Potássio no café: entenda quando e quanto aplicar

Potássio no café: entenda quando e quanto aplicar

O café é uma das principais culturas agrícolas do Brasil. No entanto, estudos mostram que a cafeicultura apresenta índices de aproveitamento de nutrientes ruins, quando comparada a outras culturas importantes do país. Por isso, fazer o manejo adequado dos nutrientes exigidos em grandes quantidades no café, como o potássio, pode fazer a diferença na produtividade dos cafezais. Entenda quando e quanto aplicar de potássio no café!

Qual a função do potássio no café?

O potássio (K) é o segundo nutriente mais absorvido pelo cafeeiro, tendo a sua exigência intensificada na fase reprodutiva da planta.

Entretanto, José Francisco da Cunha e outros pesquisadores do International Plant Nutrition Institute (IPNI), mostram, no estudo Balanço de nutrientes na agricultura brasileira, que a cultura do café tem os piores índices de aproveitamento de nutrientes, incluindo o potássio, quando comparada aos citros e outras culturas anuais no Brasil.

Mas, quais são as funções do potássio no café e porque é importante que o aproveitamento desse nutriente seja melhorado nessa cultura?

As funções que o potássio desempenha na cultura têm um impacto significativo principalmente na formação e qualidade dos grãos, bem como  na proteção contra estresses abióticos, como as geadas.

A adubação potássica favorece a formação e qualidade dos grãos, porque esse macronutriente é responsável por translocar os produtos das folhas (fotoassimilados) para os frutos. Função essa observada por Jose B. Matiello e Márcio L. Carvalho no artigo Efeito da aplicação de nitrato de potássio sobre o rendimento de frutos de cafeeiros.

No estudo, os pesquisadores constataram que as aplicações foliares de nitrato de potássio melhoram o enchimento dos frutos, apresentando um aumento de até 13% no rendimento e no tamanho dos grãos.

Já o papel do potássio na proteção contra estresses causados pelo frio, por exemplo, está relacionado principalmente com a sua capacidade de aumentar o ponto de congelamento da seiva, como destacado pelo Doutor em Fitotecnia Pedro Maranha Peche:

“Enquanto o cálcio e o boro são fundamentais para manter a membrana das células firmes e elásticas, o potássio, de forma geral, é como um lubrificante da planta.  O potássio auxilia na movimentação de compostos e fotoassimilados, o que proporciona uma alta concentração de açúcares na planta e que reduz ainda mais a temperatura letal.”

Mas, além dessas duas principais funções, também existem inúmeras outras que o potássio estará desempenhando, que são igualmente importantes para o pleno desenvolvimento e produtividade das plantas, como:

  • Regulação do potencial hídrico das células;
  • Ativação enzimática;
  • Crescimento celular;
  • Síntese proteica;
  • Fotossíntese.

 

O potássio tem funções importantes na cafeicultura.

Ao conhecer os diversos papéis que o potássio desempenha na cultura do café, já é possível visualizar os primeiros indicativos das melhores épocas para aplicar os fertilizantes potássicos na lavoura.

A aplicação do potássio nos cafeeiros

Compreender a melhor época para aplicar os fertilizantes potássicos nos cafeeiros é essencial para garantir um melhor aproveitamento de nutrientes pela lavoura.

Isso porque que existem diversos fatores que afetam a dinâmica do potássio e que podem favorecer as perdas de nutrientes no solo.

Solos com baixos teores de argila e matéria orgânica, associados à aplicação de fontes de potássio muito solúveis, por exemplo, podem favorecer as perdas de nutrientes por lixiviação e levar a expressão de sintomas de deficiência de potássio no café.

 

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Os 3 principais sintomas de deficiência de potássio no café.

Além da influência das condições do solo, a bienalidade do café também pode afetar o aproveitamento de nutrientes pela lavoura.

Ela pode ser caracterizada como um fenômeno que gera flutuações na produtividade em anos consecutivos de colheita de café, sendo que o valor do aproveitamento será tanto menor quanto menor for, também, a safra de café.

É o que destaca José Laércio Favarin e outros pesquisadores do estudo, Balanço nutricional em café: estudo de caso, ao analisar o baixo índice de aproveitamento do potássio (26%) observado pelos pesquisadores do IPNI Brasil.

Para, então, promover a melhoria desses índices é preciso aproximar ao máximo a taxa de liberação dos fertilizantes potássicos com a taxa de absorção de nutrientes pelas plantas.

Condição que pode ser alcançada ao conciliar a marcha de absorção de nutrientes do café à aplicação de fontes de potássio de liberação gradual.

Tradicionalmente, as recomendações sugerem a intensificação da aplicação de fontes de potássio na maturação do café.

Isso porque as maiores demandas de potássio da lavoura estão concentradas nesse período e grande parte dos fertilizantes convencionais usados ficam disponíveis na lavoura por um curto período de tempo, por serem muito suscetíveis a sofrer perdas por lixiviação.

Ou seja, a utilização dessas fontes de potássio acaba se tornando desvantajosa para o café, uma cultura que pode alcançar uma vida útil de até 20 anos. Por isso, os fertilizantes potássicos de liberação progressiva têm despontado como uma importante tecnologia para cafeicultura brasileira.

As fontes potássicas de liberação gradual têm uma taxa de disponibilização mais lenta e prolongada do nutriente para o solo e para as plantas, quando comparada aos fertilizantes convencionais. E isso permite uma série de benefícios, que vão desde a redução dos custos com aplicação à redução das perdas de potássio por lixiviação.

Benefícios estes que podem ser potencializados com a aplicação localizada do potássio, debaixo da saia do cafeeiro. A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado Minas Gerais (EMATER-MG), destaca que a aplicação localizada aumenta o aproveitamento e o efeito residual dos fertilizantes potássicos e também mitiga as perdas de nutrientes.

Mas, como, encontrar a dosagem adequada para a cultura de café?

Qual a dose ideal de potássio para o café?

Para encontrar a dose ideal de potássio para o café é preciso ir além do uso de valores de referências descritos em diversos livros e pesquisas.

Ela envolve a coleta e interpretação aprofundada de dados de todo o agroecossistema, considerando:

Todos esses dados evitam a subestimação ou superestimação das exigências nutricionais da lavoura, considerando seu potencial produtivo.

Como o potencial produtivo do cafezal apresenta oscilações, devido ao efeito da bienalidade, esse efeito deve ser considerado para o efeito de cálculo da faixa de produtividade e consequentemente das dosagens da adubação potássica.

Antônio Carlos Ribeiro e os demais autores do livro 5ª Aproximação recomendam que a determinação da faixa de produtividade pode ser feita de duas formas diferentes.

Se a produtividade esperada do ano em que se está trabalhando for inferior à metade daquela obtida no ano anterior (de alta), determina-se a faixa de produtividade como sendo a média entre as duas.

Já nos casos em que não houver produção, como é o caso das lavouras em formação ou ainda que tenham sofrido um processo de poda, a faixa de produtividade a ser considerada para o cálculo da adubação deve ser de fato a esperada.

Ampliar a visão da dinâmica do potássio é a chave para melhorar o manejo do potássio no café

Assim, o melhor manejo de potássio no café é alcançado quando se amplia a visão da dinâmica do potássio no agroecossistema, buscando melhorar o aproveitamento de nutrientes da lavoura ao utilizar tecnologias que favoreçam essa relação, como as fontes potássicas de liberação progressiva.

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