O enxofre elementar micronizado é uma fonte de enxofre relativamente nova na agricultura, mas que tem muitos benefícios para o produtor. Mas quais são as vantagens desse tipo de enxofre e porque ele é a melhor opção para a sua lavoura?
O enxofre faz parte do grupo de nutrientes chamado de macronutrientes secundários, juntamente com o cálcio e o magnésio. Isso significa que ele tem papeis muito importantes dentro do desenvolvimento das plantas.
Devido às baixas quantidades de enxofre no solo brasileiro, a adubação com esse elemento é muito relevante para se obter lavouras mais produtivas e com mais qualidade.
Para falar sobre esse assunto, a Dra. Ilca Puertas, Pós Doutoranda em Agronomia pela Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Mestre e Doutora em Agricultura pela Universidade Estadual de São Paulo, campus de Botucatu, participou do “Encontro com Gigantes – Por que o enxofre micronizado é a melhor fonte de enxofre?”.
O evento foi promovido pela Verde, empresa que produz os fertilizantes Silício Forte, K Forte ® e BAKS, no dia 12 de novembro de 2020.
Você pode conferir a conversa, mediada por Rodrigo MacLeod, na íntegra pelo link:
Os desafios da adubação com enxofre
O enxofre está envolvido em processos metabólicos, na produção de proteínas, na fixação biológica de nitrogênio, na defesa contra pragas e doenças e na resistência ao frio. Entretanto, a Dra. Ilca Puertas lembra que o solo brasileiro costuma não ter grandes quantidades desse nutriente:
“A gente que é da área sabe os solos brasileiros são bastante antigos, bastante intemperizados. Devido a essas características, é preciso fazer a adubação para fornecer os nutrientes.”
A adubação com enxofre tem alguns desafios. O primeiro deles é que, para ser absorvido pelas plantas, o enxofre precisa estar na forma de sulfato (SO42-). Muitas fontes tradicionais de adubação com enxofre, como o super simples, o sulfato de amônio e o gesso, já vêm com o enxofre na forma de sulfato.
O grande problema é que o sulfato é altamente solúvel. Por causa disso, a chance dele se perder para as camadas mais profundas do solo, através da lixiviação, é muito mais alta. Isso é particularmente mais grave em solos arenosos.
Buscando outras fontes de enxofre que não lixiviam
Uma forma de contornar esse problema é fornecer o enxofre vindo da matéria orgânica. Mas esse tipo de adubação traz outro desafio, também apontado pela Dra. Ilca: a pouca quantidade de matéria orgânica presente no solo brasileiro e a qualidade do microbioma.
A matéria orgânica contém enxofre, mas não na forma de sulfato (SO42-), que é o que as plantas conseguem absorver. Os microrganismos são os responsáveis pelo processo de oxidação que transforma o enxofre orgânico no enxofre que consegue ser utilizado pelas plantas.
A Dra. Ilca cita algumas condições para que a oxidação microbiana ocorra de maneira adequada:
- A temperatura deve estar entre 20ºC e 40ºC;
- O solo precisa ter um bom nível de aeração;
- Tamanho da partícula: quanto menor a partícula, maior será a área de contato com os microrganismos, facilitando o processo.
Por isso, o manejo nutricional do solo precisa levar em consideração também o fornecimento de matéria orgânica ao microbioma, já que ele é fundamental para que haja disponibilização desse nutriente para as plantas.
Esse processo de oxidação também funciona para as fontes que contém o enxofre reduzido, como o enxofre elementar. Essa forma de enxofre é bastante viável para uso na adubação, embora tenha características diferentes do enxofre tradicional.
Advindo de rochas elementares ou de jazidas naturais de origem vulcânica, o enxofre elementar possui uma quantidade de enxofre em sua composição, mas que precisa passar pela oxidação para que seja absorvido pelas plantas.
Por causa disso, a Dra. Ilca observa que uma das principais diferenças do enxofre elementar está na sua disponibilidade para as plantas: “A disponibilidade do enxofre elementar acaba sendo de forma gradual. Isso é diferente da fonte de enxofre que tem sulfato, que está prontamente disponível, mas que é suscetível à lixiviação”.
A liberação gradual é mais lenta, mas garante que o nutriente esteja presente no solo durante todo o tempo que a planta precisa. Além do mais, a Dra. Ilca ressalta que isso garante que o agricultor tenha certeza de que o que ele colocou no solo é o que vai ficar disponível para a planta:
“Esse processo elimina a chance de perda do nutriente por lixiviação. Então você tem certeza que aquilo que você tá colocando no solo é o que vai ficar no solo e que a planta vai absorver. Então isso já um grande ganho em relação às fontes de sulfato.”
