O controle biológico é uma tendência crescente no agronegócio mundial e que vem sendo impulsionada por diferentes inovações tecnológicas, como os drones. Segundo o professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP), Dr. José Roberto Postali Parra, os drones são um dos principais responsáveis pelo crescimento expressivo da adoção do controle biológico.
Para falar sobre esse assunto, o Engenheiro Agrônomo formado pela ESALQ-USP, fundador e diretor da Sardrones, Gustavo Scarpari participou do “Encontro com Gigantes – O uso de drones como aliado no controle biológico nas lavouras”.
O evento foi promovido pela Verde Agritech, empresa que produz os fertilizantes BAKS®, K Forte® e Silício Forte, no dia 7 de julho de 2022.
Você pode conferir a conversa, mediada por Rafael Bittencourt, na íntegra pelo link:
Qual é a função dos drones na agricultura?
Com o avanço das inovações tecnológicas, os drones têm desempenhado cada vez mais funções na agricultura. Funções estas que vão desde o monitoramento e sensoriamento remoto das lavouras ao controle biológico de pragas.
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Brasil é considerado o líder mundial em tecnologias de controle biológico com drones, uma prática de manejo que já atende mais de 23 milhões de hectares só no país.
O crescente uso dos drones no controle biológico de pragas e doenças é um resultado das diversas vantagens que essa tecnologia trouxe para área, incluindo:
- A substituição dos trabalhos manuais;
- O monitoramento das aplicações;
- O acesso a áreas com restrições;
- A melhor qualidade no controle;
- O alto rendimento.
“Muitas culturas, como a cana-de-açúcar, são de difícil acesso para que as pessoas cheguem até o local da aplicação do agente biológico. E o drone surgiu como um importante recurso para ir onde o avião e o trator não chegam. A pulverização com drones tem muito potencial, principalmente em áreas com restrição de aplicação, já que com eles conseguimos fazer uma distribuição mais homogênea, respeitando os melhores horários e reduzindo as perdas por morte do agente biológico”, completou Gustavo Scarpari.
Para realizar as operações de manejo de controle biológico, os drones podem contar com tanques para armazenamento de insumos e/ou câmeras para a coleta dos dados referentes ao mapeamento aéreo das áreas.
O Engenheiro Agrônomo Gustavo Scarpari cita, por exemplo, que na empresa a qual dirige, diversos dispensers estão sendo projetados com o auxílio de uma impressora 3D para atender as particularidades de cada agente de controle biológico.
Isso porque cada agente biológico tem suas restrições de uso, principalmente de temperatura, que devem ser respeitadas para garantir uma boa eficiência do insumo.
Gustavo Scarpari explicou que, no caso da vespa parasitoide Cotesia flavipes, um dos agentes de controle do controle broca da cana, normalmente essa temperatura limite fica em torno de 30ºC:
“Na cultura da cana-de-açúcar, o rendimento aplicação de Cotesia flavipes, por exemplo, fica em torno 200-300/ha por dia e 4000-5000 ha/mês. E esse rendimento só não é maior porque não aplicamos nos horários mais quentes do dia, que é das 10h-16h, salvo dias nublados e mais frios.”
Como, então, funciona na prática o uso dos drones no manejo do controle biológico?
O uso de drones no controle biológico
De forma geral, o uso de drones no manejo agrícola começa com a etapa de regularização. Se o agricultor optar por terceirizar o serviço de uma empresa, ele apenas deverá observar se ela está em conformidade com todas as exigências legais.
Caso contrário, ele deverá obter todos os documentos necessários para a aquisição e operação dos drones, que são regulados pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). Sendo os principais:
- Cadastro do piloto de drone no DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo);
- Seguro R.E.T.A (Responsabilidade Civil do Explorador ou Transportador Aéreo);
- Homologação na ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações);
- Registro no SISANT (Sistema de Aeronaves Não Tripuladas);
- Análise de risco operacional;
- Manual do drone.
Além disso, Gustavo Scarpari também ressaltou que é importante observar a Regulamentação das atividades agrícolas com drones estabelecida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Uma vez regularizados todos os documentos referentes à aquisição e à operação dos drones, é chegada a hora de planejar o manejo do controle biológico no campo. No caso de contratação de uma empresa terceirizada, Gustavo Scarpari explicou como normalmente é feito esse processo:
“A empresa de drone geralmente não vende o produto e nem define onde o insumo será aplicado. Ela funciona como se fosse uma empresa de aviação agrícola. Então, no primeiro passo o cliente contrata a empresa e ele mesmo compra os agentes biológicos dos laboratórios e define os locais de dispersão. Então, o time da empresa contratada prepara os mapas de voo no escritório, acessa os produtos nas usinas para realizar as aplicações e o cliente valida as áreas trabalhadas, antes de realizar o pagamento.”
Esse modelo de prestação de serviços por drones é um mercado que está em pleno crescimento. Entretanto, segundo Gustavo Scarpari, ainda existem algumas limitações, principalmente tecnológicas, que precisam ser superadas pelas empresas.
É o caso, por exemplo, das baterias dos drones, que possuem baixa durabilidade e, muitas vezes, chegam a ser mais caras que o próprio drone nas operações em larga escala.
Tendo em vista essa limitação, Gustavo Scarpari concluiu que grande parte dos avanços do setor de drones estarão centradas em novas tecnologias, como:
- A evolução das baterias;
- A criação de novos dispensers;
- O desenvolvimento dos drones a combustão;
- O aumento da capacidade dos drones pulverizadores.
Para entender mais sobre o uso de drones no controle biológico nas lavouras, confira o vídeo do Encontro com Gigantes na íntegra!
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