O silício é um elemento reconhecido como benéfico pela comunidade científica desde 2015 e que tem demonstrado diversos benefícios para plantas, dentre eles a melhoria da resistência a pragas e doenças e estresses abióticos.
Em seu artigo Efeito do Silício na tolerância das plantas aos estresses bióticos e abióticos, a Engenheira Agrônoma, Dra. e Pesquisadora Científica Mônica Sartori de Camargo faz uma revisão de alguns estudos que comprovam a ação benéfica do silício na resistência das plantas a estresses causados pelo ambiente e pela ação de fungos, bactérias e insetos. Entre os pontos abordados por ela, estão:
1. A verificação de resultados positivos na ação do silício nos processos biológicos das plantas, que levam redução de danos causados por estresses bióticos (pragas e doenças) e abióticos (seca, metais pesados, salinidade);
2. A absorção de silício ocorre, preferencialmente pelas raízes das plantas na forma de ácido monossilícico (H4SiO4). Essa forma solúvel do silício é transportada por uma estrutura chamada xilema e depositada na forma de uma dupla camada de sílica e cutícula na epiderme das folhas e dos caules;
3. A deposição de silício nas folhas promove melhoria do posicionamento para maior interceptação de luz solar, aumentando a capacidade fotossintética e a produtividade das culturas.
O silício é o único elemento que não acarreta prejuízo quando absorvido em excesso pelas plantas.
Mas como exatamente funciona essa proteção física e bioquímica aos estresses bióticos e abióticos promovida pela nutrição com silício? Vamos entender por partes.
O silício na redução de estresses bióticos
Há duas hipóteses sobre o modo de ação do silício nos danos causados às plantas por agentes patogênicos, ou seja, fungos e bactérias e insetos: a barreira física e a barreira química.
- Barreira física: o silício naturalmente se deposita na parede das células da epiderme vegetal, o que dificulta o desenvolvimento de fungos e também a penetração de insetos nos tecidos das plantas;
- Barreira química: o silício solúvel presente no interior da planta ativa o sistema de defesa natural quando um ser estranho, como uma bactéria, infecta a planta. Assim, ele estimula a produção de compostos fenólicos, quitanases, peroxidades e o acúmulo de lignina. Essas reações bioquímicas aumentam a resistência da planta a possíveis infecções.
Muitas culturas podem ser beneficiadas com a redução de doenças fúngicas e pragas através da utilização do silício. Por exemplo, o fitopatologista e Dr. Gil Rodrigues dos Santos, da Universidade Federal do Tocantins, demonstra no estudo Effect of silicon sources on rice diseases and yield in the State of Tocantins que o silício aumenta a resistência de plantas de arroz à brusone.
Já a agrônoma e Dra. Amanda Maria Nascimento, da Universidade Federal de Lavras, no artigo Não preferência a Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) induzida em arroz pela aplicação de silício, nota que há diminuição do número de lagartas.
Já na cultura do algodão, a agrônoma e Dra. Carmen Rosa Curvelo da Silva, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano, escreve no artigo Mecanismos bioquímicos da defesa do algodoeiro à mancha de ramulária mediados pelo silício que o silício aumenta a resistência à ramulária. Além disso hortaliças, leguminosas e gramíneas também melhoram suas defesas com o fornecimento de adubos ricos em silício.
Estresses abióticos amenizados pelo silício
O silício pode atuar na redução dos estresses abióticos causados por seca, salinidade e metais pesados, porém os mecanismos envolvidos são variáveis dependendo da espécie de planta.
No caso da soja, por exemplo, o estudo Silicon effects on photosynthesis and antioxidant parameters of soybean seedlings under drought and ultraviolet-B radiation, publicado no Journal of Plant Physiology pelo Dr. Xuefeng Xen e outros pesquisadores da Universidade Agrícola do Sul da China, foi verificado que:
“O valor relativo de quantidade de água (RWC), que era o principal fator que resultava em crescimento reduzido em resposta à seca, foi aumentado 19% […] com aplicações de silício sob condições de estresse hídrico”.
Além da soja, a aplicação de silício aumento da tolerância ao estresse hídrico pela ação nas culturas de arroz, sorgo, trigo, batata e cana-de-açúcar.
O uso do silício pode ajudar a otimizar o manejo
O silício pode ajudar na redução da severidade de algumas doenças agrícolas, aumentando a resistência das plantas contra pragas causadas por bactérias, fungos e insetos.
Assim, uma nutrição agrícola rica em silício pode minimizar o uso de agrotóxicos e reduzir a contaminação do ambiente, contribuindo para a sustentabilidade dos processos de produção.
Para alcançar isso, é necessária a utilização de doses e fontes de silício adequadas para sua efetiva absorção pelas plantas e consequentemente obtenção dos seus efeitos benéficos.