Com a limitação da expansão de novas áreas para cultivo, o grande desafio da agricultura do século XXI é produzir cada vez mais com menos. E para isso, a tecnologia está em constante evolução no campo, trazendo os drones, veículos autônomos e diversos outros avanços que estão construindo o futuro da produtividade com a agricultura 4.0
Então, como essa base tecnológica foi construída? Quais as tecnologias que já são realidade no campo? Quais são as perspectivas do futuro do setor?
Para responder a essas questões, o Engenheiro Agrônomo, doutorando em Entomologia pela ESALQ/USP e produtor de conteúdo digital, Fernando Iost, participou do “Encontro com Gigantes – Agricultura 4.0: como usar ferramentas inovadoras para melhorar a produtividade da lavoura?”.
O evento foi promovido pela Verde, empresa que produz os fertilizantes multinutrientes BAKS, K Forte®, K Forte Boro e Silício Forte, no dia 18 de fevereiro de 2021.
Você pode conferir a conversa, mediada por Rodrigo Mac Leod, na íntegra pelo link:
De onde surgiu a agricultura 4.0
Toda a inovação e o aporte tecnológico que vivemos hoje na agricultura teve origem nas recorrentes revoluções agrícolas, iniciadas há 12 mil anos, com a domesticação de plantas e animais pelos egípcios. E foram essas sucessivas revoluções inovadoras que construíram esse cenário atual, conforme evidenciado por Fernando Iost:
“Seria demagogia e até certa prepotência da nossa parte falar que só agora estamos vendo uma agricultura inovadora, disruptiva. Temos que olhar para trás para entender como chegamos aqui e perceber que isso se deu através da inovação, através da revolução.”
O processo de urbanização das civilizações foi um forte propulsor para que novos conhecimentos e tecnologias se desenvolvessem, a fim de suprir as crescentes demandas alimentos. Demandas, aliás, que ainda são uma realidade atual.
Todo esse desenvolvimento não impediu que a agricultura contemporânea se utilizasse de tecnologias mais antigas, conforme evidencia Iost. O conceito da rotação de culturas da 2ª Revolução Agrícola e a intensa mecanização presente na 3ª Revolução Agrícola são bons exemplos nesse cenário.
Fernando mostra que também ocorreu um processo inverso nesse desenvolvimento da agricultura: com o aumento da produtividade no campo, as cidades foram forçadas repensar todo o sistema de comercialização, armazenamento e distribuição dos alimentos. Ele traz o exemplo do Brasil para ilustrar esse movimento:
“Ainda hoje, quando pensamos no Brasil, vemos essa necessidade de melhoria da infraestrutura de transporte e armazenamento de grãos, que já tinha sido identificada pelos europeus há aproximadamente 300 anos atrás.”
Os incrementos de produtividade com passar dos séculos não tiveram apenas repercussões positivas. Fernando Iost menciona que os problemas presentes na agricultura moderna são apenas um reflexo desse sistema que foi sendo moldado e aprimorado.
Cabe agora à 4ª Revolução Agrícola, que já está em pleno desenvolvimento, buscar estratégias capazes de mitigar os efeitos do modelo latifundiário intensivo que veio sendo construído nos últimos anos. Além disso, essa revolução tem o potencial de continuar gerando incrementos expressivos na produtividade através da agricultura 4.0.
As tendências da agricultura 4.0
A agricultura 4.0, também chamada de agricultura digital, tem sua tomada de decisão orientada pela coleta, processamento e análise de dados. Por gerar um alto volume de informações, entender o objetivo de utilização é essencial, conforme evidencia Iost:
“Ter muitos dados, não quer dizer que todas essas informações serão utilizadas para tomada de decisão. Somente parte dela terá real valor, desde que sejam comprovadamente eficientes e confiáveis para tomada de decisão”
Dentro da agricultura 4.0, existem uma série de ferramentas para coleta, processamento e análise das informações. Essas ferramentas são complementares umas às outras, potencializando e diversificando a utilização da tecnologia. Dentre elas, Fernando Iost destaca a agricultura de precisão:
“A agricultura de precisão é uma ciência dentro da agricultura 4.0, que estuda um sistema de gerenciamento agrícola que considera as peculiaridades de cada ponto dentro de uma propriedade. De forma simplificada, é tratar igual o que é igual e diferente o que é diferente.”
Essa ciência tem permitido que o manejo seja cada vez mais assertivo e eficiente, já que estudos recentes da EMBRAPA evidenciaram, em 2020, uma redução de 45% no uso de inseticidas com o Manejo de Pragas de Precisão (MPP).
O MPP em sistemas abertos de cultivo usa como base da sua operação o sensoriamento e atuação dos drones, ou, na terminologia técnica: Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs). Fernando Iost explica como essa tecnologia funciona:
“O estresse induzido por pragas e doenças interfere diretamente na fotossíntese, gerando alterações na estrutura física e química da planta. Essas alterações fazem com que a absorção de energia solar seja alterada, gerando diferenças entre a energia absorvida e refletida, e será nesse ponto que os sensores atuam. Eles tentam detectar locais da lavoura com alteração no espectro de refletância.”
O uso dos VANTs, ainda que em alta nesse contexto do sensoriamento remoto, não descarta a alternativa das imagens de satélite. Fernando Iost menciona que a escolha da tecnologia deve ser orientada de acordo com o objetivo final. Isso porque ambas apresentam prós e contras, como a riqueza de detalhes do drone e a maior cobertura de área dos satélites.
O futuro da agricultura 4.0
Mesmo com o grande aporte tecnológico na agricultura 4.0, o objetivo das ferramentas inovadoras que ela traz continua sendo o mesmo de todas as revoluções agrícolas. Isto é, melhorar a produtividade através de um melhor controle nutricional, hídrico e da sanidade vegetal .
Ainda que possa soar como algo distante em um primeiro momento, o futuro trazido pela agricultura 4.0 já chegou. Prova disso é que quase 70% das propriedades brasileiras utiliza algum tipo de tecnologia na agricultura, em etapas que vão do planejamento até o final da comercialização.
Nesse sentido, Ferando Iost chama a atenção para a ferramenta que ele considera a mais inovadora:
“O celular talvez seja a ferramenta mais inovadora na agricultura 4.0, porque com o aparelho na mão o produtor vai ter toda a informação da sua lavoura. Então basta ele buscar utilizar essa ferramenta da maneira mais simples e assertiva para sua realidade, para já estar no mundo da agricultura 4.0”
Para conhecer mais sobre agricultura 4.0, confira o vídeo do Encontro com Gigantes na íntegra!
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