O potássio é um nutriente muito importante na cultura da soja, sendo o segundo mais requerido pela lavoura. Diante disso, é importante que o agricultor faça o manejo correto da adubação com potássio na soja. Para isto, é preciso saber quando e quanto aplicar desse nutriente. Descubra qual é o papel do potássio na cultura da soja e como realizar o manejo de maneira efetiva!
Qual a função do potássio na soja?
O potássio é um nutriente do grupo dos macronutrientes primários, juntamente com o nitrogênio e o fósforo. Encontrado na solução do solo como íon de carga positiva (K+), ele figura juntamente com os outros dois como os três nutrientes mais requeridos pelas plantas.
Esse alto nível de exigência de potássio pelas plantas se dá pelas diversas suas diversas funções no crescimento, metabolismo e reprodução vegetal. Dentre elas, podemos citar:
- Ativação enzimática;
- Síntese proteica;
- Fotossíntese;
- Transporte de fotoassimilados no floema;
- Crescimento celular;
- Regulação do potencial hídrico das células;
- Melhoria da qualidade de flores e frutos;
- Amenização de estresses bióticos e abióticos.
Na cultura da soja, o potássio também é um nutriente muito relevante. De fato, ele é o segundo nutriente mais requerido, ficando atrás apenas do nitrogênio.
Estimativas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) apontam que, para cada tonelada de grãos de soja produzidas, há a extração de quase 40 kg de potássio (K2O), sendo que praticamente metade dessa quantidade é exportada do local de plantio. Mas, qual a função do potássio na soja?
Tendo em mente as funções gerais do potássio nas plantas, na sojicultura é possível relacionar esse nutriente ao rendimento de grãos, matéria seca e altura das plantas.
Vitor Antigo e outros pesquisadores, por exemplo, estudaram a resposta de lavouras de soja ao potássio, no artigo Avaliação de parâmetros agronômicos da cultura da soja em resposta a diferentes doses de adubação potássica.
Nesse trabalho, os pesquisadores constataram que a adubação potássica teve uma influência positiva na:
- Produtividade: com incrementos de até 31%;
- Matéria seca: com incrementos de até 26%;
- Altura das plantas: alcançando até 92 cm.
Média da produtividade (PROD), massa seca da parte aérea (MSPA) e altura de planta (AP) de soja sobre diferentes dosagens de adubação potássica (T2, T3 e T4) sendo o tratamento 1 (T1) a testemunha.
(Fonte: ANTIGO, 2020)
Esses parâmetros contribuem para a melhoria da rentabilidade da lavoura. Por exemplo, um rendimento maior de grãos produzidos proporciona um maior retorno financeiro do investimento.
Já uma altura das plantas vai favorecer a eficiência da colheita mecânica, otimizando os processos produtivos.
Diante disso, é essencial que o manejo do potássio na soja seja feito de maneira adequada. Isso inclui saber quando aplicar o potássio na soja.
Quando aplicar potássio na soja?
A aplicação do potássio na soja deve ser feita antes que os sintomas de deficiência do nutriente apareçam na planta. Isso porque, uma vez que haja sintomas visuais significa que já haverá um comprometimento da produtividade da cultura.
Segundo a Embrapa, a deficiência de potássio em lavouras de soja pode provocar:
- Clorose nas bordas das folhas, que podem evoluir para necroses;
- Grãos pequenos, enrugados, deformados, com baixo vigor e poder germinativo;
- Vagens chochas;
- Atraso na maturação da planta;
- Hastes verdes;
- Retenção foliar.
Uma das maneiras para evitar o aparecimento desses sintomas visuais e perdas de produtividade, é a aplicação de doses de potássio suficientes para que o nutriente esteja disponível para a absorção das plantas durante o ciclo da cultura.
Para isso, o monitoramento das condições de fertilidade do solo é essencial. A análise de solo é uma ferramenta que auxilia nisso, mostrando ao agricultor qual o estado nutricional do solo e permitindo que haja um planejamento adequado.
