garantir uma nutrição adequada.”
Além disso, a própria criação de uma dieta balanceada e diversificada também já vem a muitos anos comprovando a eficácia na melhoria da saúde das pessoas, por meio do combate e controle de doenças.
Os compostos denominados bioativos presentes nos alimentos são os responsáveis por esses efeitos benéficos. A professora Maria Ligia explica que estão inclusos nesse grupo os compostos responsáveis pela pigmentação dos alimentos e os associa com alguns benefícios, como:
- Licopeno: controle de câncer;
- Luteína e Zeaxantina: saúde dos olhos;
- Antocianinas: funcionamento cognitivo e cerebral.
Dessa forma, ao entender as potencialidades de cada cultura e fornecer os nutrientes em quantidades que possam proporcionar produção em volume e qualidade, o agricultor não beneficia somente a sustentabilidade do agronegócio, como também garante o fornecimento de alimentos mais nutritivos e saudáveis para a população.
Para entender mais sobre o equilíbrio nutricional das plantas e seu efeito na produção e na qualidade dos alimentos, confira o vídeo do Encontro com Gigantes na íntegra!
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