Quais são os sintomas de deficiência de magnésio na cana?

Quais são os sintomas de deficiência de magnésio na cana?

Você sabia que algumas variedades de cana podem apresentar uma extração média de mais de 90kg/ha de magnésio? Esse dado, apresentado por Emídio Cantídio Almeida de Oliveira e outros pesquisadores no estudo Dinâmica de nutrientes na cana-de-açúcar em sistema irrigado de produção, revela que a ausência de um bom manejo de magnésio na lavoura pode levar rapidamente ao esgotamento do solo e à expressão de sintomas de deficiência de magnésio na cana. Conheça quais são eles e como evitá-los!

Como identificar a deficiência de magnésio na cana

A cana-de-açúcar, assim como outras culturas, depende muito da adubação com magnésio para sustentar a sua produção e qualidade. Diversos parâmetros agrícolas são influenciados positivamente pela presença de teores adequados de magnésio no solo.

Isso porque esse nutriente contribui para a fotossíntese, ativação enzimática, nutrição das plantas e outros processos indispensáveis para o seu desenvolvimento.

Em média, a cana-de-açúcar conduzida sob manejo de irrigação plena extrai quase 90kg/ha de magnésio e exporta cerca de 75% desse total das áreas de cultivo. É o que ressaltam Emídio Cantídio Almeida de Oliveira e outros pesquisadores, no artigo Extração e exportação de nutrientes por variedades de cana-de-açúcar cultivadas sob irrigação plena.Extração média de magnésio por diferentes regiões da cana

Extração média de magnésio por diferentes regiões da cana. (Fonte: OLIVEIRA, 2008)

Ou seja, nessas condições a fertilidade do solo pode ser rapidamente degradada se não houver um bom manejo do magnésio na lavoura.

Quando plantas de cana não tem acesso a teores adequados de magnésio no solo, elas vão expressar diferentes sintomas de deficiência desse nutriente que podem impactar na produtividade e qualidade da cultura.

No estágio inicial de deficiência de magnésio, os sintomas visuais geralmente não se manifestam na parte vegetativa das plantas. Nessa fase, é mais comum ser observado apenas a redução da produtividade associada à redução do crescimento radicular.

Com a progressão dos sintomas de deficiência, as folhas mais velhas da cana começam a apresentar pontuações amareladas entre as nervuras que, posteriormente, se fundem e produzem um aspecto de sardeamento marrom alaranjado com aparência de ferrugem.

Esse sintoma é principalmente observado nas pontas e ao longo das margens das folhas mais velhas, também podendo ser verificado em alguns casos uma coloração amarronzada na região interna da casca do colmo.

O amarelecimento e posterior necrose das regiões das folhas estão relacionadas à função do magnésio como constituinte da clorofila, o principal pigmento fotossintético responsável pela cor verde das plantas e pela captação de luz solar.

Como as folhas são um dos principais órgãos das plantas responsáveis pelo processo de fotossíntese, o comprometimento da sua estrutura pela deficiência de magnésio pode levar a impactos negativos na produtividade da cana.

Sendo que a produtividade da cana também pode ser afetada pela redução direta da assimilação de carbono pela planta, já que o magnésio está envolvido com a ativação da principal enzima que participa desse processo: a PEP-carboxilose.

Além da produtividade, a qualidade da cana também pode ser afetada pela deficiência de magnésio. Isso acontece porque esse nutriente está muito envolvido com o transporte de carboidratos das folhas para os colmos.

Assim, em condições de baixa disponibilidade de magnésio, a cana pode apresentar a redução do seu açúcar total recuperável (ATR), um parâmetro qualitativo usado para representar a capacidade da cana em ser convertida em açúcar ou álcool.

Ou seja, evitar os sintomas de deficiência de magnésio na cana através do bom manejo de nutrientes no solo é uma prática indispensável para sustentar a produtividade e qualidade da cultura. Mas, como fazê-lo?

Como evitar os sintomas de deficiência de magnésio nas plantas

De forma geral, existem três boas práticas agrícolas capazes de melhorar o manejo de magnésio no solo. São elas:

  • Alcançar o equilíbrio adequado de nutrientes no solo;
  • Escolher as fontes de magnésio mais adequadas;
  • Melhorar a capacidade de retenção de água e nutrientes do solo.

O magnésio, assim como outros nutrientes, depende do bom equilíbrio dos nutrientes no solo para ter uma boa disponibilidade para as plantas. Para a relação magnésio e potássio, por exemplo, recomenda-se que o valor esteja entre 03 e 06 para que haja uma boa disponibilidade de magnésio à cana.

É o que recomenda os pesquisadores Renato Passos Brandão e Raphael Bianco Roxo Rodrigues, no estudo Influência do magnésio e boro no ATR da cana-de-açúcar.

Assim, a associação de metodologias adequadas de análise do solo com as melhores práticas de correção e adubação são indispensáveis nesse quesito.

 

Para o potássio, um nutriente que estabelece uma relação de inibição competitiva com o magnésio, existem diferentes metodologias de análise no solo que podem ser empregadas.

Além disso, a disponibilidade de magnésio no solo também pode ser favorecida pela escolha de fertilizantes. Como o magnésio é um nutriente móvel no perfil do solo, fontes de magnésio capazes de mitigar as perdas por lixiviação desse nutriente, geralmente são as mais ideais.

Característica essa que pode ser encontrada, por exemplo, nos fertilizantes de liberação progressiva e com longo efeito residual, uma vez que eles proporcionam uma melhor sincronia entre a absorção de magnésio pelas plantas ao longo do seu ciclo produtivo e a taxa de liberação de nutrientes do fertilizante.

Por fim, também vale destacar que quanto maior a capacidade do solo em reter água e nutrientes, melhor pode ser o desempenho das fontes de magnésio. E isso pode ser alcançado pelo agricultor através do emprego de práticas, como:

O bom manejo do magnésio no solo favorece a produtividade e qualidade da cana

Em síntese, os sintomas de deficiência de magnésio no solo podem comprometer a produtividade e qualidade da cana, uma vez que esse nutriente está muito ligado a diversas funções, como o processo de fotossíntese, o acúmulo de carbono e o transporte dos compostos das plantas.

E para evitá-los, o agricultor pode adotar diferentes boas práticas capazes de melhorar o manejo do magnésio no solo.

Estando inclusa entre elas a melhoria da capacidade de retenção de água e nutrientes do solo, o alcance do equilíbrio adequado de nutrientes no solo e o uso das fontes de magnésio mais adequadas!

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