Pensar em fontes eficientes de enxofre na hora de planejar a adubação do eucalipto pode fazer muita diferença para o desenvolvimento da cultura. Isso porque a falta desse nutriente pode interferir e prejudicar diversos processos essenciais para o ciclo de vida da planta. Veja a seguir quais são os sintomas de deficiência de enxofre no eucalipto e como evitá-los!
Por que o eucalipto pode sofrer com os sintomas de deficiência de enxofre?
Embora o enxofre seja exigido em menores concentrações quando comparado aos macronutrientes primários, como o potássio, condições de baixa disponibilidade desse nutriente no solo podem acarretar em diversos impactos negativos para o eucalipto.
Isso acontece porque o enxofre desempenha diversas funções no eucalipto que vão desde a constituição de diversas moléculas orgânicas das plantas ao estabelecimento de interações positivas com outros nutrientes do solo, como o fósforo e o nitrogênio.
Mesmo tendo um papel tão importante, nem sempre atender às necessidades de enxofre é uma tarefa fácil. Segundo o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos Brasileiros (SiBCS), mais da metade dos solos nacionais são, de maneira geral, pobres em enxofre.
Deficiência essa que pode ser ainda mais acentuada nas regiões do Cerrado, como destacam Nairan Félix de Barros e outros pesquisadores no artigo Níveis críticos de fósforo no solo para eucalipto.
Outro aspecto que também dificulta o bom manejo do enxofre no eucalipto é a própria diferença da eficiência de absorção e utilização do enxofre dependendo do clone de eucalipto escolhido.
Distribuição de diferentes clones de eucalipto em função das eficiências de absorção (EAS) e utilização (EUS) do enxofre. (Fonte: PINTO et al., 2011)
Mas, o que acontece quando a quantidade de enxofre disponível no solo não é suficiente para suprir a demanda da cultura?
Os impactos negativos da deficiência de enxofre no eucalipto
Os sintomas de deficiência de enxofre no eucalipto surgem quando a quantidade de enxofre no solo não consegue atender à demanda nutricional das plantas. Alguns destes sintomas são:
- Amarelecimento das folhas mais novas, que evoluem para avermelhamento generalizado e aparecimento de pontos necróticos nas bordas;
- Inibição do crescimento das árvores.
Os tecidos vegetais mais jovens das plantas são os primeiros a serem afetados, porque o enxofre constitui diversas moléculas orgânicas vegetais, como os aminoácidos e as enzimas, fazendo com que ele não consiga se mover livremente dentro da planta depois de assimilado.
Ou seja, em condições de baixa disponibilidade o eucalipto não consegue redirecionar as suas reservas de enxofre dos tecidos mais velhos para aqueles mais jovens, como as folhas em desenvolvimento na copa.
Em uma solução com baixo teor de enxofre, a manifestação dos sintomas nas folhas mais novas demorou 300 dias para ocorrer. É o que demonstra Luiz Vaz de Arruda Silveira e outros pesquisadores, no artigo Sintomas de deficiência de macronutrientes e de boro em clones híbridos de Eucalyptus grandis com Eucalyptus urophylla.
A explicação para o amarelecimento das folhas e a inibição do crescimento está muito relacionada às moléculas orgânicas as quais o enxofre faz parte.
Algumas dessas moléculas orgânicas estão envolvidas com a produção de clorofila, que dá a cor verde às plantas, e com o próprio aparelho fotossintético. Esse é o caso, respectivamente, dos aminoácidos cisteína e metionina; e da principal enzima responsável pela fixação de carbono orgânico, a RuBisCO..
Por isso, a privação de enxofre acaba inibindo a síntese desses compostos no eucalipto, levando, consequentemente, a manifestação da clorose nas folhas pela redução dos pigmentos verdes das plantas. Isso, por sua vez, provoca a redução do crescimento das plantas, pelo impacto negativo direto no processo de fotossíntese.
No artigo Características químicas, físicas e dimensões das fibras da madeira juvenil de Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla cultivado na omissão de macronutrientes e boro em solução nutritiva, F. Sgarbi e outros pesquisadores verificaram que a deficiência de enxofre reduziu significativamente a densidade básica da madeira juvenil do eucalipto.
Efeito das deficiências nutricionais no comprimento das fibras de eucalipto, com destaque para os tratamentos com omissão de enxofre, magnésio e cálcio. (Fonte: SGARBI et al., 1999)
Para evitar a manifestação de sintomas de enxofre no eucalipto é preciso contar com um bom manejo da adubação sulfatada.
A adubação sulfatada como ferramenta para acabar com a deficiência de enxofre no eucalipto
Quando pensamos no manejo do enxofre no eucalipto, dois aspectos que podem ter um grande impacto nas populações florestais são o efeito residual dos fertilizantes sulfatados e a sua própria distribuição no campo.
O eucalipto é uma cultura de ciclo longo e exige a adoção de estratégias que tenham efeito à longo prazo. E é nesse ponto que entra a importância de contar com fontes de enxofre com longo efeito residual.
O efeito residual de nutrientes se caracteriza pela liberação progressiva dos nutrientes para o solo e prolongação de todos os benefícios que o fertilizante possa proporcionar a longo prazo, permitindo um melhor ajuste dos nutrientes às necessidades das plantas e a redução das perdas no sistema solo-planta-atmosfera.
Para garantir a distribuição mais homogênea dos nutrientes no campo, também é preciso se atentar ao fenômeno de segregação de nutrientes, que acontece quando as fontes usadas são granuladas e de tamanhos e densidades diferentes.
Adubos formulados compostos por misturas de grânulo e que podem prejudicar a quantidade de nutrientes disponibilizados no solo.
No estudo Segregação física e química de fertilizantes formulados, o pesquisador Dr. José Carlos Feltran, da Universidade Estadual de São Paulo (UNESP), juntamente com outros pesquisadores da mesma instituição, investigou o fenômeno da segregação de fertilizantes.
Os pesquisadores aplicaram diferentes formulações contendo enxofre, zinco e cálcio e, ao analisarem posteriormente a quantidade dos nutrientes no solo, eles concluíram que todos os formulados tiveram segregação durante a aplicação.
Nesse sentido, os pesquisadores reforçam a importância de se utilizar fontes de enxofre que favoreçam uma distribuição mais homogênea no campo, como o caso do enxofre elementar micronizado.
O enxofre é um nutriente indispensável para produtividade do eucalipto
Em resumo, para evitar a perda de produtividade e outros efeitos negativos da deficiência de enxofre no eucalipto, se torna indispensável incluir esse nutriente nos programas de adubação.
Uma das melhores formas de se fazer isso, considerando aspectos como o longo ciclo da cultura do eucalipto e as características das diferentes fontes de enxofre, é com o uso de fertilizantes sulfatados com longo efeito residual e que garantam uma distribuição homogênea do nutriente no campo!