Na citricultura, diversas são as pragas que ameaçam a cultura de forma direta ou indireta. Enquanto insetos como a Mosca das Frutas inviabilizam o consumo dos frutos, os psilídeos se tornam vetores da doença considerada a maior ameaça à cultura de críticos no mundo, o Greening.
Para falar sobre esse assunto, o professor responsável pela área de Manejo Integrado de Pragas do Departamento de Entomologia e Acarologia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP), Prof. Pedro Yamamoto, participou do “Encontro com Gigantes – Manejo integrado de pragas dos citros”.
O evento foi promovido pela Verde, empresa que produz os fertilizantes BAKS, K Forte®, K Forte Boro e Silício Forte, no dia 22 de abril de 2021.
Você pode conferir a conversa, mediada por Rodrigo Mac Leod, na íntegra pelo link:
As pragas dos citros
A citricultura é uma atividade de grande relevância para o agronegócio brasileiro. Com quase 3 milhões de hectares destinados à atividade, o Brasil detém a liderança mundial do mercado, segundo a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg).
Porém, a atividade passou encontrar cada vez mais dificuldades para combater de pragas e doenças, em decorrência da crescente utilização de inseticidas. O Prof. Pedro Yamamoto atribuiu esse novo cenário de desafios a dois marcos principais, que ocorreram em 1987 e 2004:
“O primeiro evento de 1987 foi a descoberta da Clorose Variegada dos Citros (CVC), conhecida como ‘amarelinho’, no estado de São Paulo, e posteriormente a sua relação com as cigarrinhas, o que aumentou o número de inseticidas para combater esse inseto vetor da doença. Já em 2004, foi constatado o Greening, aumentando ainda mais o número e aplicações de inseticidas para o controle dos psilídeos.”
O controle excessivo das pragas com inseticidas gerou um desequilíbrio nos agroecossistemas, fazendo com que outras pragas ganhassem também destaque como:
- Cochonilha Escama-Farinha;
- Ácaro Purpúreo;
- Ácaro Texano;
- Lagartas.
O Prof. Pedro Yamamoto explicou que o maior problema dessas pragas está no fato de que elas são vetores de muitos fitopatógenos que acometem os citros. Para que uma doença como o Greening, também conhecido como Huanglonbing (HLB), se estabeleça são necessários 3 fatores: o hospedeiro (planta), vetor (praga) e o patógeno (microrganismo).
Além da doença precisar dos 3 fatores para se estabelecer na cultura, eles são muito dependentes de encontrar condições ideais para o seu desenvolvimento, sendo os fatores climáticos o principal limitador do desenvolvimento dos vetores ou dos patógenos.
“As regiões mais marginais do Brasil não são muito adequadas para o desenvolvimento nem do psilídeo, nem da bactéria. Isso faz com que a incidência de Greening no norte e no sul do país sejam menores.”
Um dos sintomas do Greening é o mosqueado amarelado nas folhas, também sendo recorrente o enfezamento da planta, clorose, deformação de frutos e abortamento das sementes.
(Fonte: Embrapa)
Com cada vez menos inseticidas efetivos para o controle de pragas e doneças, o Manejo Integrado de Pragas (MIP) passa a ser a melhor alternativa dos agricultores para superar o desafio do setor. Como então fazer Manejo Integrado de Pragas dos citros?
Manejo Integrado de Pragas dos citros
Segundo o Prof. Pedro Yamamoto, no futuro é previsto que 70% do controle de pragas será feito utilizando ferramentas não-químicas, com destaque para o controle biológico nesse cenário.
O controle biológico consiste na utilização de outros organismos para diminuir a população de pragas. Na citricultura, já existem algumas biofábricas para a produção de parasitoides e predadores, como:
- Tamarixia radiata: controle de psilídeos;
- Fudencitrus gravena: controle do minador dos citros;
- Iphiseiodes zuluagai e Euseius sp.: controle de ácaros;
- Trichogramma Hymenochaonia sp.: controle do furão dos citros;
- Ceratitis capitata: controle da mosca das frutas.
Para entender o melhor momento para a utilização do controle biológico, como qualquer outra forma de manejo de pragas, o processo deve ser iniciado com a realização do levantamento e monitoramento populacional.
Com isso, a programação e preparação do controle se tornam mais assertivas, sendo possível optar pelo conjunto de ações mais efetivas para realizar o controle populacional do inseto praga. Mas, porque os citricultores ainda não obtêm uma boa eficiência de controle nas lavouras?
O controle de pragas deve ir além das propriedades
Segundo Prof. Pedro Yamamoto, o maior erro ainda cometido pelos citricultores está em manter o controle das pragas limitados a área da propriedade. Ele explica que é preciso fazer um trabalho cooperativo dentro e fora da propriedade, buscando plantar mudas sadias, eliminar plantas doentes e controlar as pragas.
Além disso, geralmente as bordas da lavoura são as regiões mais comprometidas, sendo recomendado um alinhamento de plantio diferenciado na bordadura do restante da lavoura, para facilitar a identificação, controle e aplicação das pulverizações.
Com passar dos anos essas pulverizações com produtos químicos passaram a se tornar cada vez menos efetivas, pela pouca variedade de produtos disponíveis no mercado e a falta rotação deles durante o programa de controle.
Por isso, cada vez mais o agricultor deve investir em outras formas de manejo para garantir uma citricultura mais sustentável.
Para entender mais sobre o manejo integrado de pragas dos citros, confira o vídeo do Encontro com Gigantes na íntegra!
Não perca os próximos eventos. Confira toda a programação do Encontro com Gigantes e faça sua inscrição pelo link: Encontro com Gigantes