A adubação é uma prática essencial para manter os níveis de produtividade e qualidade das culturas. Isso não é diferente com a soja, em especial no contexto brasileiro, país cujos solos são geralmente pobres em nutrientes como fósforo e potássio. Entenda como a adubação com fósforo e potássio pode favorecer a produção e a qualidade das sementes de soja.
Quais são as funções do fósforo e do potássio nas plantas?
O potássio e o fósforo, juntamente com o nitrogênio, compõem o grupo dos chamados macronutrientes primários.
Também chamados de NPK, esses nutrientes que, além de serem essenciais para as plantas, são requeridos em grandes quantidades por elas durante o seu desenvolvimento. Isso acontece por causa das funções essenciais que eles exercem no metabolismo e fisiologia vegetal.
Quando falamos das funções do potássio no ciclo de crescimento e no desenvolvimento das plantas, podemos destacar:
- A ativação de enzimas;
- A síntese proteica;
- O crescimento celular;
- A amenização dos estresses abióticos, como secas e geadas e também bióticos, que incluem pragas e doenças.
Já o fósforo faz parte da principal molécula de armazenamento de energia das células dos seres vivos, a adenosina trifosfato (ATP), e está relacionado às substâncias de transferência de energia das células das plantas, como o amido, a glicose e a sacarose. Além disso, ele ainda está ligado a outros processos, tais como:
- O controle hormonal para o crescimento das plantas;
- O auxílio na síntese de ácidos nucléicos;
- A ativação e desativação de enzimas;
- Atuação na fixação de nitrogênio;
- Interferência na produção de frutos e sementes.
Mas, como esses nutrientes se relacionam com a produção e a qualidade das sementes da soja?
A influência da adubação com potássio e fósforo na soja
Em razão das funções nas quais ele está envolvido, o potássio é um nutriente que está intimamente ligado com o rendimento de grãos, matéria seca e altura da soja.
Esses parâmetros influenciam na qualidade e rentabilidade das lavouras de soja: por exemplo, o maior rendimento dos grãos proporciona um maior retorno financeiro do investimento. Já a maior altura das plantas favorece a eficiência da colheita mecânica.
O pesquisador Tuneo Sediyama afirma, no livro Melhoramento Genético da Soja, que uma colheita mais eficiente da soja é obtida quando a altura das plantas fica em torno de 70 a 80 cm.
Já Vitor Antigo e outros pesquisadores, no artigo Avaliação de parâmetros agronômicos da cultura soja em resposta a diferentes doses de adubação potássica, apontaram que a adubação potássica teve uma influência positiva na:
- Produtividade: com incrementos de até 31%;
- Matéria seca: com incrementos de até 26%;
- Altura das plantas: alcançando até 92 cm.
Média da produtividade (PROD), massa seca da parte aérea (MSPA) e altura de planta (AP) de soja sobre diferentes dosagens de adubação potássica (T2, T3 e T4) sendo o tratamento 1 (T1) a testemunha.
(Fonte: ANTIGO, 2020)
Já a deficiência de fósforo em leguminosas, família à qual pertence a soja, pode diminuir o potencial de rendimento da lavoura em razão da menor produção de flores e de vagens, maior taxa de aborto destas estruturas e pela produção de sementes com menor massa.
É o que apontam diversos trabalhos, como o do pesquisador Luis Alberto Ventimiglia e seus colegas, no artigo Potencial de rendimento da soja em razão da disponibilidade de fósforo no solo e dos espaçamentos.
E também o artigo Adubação fosfatada, componentes de produção, produtividade e qualidade fisiológica em sementes de feijão, de Claudemir Zucareli, também em colaboração com outros estudiosos.
Assim, a adubação com fósforo e potássio é uma prática essencial para favorecer a produção e a qualidade das sementes da soja, bem como a qualidade e produtividade da lavoura de maneira geral.
No caso dos solos brasileiros, isso é especialmente relevante. Isso porque, de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no estudo Aspectos relacionados ao mapeamento da disponibilidade de potássio nos solos do Brasil, a maior parte dos solos brasileiros tem baixa disponibilidade de potássio.
Quando se fala em fósforo, Juliano Corulli Corrêa e outros pesquisadores, no artigo Fósforo no solo e desenvolvimento de soja influenciados pela adubação fosfatada e cobertura vegetal, esse nutriente é o mais limitante da produtividade de biomassa em solos tropicais e que os solos do Brasil são carentes de fósforo.
