Como reduzir as perdas de potássio no solo?

Como reduzir as perdas de potássio no solo?

As perdas de nutrientes podem comprometer a fertilidade do solo e, em consequência, a qualidade, produtividade e rentabilidade da lavoura. Uma das maiores causas disso é o processo de lixiviação, ao qual o potássio é um nutriente muito suscetível. Entenda mais sobre isso e descubra como reduzir as perdas de potássio no solo!

Por que o potássio é importante?

O potássio faz parte do grupo dos macronutrientes primários, juntamente com o nitrogênio e o fósforo. Isso significa que não somente ele é essencial para o desenvolvimento vegetal, mas também é requerido em grandes quantidades

A exigência potássica das plantas é tão grande que, de maneira geral, ele é o segundo nutriente mais requerido por elas em seus processos de crescimento. Isso se deve à ampla gama de processos e funções que ele exerce na fisiologia vegetal.

Entre as funções do potássio, podemos destacar:

  • A ativação de enzimas;
  • A síntese proteica;
  • O crescimento celular;
  • A amenização dos estresses abióticos, como secas e geadas e também bióticos, que que incluem pragas e doenças.

Dessa forma, é especialmente importante que o agricultor realize bem o manejo do potássio no solo. Isso é ainda mais relevante considerando as características dos solos brasileiros, que em sua maioria possuem uma baixa disponibilidade de potássio.

É o que afirma a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no estudo Aspectos relacionados ao mapeamento da disponibilidade de potássio nos solos do Brasil.

Esse bom manejo do potássio no solo perpassa pela redução das perdas desse nutriente. Mas, por que essas perdas acontecem?

Como o potássio se perde no solo?

As perdas de nutrientes no solo podem acontecer por diferentes motivos, como a aplicação incorreta, a erosão e a lixiviação.

Esse último processo, que é quando os nutrientes se deslocam para a camada mais profunda do solo, longe do alcance das raízes, pode representar mais da metade das perdas do total aplicado nas lavouras.

É o que os pesquisadores Márcio Valderrama e Salatiér Buzetti destacam no livro Fertilizantes de eficiência aprimorada.

Devido às suas características físico-químicas, o potássio é um nutriente que tem uma alta mobilidade no solo, o que o deixa mais vulnerável ao processo de lixiviação. Assim, reduzir a lixiviação é um imperativo para que as perdas de potássio no solo sejam reduzidas.

Nesse sentido, a ação antrópica também tem um impacto nas perdas de nutrientes por lixiviação: de acordo com Paulo Roberto Ernanni e outros pesquisadores, no artigo Mobilidade vertical de cátions influenciada pelo método de aplicação de cloreto de potássio em solos com carga variável, a adição de fertilizantes no manejo agrícola pode aumentar e acelerar esse processo.

Mas, por que isso acontece? Em seu livro Fertilidade do solo e manejo dos nutrientes Bernardo Van Raij, explica que sais de potássio de alta solubilidade, como o Cloreto de Potássio (KCl), conferem à solução do solo altos teores de potássio. Em decorrência disso, esse elemento fica sujeito a ser lixiviado.

Já fatores como a textura do solo também podem ter um papel no favorecimento ou redução da lixiviação. É o que explicam Rodrigo Werle e outros pesquisadores, no artigo Lixiviação de potássio em função da textura e da disponibilidade do nutriente no solo.

Ao avaliarem as taxas de lixiviação em função de solos de diferentes texturas, eles constataram que, para solos de textura média, ou seja, mais arenosa que os argilosos, a intensidade da lixiviação foi mais intensa, mesmo com quantidades menores de K2O aplicado.

Já nos solos mais argilosos, a lixiviação tende a ser menor, o que significa que eles têm maior capacidade de reter o potássio. Intensidade da lixiviação de potássio em diferentes tipos de solo.

Intensidade da lixiviação de potássio em diferentes tipos de solo. (Fonte: WERLE et al., 2008)

Segundo os pesquisadores, a maior capacidade de troca catiônica do solo (CTC) dos solos mais argilosos pode ser a explicação para essa diferença.

Fatores como a acidez do solo também são influentes nas perdas de potássio no solo por lixiviação: em solos mais ácidos, o potássio é um dos cátions com maior taxa de lixiviação.

É o que verificou Bernardo Van Raij, no seu artigo Propriedades eletroquímicas de solos. Nesse estudo, ele constatou que em solos ácidos a lixiviação de cátions segue a ordem: K+ > Mg2+ > Ca2+ > Al3+.

