O que esperar do preço dos fertilizantes para próxima safra

O que esperar do preço dos fertilizantes para próxima safra?

O Brasil importou mais de 13 milhões de toneladas de fertilizantes no primeiro semestre de 2021, um novo recorde dentro da série histórica. É o que mostram dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). E, às vésperas de uma nova safra, muitos agricultores estão se questionando acerca do melhor momento para adquirir esses insumos agrícolas. Isso porque há uma série de fatores que trazem a dúvida: o que esperar do preço dos fertilizantes para a próxima safra?

Para falar sobre o assunto, a Verde convidou o Fundador e Diretor Executivo da Acerto Limited, consultoria independente que tem como missão trazer mais transparência para os mercados latino-americanos de fertilizantes, Magnus Berge, para o “Encontro com Gigantes – Mercado de fertilizantes: cenário atual e expectativas para 2022”.

O evento foi promovido pela Verde, empresa que produz os fertilizantes BAKS®, K Forte® e Silício Forte, no dia 26 de outubro de 2021.

Você pode conferir a conversa, mediada por Antônio Santos, na íntegra pelo link:

 

A influência do mercado internacional no preço dos fertilizantes

Em 2021, muitos agricultores sentiram no bolso o impacto das crises externas e altas flutuações de preços dos fertilizantes no mercado mundial.

Muitos fertilizantes nitrogenados, fosfatados e potássicos praticamente se igualaram ou ultrapassaram a marca de 800 dólares por tonelada, gerando um cenário de muita incerteza para compradores e investidores do mercado financeiro.Comparação do preço de alguns dos principais fertilizantes utilizados no Brasil (Fonte: ACERTO Weekly Fertilizer Report Brazil 01/01/2021 e 21/10/2021)

Comparação do preço de alguns dos principais fertilizantes utilizados no Brasil (Fonte: ACERTO Weekly Fertilizer Report Brazil 01/01/2021 e 21/10/2021)

As altas de preços têm impactado ainda mais o mercado brasileiro, com a desvalorização da moeda do país em relação ao dólar.

O preço de fertilizantes como o Cloreto de Potássio (KCl) , por exemplo, apresentou um aumento expressivo, atingindo mais de 4500 reais por tonelada em alguns momentos do ano. É o que destacou Magnus Berge:

“Para o Brasil, o problema não é nem tanto com a ureia, que também atingiu patamares recordes devido ao impacto pelo furacão Ida nos EUA e a crise de gás na Europa no preço do insumo. Porque para ela existe um pouco mais de flexibilidade de produtos, como o sulfato e o nitrato. No país, vamos ter mais problemas com a redução da disponibilidade de outros produtos fosfatados, como o Fosfato Diamônico (DAP), e do Cloreto de Potássio.”

Magnus Berge explicou que parte da redução da disponibilidade de produtos fosfatados no mercado pode ser atribuída à China, uma vez que o país sofreu medidas restritivas do governo local para controlar as exportações de fertilizantes.

Já no caso do Cloreto de Potássio, o encerramento da operação de duas minas no Canadá e as sanções impostas no mercado da Bielorrússia geraram uma incerteza muito grande no mercado e uma certa ansiedade entre os compradores.

Entretanto, segundo Magnus Berge, não é somente a relação oferta e demanda que vem impactando no preço dos fertilizantes.

A passagem do furacão Ida pelos Estados Unidos em setembro desestabilizou a logística de distribuição mundial e internamente, no Brasil, a situação pode ser ainda mais instável:

“A incerteza política no Brasil pode levar a um câmbio ainda mais alto, com o real se desvalorizando em relação ao dólar. E, uma vez que haja uma desvalorização muito grande, a importação irá custar mais para os agricultores, sendo que já estamos vendo um preço até 3 vezes maior na logística.”

O que, então, o agricultor pode esperar para os próximos meses?

As expectativas do mercado de fertilizantes para 2022

Magnus Berge ressaltou que ainda é difícil fazer um prognóstico do que vai acontecer para os próximos meses, mas espera que o mercado de fertilizantes fique mais estável com o fim das crises.

Entretanto, na avaliação do Diretor Executivo da Acerto os preços ainda devem permanecer em patamares mais altos:

“A crise de gás na Europa, por exemplo, deve se normalizar ao médio/longo prazo com um maior fornecimento de gás da Rússia. Porém, o preço da ureia deve se manter forte até o primeiro quarter (trimestre) de 2022, devido a oferta reduzida do produto chinês nos próximos meses. O mesmo vale para o mercado de Fosfato Monoamônico (MAP) nas próximas semanas. Com isso, o comprador brasileiro deve ir em busca de fosfatados alternativos como o super simples e o super triplo.

Já para o mercado de fertilizantes potássicos, Magnus Berge ressaltou que não deverão ter tantos picos de aumento no preço, devido a finalização das compras no mercado internacional e o aumento da produção de potássio do Canadá.

Todavia, a tendência é de que os preços de grande parte dos fertilizantes continuem altos e estáveis até o final do ano (2021), fato que tem gerado certa resistência no mercado agrícola brasileiro:

“A relação de troca não está tão favorável quanto antes, com a subida enorme do preço dos nutrientes. Com isso, há uma resistência muito grande a esses novos patamares e tem levado muitos agricultores a esperar o máximo possível até tomar as posições de mercado para a safrinha. Porém, sempre há um risco com essa espera, já que a elevada demanda pode levar ao aumento dos preços novamente no caso do Brasil.”

O único insumo agrícola que deve apresentar uma maior tendência de queda nas próximas semanas e ser favorecido por essa estratégia na espera da compra é a ureia.

Isso porque Magnus Berge prevê que as exportações de fertilizantes da China, devem ser retomadas nas próximas semanas, embora não nos mesmos volumes anteriores.

Para entender mais sobre o cenário atual e expectativas do mercado de fertilizantes em 2022, confira o vídeo do Encontro com Gigantes na íntegra!

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