O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, fazendo dessa cultura uma das mais relevantes do agronegócio brasileiro. Só na safra 2020/2021, de acordo com o Instituto de Economia Agrícola de São Paulo, foram quase 655 milhões de toneladas produzidas. E o enxofre é um nutriente altamente requerido nessa cultura, sendo mais exigido que o fósforo, por exemplo. Sendo assim, qual é a importância do enxofre na cana e como melhorar o manejo desse nutriente?
As funções do enxofre nas plantas e sua importância na cana-de-açúcar
O enxofre é um nutriente que faz parte dos chamados macronutrientes secundários, juntamente com o cálcio e o magnésio. De maneira geral, ele é o quarto nutriente mais requerido pela maioria das culturas.
Mas, o que faz desse nutriente tão relevante e tão requerido pelas plantas? O enxofre exerce importantes funções no crescimento e desenvolvimento vegetal, ligadas principalmente ao seu papel no metabolismo das plantas.
Entre as principais funções do enxofre nas plantas, podemos destacar:
- Formação de compostos importantes, como aminoácidos, proteínas, coenzimas e outros;
- Promoção de parâmetros de qualidade nos alimentos;
- Melhor aproveitamento do nitrogênio no metabolismo vegetal;
- Otimização da adubação com fósforo;
- Indução da resistência aos estresses bióticos e abióticos.
O enxofre exerce diversas funções importantes nas plantas.
De acordo com o renomado engenheiro agrônomo Eurípedes Malavolta, em seu trabalho Exigências nutricionais das plantas e necessidades de fertilizantes e de corretivos, a demanda de enxofre para a produção de 100 toneladas de colmos na cultura da cana-de-açúcar é de 40kg a 50kg/ha-1.
Segundo Malavolta, isso é o dobro da exigência de fósforo, que é um dos macronutrientes primários. Diante dessa relevância do enxofre na cana, qual é a importância dele para a cultura e como fazer um bom manejo desse nutriente?
Quais os impactos da adubação com enxofre na cana?
Estudos têm mostrado que a boa adubação com enxofre na cana pode impactar parâmetros importantes tanto na qualidade quanto na produtividade dessa cultura.
Um exemplo é o trabalho Efeito do gesso como fonte de cálcio e enxofre na cultura da cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.), do pesquisador Francisco Alfredo Fernandes.
Nessa pesquisa, o autor verificou que doses de até 50 kg ha-1 de gesso agrícola promoveram o crescimento das plantas, enquanto doses maiores, de até 500 kg ha-1 foram eficientes para promover um aumento significativo da produtividade da lavoura.
Vale lembrar que o gesso agrícola, embora possa ser utilizado como uma fonte de enxofre, tem uma alta solubilidade, o que o torna mais suscetível a perdas para as camadas mais profundas do solo, através do processo de lixiviação.
Já Godofredo Cesar Vitti, juntamente com outros pesquisadores, no estudo Efeitos de doses e fontes de enxofre em culturas de interesse econômico, realizou uma sequência de ensaios para verificar a resposta da cana-de-açúcar à aplicação do enxofre.
Nesse trabalho, após um total de 30 cortes, os pesquisadores constataram que, em média, cada quilo de enxofre gerou 50kg de açúcar nas plantas avaliadas.
Tais resultados são parecidos com os obtidos em um estudo realizado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), citado pelo engenheiro agrônomo Diego Henriques Santos na revista Campos e Negócios.
Nesse trabalho, experimentos de campo mostraram que houve respostas positivas na produtividade de colmos e também no teor de açúcar da cana com a aplicação de enxofre na adubação da cultura.
As influências positivas do enxofre nesses parâmetros de produtividade e qualidade da cana-de-açúcar estão ligadas às funções que esse nutriente desempenha no metabolismo da cultura. Assim, é preciso que o manejo do enxofre na cana seja feito de maneira adequado.
Dicas para melhorar o manejo do enxofre na cana
Um bom manejo do enxofre na cana começa com a avaliação correta das necessidades da cultura, através por exemplo de uma boa análise do solo.
O extrator químico utilizado pode fazer com que haja diferenças significativas nos resultados, impactando assim de modo negativo na recomendação da adubação.
H. M. Reisenauer, em seu trabalho Soil assays for the recognition of sulphur deficiency, explica que alguns extratores conseguem avaliar apenas a fração do sulfato solúvel e parte do sulfato adsorvido. Já outros também conseguem extrair porções do enxofre orgânico contido nas amostras de solo.
Assim, o uso de métodos corretos de análise ajuda a entender o estado de fertilidade do solo, o que faz com que haja mais precisão na hora de escolher as doses de enxofre que deverão ser aplicadas no manejo nutricional da cana-de-açúcar.
Além disso, o entendimento da dinâmica do enxofre dentro da fisiologia vegetal é importante, já que as suas interações com outros nutrientes podem influenciar na forma como a adubação é feita.
É o que destaca Raul Henrique Sartori, no trabalho Eficiência de uso de nitrogênio e enxofre pela cana-de-açúcar (primeira e segunda rebrota) em sistema aconservacionista (sem queima).
Lembrando da sinergia entre o enxofre e o nitrogênio, o pesquisador destaca que, em áreas com altas produtividades e responsivas ao nitrogênio, a necessidade de enxofre no manejo nutricional deve ser maior, especialmente pelo fato de ambos participarem da formação de aminoácidos.
O acompanhamento da responsividade da lavoura à adubação também é importante, através de ferramentas como por exemplo a análise foliar, também é essencial para que o agricultor consiga refinar o manejo da maneira mais adequada.
Outro fator que influencia no sucesso da adubação sulfatada da cana é a escolha das fontes de enxofre utilizadas no manejo. Nesse sentido, o uso de fertilizantes de liberação progressiva, como o enxofre elementar micronizado, pode ser uma vantagem.
As fontes de liberação progressiva disponibilizam os nutrientes no solo ao longo de um período maior de tempo, fazendo com que eles estejam disponíveis para as plantas ao longo do ciclo produtivo. Além disso, elas são menos suscetíveis à lixiviação e têm um efeito residual duradouro no solo.
Em culturas como a cana-de-açúcar isso é vantajoso, já que ela tem um ciclo mais longo, sendo considerada uma cultura semi-perene, e as fontes de liberação progressiva ajudam a construir e manter a fertilidade do solo.
Realizar um bom manejo do enxofre na cana pode trazer impactos muito importantes na produtividade e qualidade da cultura
Em resumo, o enxofre é um nutriente com relevantes funções no desenvolvimento vegetal, especialmente no metabolismo das plantas.
Graças a isso, a adubação com enxofre na cana tem impactos positivos tanto na produtividade quanto em parâmetros qualitativos, como a produção de açúcar. Por isso, é preciso que o agricultor esteja atento ao manejo do enxofre nessa cultura.
O conhecimento dos parâmetros de fertilidade do solo, através de métodos adequados de análise, e o acompanhamento do manejo com técnicas como a análise foliar, além do uso de fontes de enxofre de liberação progressiva, como o BAKS®, podem ser ferramentas valiosas para melhorar e otimizar o manejo sulfatado na cana!