Entendido isso, então como reduzir as perdas de potássio no solo?

Práticas que podem evitar a perda de potássio no solo

Além de conhecer bem as características do solo, o agricultor pode realizar algumas práticas para evitar a perda de potássio e otimizar o manejo desse nutriente. São medidas como:

1. Melhorar a CTC do solo

Como vimos, o potássio se perde mais facilmente em solos muito ácidos. A acidez do solo é uma propriedade que pode ser corrigida com técnicas de correção do solo.

Entretanto, vimos também que a mobilidade do potássio no solo é um fator de influência que pode impactar nas perdas do nutriente. Assim, melhorar esse parâmetro do solo pode ser uma saída para reduzir as perdas de potássio no solo.Esquema mostra a atração de cargas que acontece no solo.

Esquema mostra a atração de cargas que acontece no solo.

Nesse sentido, o uso de técnicas que promovam o incremento do teor de matéria orgânica do solo é muito importante. É o caso, por exemplo, da compostagem, que incorpora o uso de materiais de origem orgânica no manejo e, entre seus benefícios, promove o aumento da CTC.

Além disso, o uso de alguns fertilizantes pode ser uma maneira eficiente para aumentar a CTC do solo.

A glauconita, por exemplo, é um mineral que é utilizado nos Estados Unidos como fertilizante potássico desde 1760. Entre as propriedades benéficas dela para o solo, está justamente o aumento da CTC do solo.

Assim, fertilizantes que tenham glauconita em sua composição podem ajudar a melhorar esse parâmetro.

2. Utilizar a dosagem adequada de potássio

Uma das causas que pode acelerar a perda de potássio no solo é a aplicação de doses muito elevadas.

Devido às características de alta mobilidade do potássio no perfil do solo, quando há um excesso do nutriente na solução do solo, na fração do solo em que as plantas podem absorver os nutrientes, o processo de lixiviação tende a aumentar.

Assim, monitorar o manejo, através de análises de solo adequadas, é importante para que o agricultor planeje bem as dosagens aplicadas para evitar que a aplicação em excesso favoreça as perdas de potássio.

3. Utilizar fontes de liberação gradual

Nesse sentido, as fontes utilizadas no manejo também têm uma influência nas perdas de nutriente do solo.

Fontes de potássio com uma alta solubilidade em água e com disponibilização muito rápida dos nutrientes para o solo, a exemplo do Cloreto de Potássio (KCl),  são mais sujeitas à lixiviação.

É o que notam Álvaro Vilela de Resende e outros pesquisadores, no artigo O suprimento de potássio e pesquisa de uso de rochas “in natura” na agricultura brasileira.

Uma das estratégias utilizadas para evitar essa perda é o parcelamento das aplicações. Entretanto, isso pode trazer um aumento para os custos de produção, já que torna o manejo menos otimizado.

Para lidar com isso de outra maneira, existem as fontes de potássio com liberação gradual dos nutrientes.

Ao promover a liberação dos nutrientes ao longo de um tempo maior, essas fontes ajudam a evitar que haja um excesso de potássio no solo, reduzindo a suscetibilidade das perdas de nutrientes por lixiviação.

Além disso, em razão do fato de serem menos solúveis em água, isso faz com que a movimentação do potássio no perfil do solo em função do excesso de água seja menor.

 

Usar fontes de liberação gradual e menos solúveis ajuda o agricultor a lidar com a lixiviação.

Outra vantagem das fontes de potássio de liberação gradual é que, com elas, o nutriente fica disponível para as plantas quando as elas precisam e elas têm um efeito residual duradouro. Assim, os níveis de fertilidade do solo se mantêm por mais tempo.

É possível reduzir as perdas de potássio no solo!

Embora as perdas de nutrientes no solo sejam um problema que possa comprometer a produtividade e a rentabilidade da lavoura, é possível ao agricultor reduzi-las e, assim, melhorar o manejo.

No caso do potássio, a lixiviação é um grande fator que favorece às perdas nutricionais do solo e pode ser combatida com práticas como a correção adequada do solo, a dosagem correta na hora da aplicação e também o uso de fertilizantes de liberação gradual e que ajudem a melhorar as propriedades do solo.

Dessa maneira, o manejo do potássio é otimizado e a fertilidade do solo mantida, melhorando também a qualidade, produtividade e rentabilidade da lavoura!

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