Silício no eucalipto manejo e importância

Silício no eucalipto: manejo e importância

O estudo da interação dos diferentes nutrientes e elementos com as plantas sempre esteve muito presente no manejo de espécies florestais. A introdução do uso do silício no eucalipto, por exemplo, tem demonstrado resultados promissores para promover o melhor desenvolvimento e desempenho dessa cultura a campo. Entenda mais sobre o manejo e a importância do silício no eucalipto!

A importância do uso do silício no eucalipto

Mesmo com a ausência do silício não sendo considerada um fator limitante para o crescimento e desenvolvimento das plantas, o uso desse elemento no eucalipto tem se mostrado um papel chave para otimização do uso de recursos e manutenção da capacidade produtiva das florestas.

Diferentemente das plantas monocotiledôneas, que têm uma grande capacidade de acumular silício, o eucalipto vem sendo descrito como uma cultura de acumulação intermediária, dependendo da espécie estudada.

No artigo Uso do silício no cultivo de mudas de eucalipto, Ivaniele Duarte e Lísias Coelho constataram que no caso das mudas do híbrido Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla, a absorção e acumulação de silício nas plantas chegou a representar 0,23 dag/kg.

Mas, se o silício não é essencial para o desenvolvimento das plantas, por que o eucalipto absorve e acumula esse elemento?

Quando o silício é absorvido pelas plantas, ele consegue estabelecer diferentes interações físicas, bioquímicas e fisiológicas que favorecem diretamente ou indiretamente diversos aspectos relacionados a sanidade e produtividade das culturas.

Ele consegue, por exemplo, criar uma espécie de “barreira física” com a deposição de uma dupla camada de sílica abaixo da cutícula dos tecidos vegetais. Mecanismo este, que tem um grande impacto no manejo de pragas e doenças.

No estudo Effect of silicon application to Eucalyptus camaldulensis on the population of Glycaspis brimblecombei (Hemiptera: Aphalaridae), Dalva Luiz de Queiroz e outros pesquisadores observaram que a aplicação de silício no solo proporcionou a redução mais expressiva de do número de ovos e das formas imaturas do psilídeo-de-concha do eucalipto (Glicaspis brimblecombei).

Essa evidência científica é de grande valia para o setor florestal, uma vez que os híbridos e clones de E. camaldulensis são muito cultivados no Brasil devido ao seu rápido crescimento, mas são particularmente susceptíveis ao ataque desse psilídeo.

Também já existem outras pesquisas preliminares demonstrando a atuação do silício sobre doenças foliares, como o oídio e ferrugem das mirtáceas no eucalipto.

Além da inclusão do silício no manejo integrado de pragas e doenças do eucalipto, ele também vem ganhando destaque em outras áreas do manejo agrícola

O papel da adubação silicatada na otimização do manejo agrícola do eucalipto

O manejo agrícola florestal acaba sendo um grande desafio para muitos silvicultores, já que o eucalipto é uma cultura de ciclo longo e exige a adoção de estratégias que tenham efeito à longo prazo.

Um desses desafios está incluso dentro do manejo da fertilidade do solo. Grande parte dos fertilizantes convencionais adotados na agricultura apresentam uma alta taxa de perdas de nutrientes a curto prazo, ou ainda não apresentam uma boa eficiência nos solos brasileiros.

 

A alta lixiviação dos nutrientes aplicados no solo ainda é um dos principais desafios da silvicultura.

O aproveitamento de fósforo nos sistemas agrícolas tropicais, por exemplo, chega a ser no máximo de 20% em um ano agrícola, como exposto no volume Nutrição Mineral de Planta da série publicada pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS).

Contudo, uma nova vertente de estudo surgiu na adubação fosfatada, usando o silício como uma ferramenta para melhorar os teores de fósforo no solo.

Como os íons de silício (H3SiO4–) são quimicamente similares aos íons de fósforo (H2PO4–), o silício consegue competir e deslocar o fósforo dos sítios de adsorção. Efeito este que favorece o aumento da translocação de fósforo para a parte aérea da planta, dependendo do tipo de solo.

É o que destaca Rui Carvalho e outros pesquisadores nos artigos Dessorção de fósforo por silício em solos cultivados com eucalipto e Interações silício fósforo em solos cultivados com eucalipto em casa de vegetação.

Além disso, o silício promove reações químicas de troca com os fosfatos, como os fosfatos de ferro e alumínio, que também favorece o aumento dos teores de fósforo na solução do solo.Conteúdo de fósforo (CP) na parte aérea de Eucalyptus grandis cultivado no Latossolo Vermelho-Escuro (c) e Cambissolo (d) considerando as doses de silício e as épocas de avaliação.

Conteúdo de fósforo (CP) na parte aérea de Eucalyptus grandis cultivado no Latossolo Vermelho-Escuro (c) e Cambissolo (d) considerando as doses de silício e as épocas de avaliação.

Indiretamente, o silício também consegue melhorar a fertilidade do solo ao amenizar a fitotoxidez de alguns micronutrientes, como zinco, sobre o crescimento do eucalipto e proporcionar a utilização de forma mais eficiente de outros nutrientes como o enxofre, cálcio e magnésio.

É o que demonstraram Sheila Isabel do Carmo Pinto e outros pesquisadores, no artigo Silício como amenizador da fitotoxicidade de zinco em plantas jovens de Eucalyptus urophylla cultivadas em solução nutritiva.

Outro indício do efeito indireto do uso do silício no eucalipto pode ser encontrado ao se observar o seu padrão de acumulação na planta. A maior parte dos estudos sugere que o silício se acumula preferencialmente no sistema radicular do eucalipto, quando aplicado no solo.

Esse acúmulo é particularmente importante na fase de transplantio das mudas de eucalipto, já que nesse período o sistema radicular das plantas utiliza a água, preferencialmente presente nas moléculas de H4SiO4, resultantes da hidratação da sílica (SiO2) depositada nas raízes.

Por isso, o silício é um importante recurso para na minimização do estresse hídrico em plantas, sendo capaz de oferecer diversos benefícios para agroecossistema.

O silício e o seu papel fundamental para a produção agrícola

Cada vez mais o silício vai desempenhar um papel fundamental na produção agrícola. Seus benefícios para o crescimento, proteção e metabolismo das plantas serão indispensáveis para o manejo de lavouras cada vez mais saudáveis e produtivas.

E isso vai depender cada vez mais do contínuo incentivo ao desenvolvimento de novas pesquisas e fontes eficientes de silício para o setor florestal!

Compartilhe esta publicação

🌱 Já segue o nosso Canal Oficial no WhatsApp?

Entre agora mesmo e receba em primeira mão as principais notícias do Agronegócio.