Com potencial para desfolhar um eucalipto adulto em uma noite e distribuídas amplamente por todo o continente americano, as formigas cortadeiras no eucalipto tem causado uma série de prejuízos agrícolas.
Para falar sobre esse assunto, o Doutor em Entomologia e pesquisador de pós-doutorado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP), Dr. Fernando Ribeiro Sujimoto, participou do “Encontro com Gigantes – Controle de formiga-cortadeira no eucalipto”.
O evento foi promovido pela Verde, empresa que produz os fertilizantes BAKS, K Forte®, K Forte Boro e Silício Forte, no dia 01 de abril de 2021.
Você pode conferir a conversa, mediada por Fernanda Santos, na íntegra pelo link:
A ecologia das formigas cortadeiras
As formigas cortadeiras são insetos sociais representados por dois grandes gêneros: Atta e Acromyrmex, conhecidos popularmente como saúvas e quenquéns respectivamente. Segundo o Dr. Fernando Ribeiro, elas dependem da sua relação com os demais indivíduos da colônia para garantir a sobrevivência:
“A formiga cortadeira é um representante dentro do grupo dos insetos sociais, ou seja, as formigas dependem da interação com os outros indivíduos. Todas as atividades e interações que elas fazem dentro e fora do ninho são a favor da sobrevivência em grupo, que nós chamamos de colônia.”
Essas colônias são formadas com a revoada das formigas rainhas de outros formigueiros já maduros, que darão início a um novo ninho. Em seus meses iniciais, esses ninhos não passam de meio metro dentro do solo e vão ganhando profundidade e ramificações com o passar dos anos.
As rainhas dão origem a operárias fêmeas, que se dividem em duas castas principais:
- Operárias menores: compostas por formigas jardineiras e generalistas que cuidam das atividades internas do ninho;
- Operárias maiores: compostas por formigas forrageiras e soldados responsáveis pelas atividades internas e externas do ninho.
O Dr. Fernando Ribeiro explicou que o entendimento dessa divisão de castas e da arquitetura do ninho tornam-se as principais ferramentas para que sejam desenvolvidos os métodos de controle da espécie:
“Quando entendemos essa dinâmica biológica e ecológica dessas colônias, tanto de eucalipto, pinus, ou qualquer outra cultura agrícola que esteja sob ataque das formigas cortadeiras, nós conseguimos controlar melhor.”
Porém com o baixo número de pesquisas na área, o controle químico ainda é a alternativa mais eficiente considerando as características estruturais da arquitetura do ninho. Isso porque os ninhos maduros podem chegar a até 8 metros de profundidade e podendo ganhar entre 20 e 50 câmaras de fungos, o que inviabilizaria o controle mecânico.
O controle químico das formigas cortadeiras no eucalipto
O controle químico se inicia com a identificação dos insetos pragas a um nível que cause prejuízos econômico, seguido da identificação da fase de desenvolvimento que o eucalipto se encontra.
Segundo o Dr. Fernando Ribeiro, a identificação das formigas cortadeiras no eucalipto pode ser feita observando-se os danos do particular corte em meia-lua ou semicírculo realizado pelo inseto na planta ou ainda com a presença de trilhas ou carreiros nos talhões.
Após essa etapa, o controle é planejado e executado de diferentes formas de acordo com o estágio de desenvolvimento do eucalipto, sendo dividido em
- Pré-corte raso;
- Pré-plantio;
- Pós-plantio;
- Manutenção
Dos 4 diferentes momentos de controle, o pré-plantio é aquele que requer maior atenção. De acordo com o Dr. Fernando Ribeiro, a muda ainda não vai ter desenvolvido completamente todos os mecanismos bioquímicos ou mesofísicos, como tricomas, ceras e taninos, que vão servir para defender a planta contra ataques de herbívoros:
“De todas as etapas da fenologia do crescimento dos plantios florestais, as mudas serão as mais suscetíveis aos danos causados pelas formigas cortadeiras no eucalipto. Isso envolve diversos motivos, como a altura da planta, que vai estar mais baixa e acessível as formigas ou ainda ineficiência ou falta de defesas naturais pelo recém-transplante das mudas dos viveiros, quando comparadas as árvores maduras.”
Como as formigas almejam o corte da parte foliar para cultivar o fungo presente no ninho que compõe parte da sua dieta, a planta vai sofrendo durante todo o ciclo florestal com uma redução do potencial produtivo de madeira, que culmina na perda de valor agregado final.
Considerando todo o potencial de perdas em decorrência do ataque dessas pragas e com métodos de controle alternativos ainda muito dependentes de diversos fatores, como o grupo e idade das formigas e o tamanho da área, ainda é requerida uma ênfase muito maior no controle químico, em especial as iscas granuladas.
As iscas granuladas e o potencial dos outros métodos de controle das formigas cortadeiras no eucalipto
Distribuídas de forma localizada ou sistemática, as iscas granuladas a base de sulfluramida ou fipronil possuem atrativos que fazem com que as formigas carreguem o composto para dentro dos ninhos. Lá dentro, elas acabam indiretamente com a colônia, através a morte da principal fonte de alimentos: os fungos cultivados.
Porém o Dr. Fernando Ribeiro alertou que esse método químico possui uma série de cuidados que devem ser tomados, a fim de garantir a sua boa efetividade com a observação de fatores como: umidade, temperatura, tratos culturais e uso de Equipamentos de Proteção Individual. Além disso, é importante observar a integração de todos os outros fatores que compõe o Manejo Integrado de Pragas:
“Há todo um trato silvicultural que deve ser levado em consideração para auxiliar não somente no controle químico, mas como também para prevenir o desenvolvimento dos ninhos. Acredito que é uma somatória de tratos silviculturais, manejo da cultura como um todo considerando a formiga cortadeira como um fator integrante da área”
Para entender mais sobre o controle das formigas cortadeiras no eucalipto, confira o vídeo do Encontro com Gigantes na íntegra!
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