Nesse sentido, os ganhos de produtividade, tanto de grãos quanto de sementes de soja, estão intimamente relacionados à adubação fosfatada: em solos mais pobres nesse nutriente, a probabilidade de respostas mais altas à adubação será maior.
É o que destaca o Dr. Felipe Batistella Filho, em seu trabalho Adubação com fósforo e potássio para produção e qualidade de sementes de soja.
Mas, como o agricultor pode otimizar e potencializar a adubação com fósforo e potássio?
Práticas que podem potencializar a adubação com fósforo e potássio
O primeiro passo para otimizar e potencializar a adubação com fósforo e potássio na soja e assim melhorar a produção e a qualidade das sementes é entender as necessidades da cultura e do solo.
Para isso, o uso de análises de solo adequadas, que possibilitem ao agricultor uma compreensão holística do solo e dos nutrientes presentes nele é uma ferramenta muito importante.
Quanto às necessidades da cultura, é preciso avaliar os resultados da análise de solo, bem como da cultivar de soja utilizada e da expectativa de produtividade e, a partir desses dados, tomar decisões assertivas.
Entretanto, no caso do potássio, Osmar Comte, pesquisador da Embrapa, afirma que a demanda média da cultura da soja é de 38Kg de K2O para cada tonelada de grãos. Já para o fósforo, ainda segundo a Embrapa, a necessidade fica em torno dos 15Kg de P2O5.
Necessidades nutricionais da cultura da soja. (Fonte: Embrapa, 2013)
Além disso, o agricultor precisa escolher bem as fontes de nutrientes utilizadas no seu manejo nutricional.
No caso do potássio, o uso de fertilizantes com alta solubilidade em água, a exemplo do Cloreto de Potássio (KCl) nem sempre é vantajoso.
Isso porque essas fontes disponibilizam os nutrientes muito rapidamente, podendo causar a ocorrência do excesso de potássio no solo e também tornando-as mais suscetíveis à lixiviação.
Esse fenômeno faz com que os nutrientes se percam para as camadas mais profundas do solo, tornando o manejo menos otimizado. Nesse sentido, o uso de fontes de potássio de liberação gradual pode ser vantajoso, já que essas fontes são menos sujeitas à lixiviação e ainda possuem efeito residual duradouro no solo.
Já no caso do fósforo, as características desse nutriente fazem com que ele tenha mais dificuldade de ser disponibilizado para as plantas. Nesse sentido, o uso de microrganismos para melhorar a disponibilização do fósforo tem sido uma estratégia que vem ganhando destaque.
É o caso da rizobactéria Bacillus aryabhattai, que produz diferentes ácidos orgânicos que promovem a disponibilização do fósforo, a saber:
- O ácido oxálico;
- O ácido malônico;
- O ácido acético,
- O ácido cítrico
- O ácido succínico.
Além disso, o Bacillus aryabhattai age no metabolismo vegetal, contribuindo para a produção de compostos que também melhoram a disponibilização desse importante nutriente, como o hormônio vegetal ácido indolacético (AIA), as enzimas fosfatases, e os sideróforos.
Estudos também têm relacionado a adubação com silício à melhoria da disponibilização do fósforo, mesmo não havendo consenso sobre o silício considerado um nutriente essencial para as plantas. Isso em razão das interações do silício com o fósforo no solo.
As interações positivas do fósforo e do silício favorecem a adubação fosfatada.
Assim, com a observação dessas boas práticas, o agricultor pode otimizar a adubação com potássio e fósforo e potencializar a produtividade e a qualidade da soja, seja na produção de sementes ou de grãos.
Estar atento à nutrição vegetal é a chave para o sucesso da lavoura
Em síntese, a atenção à nutrição vegetal é essencial para o sucesso da lavoura. Considerando a importância de nutrientes como o fósforo e o potássio, e também a pouca disponibilidade deles nos solos brasileiros, o cuidado com a adubação pode favorecer as culturas, a exemplo da soja.
Nesse sentido, o agricultor pode otimizar a nutrição com potássio e fósforo através de boas práticas, que incluem o bom conhecimento das características da lavoura, a escolha de fertilizantes adequados, como os de liberação gradual e multinutrientes que contenham por exemplo o silício.
Além disso, o uso de microrganismos é uma técnica que pode potencializar a nutrição com fósforo e potássio, favorecendo a produção e a qualidade das sementes na soja!