A adubação foliar é uma técnica que auxilia no fornecimento de micronutrientes em épocas de altas demandas pelas plantas e para melhorar o aproveitamento dos fertilizantes aplicados no solo. Mas é preciso ter em mente alguns princípios antes de usar a adubação foliar, como o equilíbrio nutricional.
Para falar sobre essas questões, o Dr. Valter Casarin, Doutor em Ciência do Solo pela École Supérieure Agronomique de Montpellier (França) e professor na ESALQ/USP participou do “Encontro com Gigantes – Adubação Foliar: o ‘ajuste fino’ da nutrição de plantas”.
O evento foi promovido pela Verde, empresa que produz os fertilizantes Silício Forte® e K Forte ®, no dia 17 de junho de 2020.
Você pode conferir a conversa, mediada por Cristiano Veloso, na íntegra pelo link:
O segredo para uma lavoura com altos índices de produtividades está no tripé composto pela nutrição de plantas, a resistência a pragas e doenças e o controle do estresse hídrico. Desses três fatores, no entanto, a nutrição adequada das plantas é que faz com que os outros dois se sustentem.
“A nutrição de plantas é o principal fator para que nós possamos buscar a alta produtividade”, afirma o Doutor em Ciência do Solo e professor da ESALQ/USP, Valter Casarin. Os nutrientes participam de todos os processos biológicos das plantas, sendo responsáveis pelo seu desenvolvimento adequado e, em consequência, uma produtividade mais elevada.
Um dos equívocos em relação à nutrição das plantas, segundo o Dr. Valter, está na ideia de que para realizar uma boa nutrição é preciso fornecer sempre grandes quantidades de adubo para suprir as necessidades das plantas. Ele explica que uma boa nutrição é feita com base no equilíbrio necessário dos nutrientes fornecidos:
“Equilíbrio nutricional é aquilo que faz com que uma planta possa ter o seu desenvolvimento adequado. Nutrir bem não significa adubar mais. A partir do momento em que você começa a adubar demais você pode afetar outros nutrientes do solo e prejudicar o desenvolvimento das plantas.”
Dentro da nutrição vegetal, é comum separar os nutrientes em categorias como macronutrientes primários (nitrogênio, fósforo e potássio), macronutrientes secundários (cálcio, magnésio e enxofre), e micronutrientes (boro, ferro, zinco, níquel, manganês, cobre, molibidênio e cloro). Entretanto, o Dr. Valter Casarin tem críticas a essa divisão:
“Nós não devíamos identificar os nutrientes entre macronutrientes, micronutrientes, e sim classificá-los de acordo com as suas funções nas plantas. Às vezes o ‘micro’ dá uma conotação de pouca importância, mas eles são nutrientes muito importantes.”
Essa mudança de pensamento, explica ele, ajuda a compreender melhor a necessidade do equilíbrio na hora de realizar a adubação. Por exemplo, o excesso de nitrogênio interfere na ação do boro (responsável pela síntese de amido e translocação de açúcar nas plantas) e do cobre (componente essencial de enzimas, especialmente da clorofila).
Ao fornecer muito nitrogênio na tentativa de corrigir uma deficiência, o produtor pode, então, acabar prejudicando mais do que ajudando. É preciso que o planejamento nutricional leve em consideração todas as necessidades da planta, o que exige análises mais amplas e profundas.
Os solos, de maneira geral, são mais deficientes em micronutrientes. Isso acontece por vários fatores, desde causas naturais, como condições climáticas, parâmetros de pH, como pela adubação com macronutrientes em excesso. A adubação foliar é uma técnica que ajuda a corrigir essa deficiência de micronutrientes.
Ela consiste na aplicação dos nutrientes em soluções em suspensões diretamente na parte aérea das plantas. Esse tipo de aplicação é útil para driblar alguns dos problemas ligados à absorção dos micronutrientes do solo pelas raízes, já que é mais direto. Entretanto, o Dr. Valter Casarin alerta que ela não deve ser a única fonte de adubação da lavoura:
“A adubação foliar é um complemento da adubação via solo. Ela não pode ser utilizada como única forma de nutrição de micronutrientes. O micro tem que ser fornecido para o solo, porque a nutrição da planta é feita pelas raízes.”
Um dos desafios da adubação foliar é em relação ao seu alto custo. Por isso, ela geralmente é feita em conjunto com a aplicação de outros insumos fitossanitários. O Dr. Valter também alerta para a necessidade de o produtor estar atento à qualidade dos fertilizantes utilizados nesse método: “Às vezes tem empresas que fazem produtos mais baratos, mas que não têm muita qualidade”.
Outro cuidado que deve ser tomado, segundo Valter Casarin, é para que não haja o excesso na hora da aplicação. Ele explica que não é toda a quantidade de produto utilizado que será absorvido pela planta, em razão de fatores biológicos próprios das plantas e que grandes quantidades de fertilizantes aplicados em adubação foliar podem causar problemas de fitotoxidez nas plantas.
Uma visão mais abrangente de todas as necessidades nutricionais da lavoura, com um planejamento adequado de manejo e o uso de técnicas como a adubação foliar, feita com precisão e qualidade, são ferramentas para que as plantas se desenvolvam adequadamente. A consequência é o aumento da produtividade, tão almejada pelos produtores.
Não perca os próximos eventos! Confira toda a programação do Encontro com Gigantes e faça sua inscrição pelo link:
https://www.kforte.com.br/encontrocomgigantes/