Descubra como avaliar efetivamente os teores de potássio do solo

Descubra como avaliar efetivamente os teores de potássio do solo

Você sabia que as análises laboratoriais brasileiras de rotina, na maioria das vezes, não conseguem quantificar a real disponibilidade de potássio nos solos? Isso acontece porque os métodos de análise de solo mais utilizados, geralmente, não se adequam ao objetivo da análise e às diferentes condições de solo e manejo encontradas nos sistemas de produção. Mas, como é possível alcançar a avaliação efetiva dos teores de potássio do solo?

Para falar sobre o assunto, a Verde convidou a Doutora pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP), Dra. Rafaela Santos, para o “Encontro com Gigantes – Estado da arte da análise de potássio no solo”.

O evento foi promovido pela Verde, empresa que produz os fertilizantes BAKS®, K Forte® e Silício Forte, no dia 7 de outubro de 2021.

Você pode conferir a conversa, mediada por Carla Pelizari, na íntegra pelo link:

 

A importância da análise de potássio para as plantas

O potássio é um macronutriente primário, sendo o segundo ou até mesmo primeiro nutriente mais requerido pelas plantas, principalmente durante a fase reprodutiva. Tal demanda é um reflexo direto das diversas funções que ele desempenha na planta, sendo responsável pelo(a):

  • Incremento de nodulação em leguminosas;
  • Resistência a estresses bióticos e abióticos;
  • Qualidade do produto agrícola;
  • Ativação de mais 60 enzimas;
  • Enchimento de grãos.

Parte dessas funções são uma consequência direta da sua alta mobilidade das plantas.  Essa característica também fornece indícios para a identificação dos sintomas de deficiência de potássio nas plantas, como explica a Dra. Rafaela Santos:

“O potássio apresenta uma alta mobilidade, por isso ele consegue levar os produtos da fotossíntese, como os carboidratos, para várias partes da planta. Ao mesmo tempo, como ele tem uma alta mobilidade, os sintomas de deficiência serão observados nas partes mais velhas da planta, já que o potássio será alocado para as partes mais novas da planta.”

O surgimento de sintomas de deficiência de potássio ainda acaba sendo uma situação corriqueira para muitos agricultores brasileiros.

A Dra. Rafaela Santos explicou que os solos do país, no geral, apresentam carência de potássio e baixa capacidade troca catiônica (CTC) do solo diminuindo a capacidade de retenção de nutrientes catiônicos como o potássio (K+).

Essas condições dos solos brasileiros acabam levando a uma maior dependência da utilização de fontes de nutrientes externos para suprir as necessidades de potássio na agricultura.

“O potássio em fertilizantes serve para reabastecer tanto a solução, quanto outros ‘reservatórios’ de potássio do solo, dependendo da fonte utilizada. Já o potássio proveniente dos resíduos de culturas é disponibilizado através da secagem, a queima ou a ação dos microrganismos do solo

Entretanto, definir o melhor momento para aplicação e as dosagens adequadas de potássio na lavoura, de forma a fornecer uma nutrição adequada e evitar o surgimento de sintomas de deficiência, ainda não é uma tarefa fácil.

Os desafios da análise de potássio nos solos brasileiros

Apesar da análise de potássio nos solos brasileiros ser uma importante ferramenta no manejo nutricional das culturas, elas ainda são conduzidas de forma ineficaz no país.

Segundo a Dra. Rafaela Santos, isso é um reflexo da falta do conhecimento aprofundado sobre os diferentes extratores utilizados nos métodos de análise de solo e de um objetivo claro para a análise:

“O Mehlich e a resina são os extratores mais utilizados no Brasil para análise de potássio no solo. Porém, essas análises com esses extratores não demostram o real estado da concentração de potássio nos nossos solos. Então, as análises de solo para potássio feitas atualmente aqui no Brasil não são suficientes, na maioria das vezes, para compreender a dinâmica do potássio com o solo-planta-produtividade”

Os extratores são soluções químicas que possuem a capacidade de solubilizar os nutrientes presentes nas amostras de solo de forma a simular o que as culturas seriam capazes de extrair do solo durante seu desenvolvimento.

Somente o livro Improving Potassium Recommendations for Agricultural Crops, cita mais de 15 tipos de extratores que vem sendo estudados e utilizados nas análises de solo.

Contudo, as culturas não extraem o potássio de apenas uma fração do solo. O solo apresenta diferentes “reservatórios” de potássio, de acordo com a velocidade da disponibilidade para a planta.

E é a falta de entendimento de qual fração do solo a ser analisada que tem levado a ineficiente avaliação do real estado de fertilidade do solo, como destacou a Dra. Rafaela Santos:

“Para escolher o método ideal, nós precisamos pensar primeiramente qual o objetivo da análise. Porque não adianta tentar usar um método para analisar o potássio na solução do solo, como Mehlich e resina, se foi aplicado uma fonte de liberação gradual, por exemplo. Nós vamos achar que o fertilizante aplicado veio com algum defeito, mas na verdade foi utilizado o método errado para análise do solo.”

Além disso, a própria coleta e preparação de amostras do solo também pode afetar a precisão com a qual as amostras de solo refletem o estado de fertilidade no campo. A Dra. Rafaela Santos citou, por exemplo, como a umidade da amostra pode influenciar nos teores de potássio das análises.

Como, então, é possível avaliar efetivamente os teores de potássio do solo?

Como avaliar a disponibilidade de potássio no solo?

A Dra. Rafaela Santos recomenda que a escolha do melhor método de análise de potássio no solo começa com o conhecimento dos diferentes extratores que são utilizados. Cada extrator terá um uso específico dependendo da capacidade de extração do potássio dos diferentes “reservatório” do solo, sendo eles:

  • O potássio disponível na solução do solo;
  • O potássio adsorvido na superfície das partículas do solo, denominado K-Trocável;
  • O potássio integrante da rede cristalina dos minerais do solo, denominado K-Não Trocável;
  • O potássio fortemente retido entre as unidades cristalográficas dos minerais, denominado K-Fixado.

“Para avaliação de K-trocável, por exemplo, utiliza-se muito extratores que possuem o cátion amônio, porque esse íon tem tamanho carga e energia de hidratação muito semelhantes ao íon de potássio (K+). Com isso, ele tem sido preferido como o cátion com maior probabilidade de substituir e extrair o potássio adsorvido no solo.”

A Dra. Rafaela Santos também destacou que, quando se fala em análise de solo, não existe um método certo ou errado, cada cenário vai ter um método mais adequado para ser utilizado. E por fim, concluiu:

“É preciso que os métodos de análise de solo estejam em constante evolução, a fim de serem cada vez mais precisos e assertivos para se adequar às diferentes condições de solo e manejo encontradas.”

Para entender mais sobre como funciona e a importância da análise de potássio no solo, confira o vídeo do Encontro com Gigantes na íntegra!

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