Alguns estudos, como o trabalho Diferentes épocas e formas de aplicação de KCl (Cloreto de Potássio) na cultura da soja, dos pesquisadores Tiago Silveira de Avila e Evandro Luiz Nogarolli Casimiro, indicam que a melhor época para aplicar o potássio na soja é 15 dias antes ou 15 dias após a semeadura.
Vale lembrar, no entanto, que esse trabalho leva em consideração o Cloreto de Potássio como fonte de potássio para a soja. Embora esse fertilizante tenha 53% de potássio, ele também tem um alto teor de cloro, de 47%.
Como Tiago Silveira Ávila e Evandro Luiz Nogarolli Casimiro destacam em seu estudo, isso pode causar danos quando há contato direto com as sementes, além de que o uso de doses elevadas pode causar problemas como a salinização do solo.
Nesse sentido, o uso de fertilizantes potássicos que não tenham excesso de cloro pode ser uma vantagem para a soja, já que evita o excesso desse elemento no solo.
Além disso, fontes de potássio de liberação gradual, que tenham um efeito residual duradouro no solo, podem otimizar as lavouras que utilizam sistemas de sucessão, muito comuns na cultura da soja. Isso porque, assim, os níveis de potássio no solo se mantêm ao longo dos ciclos das culturas.
As fontes de potássio de liberação gradual têm muitas vantagens para a lavoura.
No caso do uso dessas fontes, é preciso que o agricultor esteja atento à construção da fertilidade do solo, através do uso de métodos de análise de solo adequados para monitorar a resposta ao manejo agrícola.
Mas, entendido o momento da aplicação, qual é a dose ideal de potássio para a soja?
Qual a dose ideal de potássio para a soja?
A dose ideal de potássio para a soja deve ser definida em função de alguns parâmetros. São eles:
- Exigência da cultura;
- Textura do solo;
- Disponibilidade dos nutrientes no solo.
Por isso, o conhecimento da lavoura é essencial para determinar a dose de potássio a ser aplicada na soja. A análise de solo, por exemplo, ajuda a conhecer a textura do solo e a disponibilidade do nutriente.
Já o tipo de cultivar e o tipo de manejo implementado são fatores que interferirem na dose de fertilizante a ser aplicada.
Por exemplo, Luiz Tadeu Jordão e outros pesquisadores, no artigo Nível crítico de potássio em folhas de soja com tipo de crescimento indeterminado, destacam que a maior exigência de potássio verificada nas variedades recentes se deve a dois fatores: maior potencial produtivo e precocidade do ciclo.
Mas, usualmente, existem recomendações gerais feitas para cada região. Por exemplo, na Circular Técnica 50, a Embrapa recomenda que, para os solos das regiões de cerrado, sejam aplicados 20Kg de K2O para cada tonelada de soja que se espera produzir.
Essas recomendações devem ser levadas em consideração juntamente com os dados obtidos através das análises de solo, análises foliares e recomendações de um agrônomo que possa ajudar a preparar o manejo da lavoura.
Pensar no manejo como um todo é a chave para o sucesso da lavoura
No manejo do potássio na soja, além de entender quando e quanto aplicar, é preciso também que o agricultor esteja atento a fatores que possam afetar a disponibilidade de potássio no solo. É o caso, por exemplo:
- Da natureza e quantidade de minerais de argila;
- Do pH;
- Da natureza dos cátions trocáveis.
Por isso, ações de correção do solo, como a aplicação de calcário, precisam ser bem planejadas, já que o excesso de Cálcio e Magnésio no solo pode interferir na disponibilidade do potássio.
Pensar no manejo agrícola como um todo, considerando o tipo de cultivar, tipo de solo, ações corretivas e o tipo de fertilizante potássico adequado são fatores chaves para o sucesso da lavoura de soja!