A adubação com magnésio é uma prática indispensável para manter a qualidade e produtividade da cana, uma cultura conhecida por extrair e acumular grandes quantidades de nutrientes dos solos. Saiba mais sobre como a adubação com magnésio na cana pode melhorar a qualidade do caldo e a produção de açúcar!
Os benefícios da adubação com magnésio na cana
Segundo o renomado engenheiro agrônomo Eurípedes Malavolta, o magnésio é classificado como um macronutriente secundário, mas ele tem um efeito primário na produção vegetal e animal.
Pelo fato de o magnésio estar intimamente relacionado com a fotossíntese e a atividade enzimática das plantas, assim como com a nutrição vegetal, a adubação com esse nutriente pode contribuir para diversos parâmetros agrícolas.
Diversos estudos relatam a contribuição do magnésio para a produção de matéria seca e o aumento do volume das raízes das plantas, uma vez que ele está ligado a um dos principais pigmentos fotossintéticos responsáveis pela captação da luz solar: a clorofila.
Além disso, ele é capaz de contribuir para a assimilação de carbono em plantas C4, que, em síntese são plantas que conseguem fixar o carbono de forma mais eficiente, a exemplo da cana-de-açúcar. Isso por causa da capacidade do magnésio de ser ativador da enzima PEP-carboxilose.
A ativação enzimática promovida pelo magnésio também se estende à nutrição das plantas. Tanto a enzima Glutamina Sintetase (GS), quanto as enzimas quinases são ativadas por esse nutriente, contribuindo para o processo de assimilação vegetal de nitrogênio e fósforo.
É o que explica o pesquisador V. D. Fageria, no artigo Nutrient interactions in crop plants.
Essa contribuição do magnésio em diversos aspectos fisiológicos das plantas resulta em uma demanda significativa desse nutriente pela cana.
No estudo Dinâmica de nutrientes na cana-de-açúcar em sistema irrigado de produção emídio cantídio, Emídio Cantídio Almeida de Oliveira e outros pesquisadores relatam que algumas variedades de cana apresentaram uma extração média de mais de 90kg/ha de magnésio.
Os pesquisadores identificaram essa grande extração de magnésio foi verificada principalmente em variedades que produziram uma grande quantidade de massa seca e ricas em açúcar. Tal ocorrência pode ser explicada pela participação do magnésio na assimilação de carbono e pela sua atuação no transporte de fotoassimilados.
Eficiência de utilização de magnésio de diferentes variedades de cana. (Fonte: OLIVEIRA, 2008)
Como o magnésio é um nutriente móvel no interior da planta, ela o utiliza para transportar os diversos compostos produzidos pelas regiões fotossinteticamente ativas das plantas, podendo inclusive incluir aqueles relacionados ao ATR da cana.
O ATR é uma sigla usada para denominar o Açúcar Total Recuperável, um parâmetro qualitativo usado para representar a capacidade da cana em ser convertida em açúcar ou álcool.
Isso explica por que o sintoma de retenção foliar acaba sendo recorrente em lavouras deficientes em magnésio.
Como, então, fazer com que haja um bom suprimento de magnésio na cana, a fim de assegurar a sua produtividade e qualidade?
Boas práticas de adubação com magnésio
Segundo o pesquisador Fabiano da Silva Brito, autor do estudo Adubação com magnésio, qualidade do caldo e produção de açúcar pelas variedades de cana RB867515 e RB92579, diversos fatores afetam a disponibilidade de magnésio para as plantas, tais como:
- A distribuição e propriedades químicas do material de rocha de origem e seu grau de intemperismo;
- Os fatores climáticos e antrópicos específicos do local;
- As espécies de culturas cultivadas e seu ciclo;
- As adubações orgânicas e mineral;
- O sistema de cultivo.
Além disso, a cana-de-açúcar é uma cultura que tem uma demanda de magnésio prolongada, considerando a sua extração média desse nutriente dentro de um ciclo de cultivo. Ademais, também existe uma variação regional dos teores de magnésio no solo considerados ideais.
Extração média de magnésio por diferentes regiões da cana. (Fonte: OLIVEIRA, 2008)
Tendo isso consideração, para que se possa alcançar uma melhor adequação entre a taxa de liberação das fontes de magnésio e a taxa de absorção pelas plantas, recomenda-se o uso de fertilizantes de liberação progressiva e com longo efeito residual.
Os fertilizantes de liberação progressiva e com longo efeito residual permitem uma melhor sincronia entre essas diferentes taxas, uma vez que eles estendem a janela de tempo a qual a planta terá para absorver os nutrientes.
Além disso, essa melhor sincronia também favorece a redução das perdas de nutrientes por lixiviação, já que o magnésio pode ser facilmente levado para as camadas mais profundas do solo.
Para acompanhar a dinâmica do magnésio na lavoura, também é recomendável que o agricultor faça periodicamente a realização de análises de solo e foliares. Isso porque diversos outros nutrientes podem interferir na absorção de magnésio das plantas.
Para análises foliar da cana, por exemplo, o pesquisador Fabiano da Silva Brito recomenda a coleta do terço mediano das folhas +2 e +3, excluindo-se a região da nervura central.
Processo de identificação e amostragem de folhas de cana para análise foliar. (Fonte: BRITO, 2018)
Assim, a combinação do uso de fontes adequadas de magnésio para as plantas e as análises de solo e foliares periódicas da lavoura podem favorecer a produtividade e a qualidade da cana.
A boa adubação com magnésio favorece a produtividade e a qualidade da cana
A adubação com magnésio pode favorecer muito a produtividade e a qualidade da cana, já que esse nutriente está intimamente ligado com a fotossíntese e a atividade enzimática das plantas, assim como com a nutrição vegetal.
Aspectos como o acúmulo de matéria seca e a produção de açúcar, por exemplo, podem ser melhores nas lavouras em que a adubação com magnésio é realizada de forma adequada. A explicação para a melhoria desses parâmetros é a relação diretamente benéfica das funções do magnésio nas plantas, como a assimilação de carbono e o transporte de açúcares.
Por isso, o bom manejo do magnésio na cana pode ser muito positivo para a cultura. E, para alcançar esse bom manejo, recomenda-se que o agricultor realize periodicamente análises de solo e foliares e busque optar por fontes de magnésio de liberação progressiva de nutrientes e com longo efeito residual!
