Potássio na cana: quando e quanto aplicar na lavoura?

Potássio na cana: quando e quanto aplicar na lavoura?

O potássio é o macronutriente mais absorvido pela cana-de-açúcar, chegando inclusive a ter uma exigência maior do que a de nitrogênio e fósforo. A necessidade do manejo de grandes doses de potássio, principalmente em lavouras de cana-soca, faz com que a adubação potássica ainda seja um grande desafio para muitos agricultores. Descubra mais sobre quando e quanto aplicar de potássio na cana!

A adubação potássica da cana-de-açúcar

O potássio está entre os três nutrientes mais extraídos pela cana-de-açúcar. Trabalhos como de Nivaldo Schultz e outros pesquisadores, já quantificaram valores superiores a 500kg/ha de potássio na primeira soqueira da cana-de-açúcar colhida mecanicamente.

Tais resultados foram apresentados no artigo Efeito residual da adubação na cana-planta e da adubação nitrogenada e potássica na cana-soca colhidas com e sem a queima da palhada.

Já no estudo Extração e exportação de nutrientes por variedades de cana-de-açúcar cultivadas sob irrigação plena, Emílio Cantídio Almeida de Oliveira e outros pesquisadores observaram que a extração de potássio pela cana-de-açúcar é 13 vezes maior que a de fósforo, por exemplo.

Diversos estudos da área correlacionam a elevada extração de potássio pela cana-de-açúcar à sua atuação em diversos processos fisiológicos e metabólicos da planta, que contribuem para:

  • Aumento da resistência das plantas à seca, geada e outros estresses;
  • Aumento do teor de carboidratos, óleos, lipídeos e proteínas;
  • Promoção do armazenamento de açúcares e amido;
  • Auxílio no processo de fixação do nitrogênio;
  • Estímulo da vegetação e do perfilhamento;
  • Regulação da utilização da água.

 

As importantes funções do potássio na cana.

Por isso, a não reposição do potássio na cana contribui para redução da longevidade e produtividade do canavial, tendo um impacto ainda maior na recuperação da produtividade de soqueiras da cana-de-açúcar.

Como, então, funciona o manejo da adubação potássica na cultura?

Encontrando a dose ideal de potássio para a cultura da cana

Como o potássio desempenha um papel essencial para o crescimento, produtividade de colmos e de açúcar, encontrar a dose ideal de potássio pode fazer uma grande diferença no sucesso da sua lavoura.

Escolher o método de análise de solo mais adequado e realizar a amostragem certa, levando em consideração a fase produtiva da lavoura são passos essenciais nesse processo. O Instituto Brasileiro de Análises (IBRA) recomenda que:

  • Para cana-planta: a amostragem de solo deve ser realizada três meses antes do plantio, recolhendo 15 subamostras de solo em “zig-zag” de uma área uniforme nas profundidades de 0-20 a 20-40cm;
  • Para cana-soca: a amostragem de solo deve ser realizada logo após o corte, retirando amostras de solo a cerca de 20-25cm da linha.

Para a cana-soca, o local da amostragem também influencia na recomendação da adubação potássica e de outros nutrientes:

  • Amostras retiradas da linha de plantio podem superestimar os teores de potássio e fósforo;
  • Amostras retiradas da entrelinha de plantio podem superestimar os teores de magnésio e cálcio.

No estado de São Paulo, por exemplo, grande parte das recomendações sugerem doses que variam de 0 a 200kg/ha de potássio (K2O).

Condição esta observada pelo Dr. Rafael Otto e outros pesquisadores do estudo Manejo da adubação potássica na cultura da cana-de-açúcar. Eles verificaram que as doses dentro desse intervalo exerceram efeito quadrático na produtividade de colmos, independentemente do modo de aplicação.

Entretanto, quando as doses superaram 150 kg/ha de potássio (K2O) nas condições do experimento, foram observados impactos negativos no crescimento e produtividade da cana-de-açúcar.

Esses resultados negativos podem ser atribuídos ao alto índice salino e elevada solubilidade da fonte de potássio utilizada: o Cloreto de Potássio (KCl). Esse fertilizante potássico, além de contribuir significativamente para o processo de salinização do solo, libera de uma só vez altas doses de potássio no solo.

O excesso de potássio na cana não é desejável, já que ele pode provocar:

  • Prolongamento do processo vegetativo;
  • Atraso no acúmulo de sacarose;
  • Alto teor de cinzas, o que prejudica o processo de cristalização na fabricação do açúcar.

Além disso, o excesso de potássio leva a acentuação das perdas de nutrientes para as camadas mais profundas do solo, num processo conhecido como lixiviação.

No artigo Lixiviação de nutrientes em um Latossolo cultivado com cana-de-açúcar, Pablo Javier Ghiberto constatou perdas de mais de 60% de potássio (K2O) no ciclo de cana-planta, e mais de 40% no ciclo de cana-soca.

Uma das formas de mitigar as perdas de nutrientes está na associação das fontes de liberação gradual de potássio com os melhores métodos de aplicação.

A escolha do fertilizante na hora da aplicação do potássio na cana

A aplicação única de potássio no momento do plantio é uma prática comum no setor sucroalcooleiro. Entretanto, a ausência de parcelamentos na aplicação deve respeitar o tipo de solo e a fonte de potássio escolhida.

No estudo Fracionamento da adubação nitrogenada e potássica em cana-planta no Estado de São Paulo, José Carlos Casagrande e outros pesquisadores destacam que existe uma tendência de aumento da produtividade com o parcelamento da adubação potássica apenas para os solos com baixa CTC (Neossolo Quartzarênico), enquanto nos solos com alta CTC (Argissolos e Latossolos) houve tendência de diminuição da produtividade com o parcelamento.

Já um estudo realizado pela Verde em parceria com a Delta Sucroenergia mostrou que a utilização de uma fonte de potássio de liberação gradual livre de cloro proporcionou um perfilhamento da cana-soca 11,56% maior do que quando foi utilizado o KCl.

Como o próprio nome sugere, os fertilizantes de liberação gradual têm uma taxa de disponibilização mais lenta dos nutrientes do que aqueles de liberação imediata.

Característica que favorece um melhor aproveitamento efetivo dos nutrientes aplicados, principalmente para culturas com ciclo produtivo mais longo, como é o caso da cana-de-açúcar.

O manejo correto de potássio na cana depende de vários fatores

Devido à sua importância na cultura da cana, o bom manejo do potássio é essencial para que a lavoura de cana alcance maiores produtividade, qualidade e rentabilidade.

Esse bom manejo depende de fatores como a época de aplicação e a quantidade de potássio aplicadas, bem como da fonte potássica utilizada.

Assim, o melhor desempenho do canavial pode ser alcançado quando a aplicação das doses adequadas de potássio na cana estiver associada ao conhecimento aprofundado do sistema solo-planta e à escolha de fontes de potássio de liberação gradual.

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