Outra vantagem é que, nos fertilizantes de enxofre tradicionais, é preciso utilizar ácido sulfúrico para que o enxofre chegue na forma de sulfato. A Dra. Ilca fala sobre como eliminar esse componente do processo de adubação traz um ganho ambiental:
“Outra observação interessante é que para que o enxofre chegue no formato de sulfato é utilizado o ácido sulfúrico, que é uma substância complicada de trabalhar. Já com o enxofre elementar são os microrganismos que fazem esse trabalho, então a gente tem um ganho ambiental aí também.”
Por que o enxofre elementar micronizado é mais eficiente
O enxofre elementar pode ser utilizado na forma pastilhado ou micronizado. Para a agricultura, o enxofre elementar micronizado demonstra ter mais eficiência que as outras duas.
Na forma pastilhada, ele é misturado a um tipo de argila chamada bentonita. Essa argila é expansiva e tem por objetivo facilitar o contato com os microrganismos para que ocorra a oxidação.
Já o enxofre elementar micronizado é o enxofre transformado em um pó bastante fino. A vantagem dessa forma de utilização é que a distribuição do produto no solo ocorre de forma mais homogênea.
Além disso, um dos fatores importantes para a oxidação é o tamanho da partícula. No caso do enxofre elementar micronizado, o seu tamanho menor garante que haja mais contato com os microrganismos do solo, aumentando e acelerando a taxa de oxidação e disponibilização do produto.
A Dra. Ilca Puertas apresentou dados que demonstram a maior eficiência do enxofre elementar micronizado em relação às outras fontes de enxofre:
“Em 20 dias, a gente já tem 80% do enxofre disponibilizado. Comparando com o MAP, a gente tem menos de 20%. Então a gente tem uma eficiência muito alta do enxofre elementar micronizado em comparação com as outras fontes.”
Uma das preocupações quanto ao uso do enxofre elementar micronizado é que o processo de oxidação libera no solo átomos de hidrogênio, que podem aumentar o nível de acidez. Quanto a isso, a Dra. Ilca garantiu que esta fonte não traz esse problema:
“Se a gente pegar o processo químico [da oxidação], tem a liberação de hidrogênio, o que acidificaria o solo. Mas por causa da concentração menor de enxofre por partícula e por ter uma dispersão mais ampla do produto, a gente elimina a chance de acidificação do solo.”
Além disso, o enxofre elementar micronizado permite que, no uso em fertilizantes compostos com outros nutrientes, como NPK, as quantidades de nitrogênio potássio e fósforo sejam maiores, aumentando a eficiência do produto.
Assim, o enxofre elementar micronizado tem vantagens que fazem o seu uso na agricultura mais eficiente para o fornecimento de enxofre.
BAKS®: fonte de enxofre elementar micronizado e potássio
A Dra Ilca falou ainda do BAKS®, o fertilizante da Verde que é fonte de enxofre, potássio, manganês e silício.
O BAKS® utiliza a MicroS Technology de micronização do enxofre elementar juntamente com o Siltito Glauconítico. Combinadas, essas duas matérias-primas oferecem ao produtor o melhor do enxofre elementar e do potássio.
O Siltito Glauconítico possui propriedades que são muito benéficas ao solo, como a retenção de água e íons no solo, além de também não lixiviar. Segundo a Dra. Ilca, isso favorece a vida microbiana do solo:
“O legal dessa matéria-prima é que ela tem uma capacidade de retenção de água, de íons e isso favorece a vida microbiana no solo – trazendo essa questão da saúde do solo, facilitando a oxidação do enxofre, etc.”
Para saber mais sobre o enxofre elementar micronizado, confira o vídeo do Encontro com Gigantes na íntegra!
Não perca os próximos eventos. Confira toda a programação do Encontro com Gigantes e faça sua inscrição pelo link: https://www.kforte.com.br/encontrocomgigantes/
Dra. Ilca Puertas – Ilca Puertas de Freitas e Silva é Engenheira Agrônoma, formada pela Universidade Estadual de São Paulo (UNESP), de Ilha Solteira. Além disso, é Mestre e Doutora em Agricultura pela UNESP, campus de Botucatu. Atualmente, está terminando o pós-doutorado em Sustentabilidade da Produção, pela Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS), unidade de Cassilândia, onde foi professora contratada. Sua área de experiência é fisiologia e metabolismo de herbicidas, biologia de plantas daninhas, controle químico de plantas daninhas, controle químico de plantas daninhas no sistema de plantio direto e manejo integrado de plantas daninhas.