O setor agrícola brasileiro enfrenta um desafio à medida que as compras de sementes para o milho safrinha de 2024 permanecem 42 pontos percentuais atrasadas em comparação com a média dos últimos três anos. E isso foi um destaque das notícias agrícolas da semana.
A desaceleração nas aquisições é uma resposta direta à recente queda nos preços do milho, que levou muitos produtores a se afastarem do mercado comprador.
Dados fornecidos pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que, em 2023, o Brasil plantou uma extensão de 17,179 milhões de hectares com milho na segunda safra, resultando em uma produção total de 102,179 milhões de toneladas.
No entanto, as projeções para 2024 são menos otimistas, com a Conab estimando um plantio de 16,403 milhões de hectares e uma produção de 91,271 milhões de toneladas, representando quedas significativas de 4,5% e 10,72%, respectivamente.
Esse cenário de desânimo entre os produtores de milho é destacado por Ênio Fernandes, Consultor de Agronegócio da Terra Agronegócios, em entrevista ao portal Notícias agrícolas. Ele observa ainda que as vendas de sementes de milho safrinha e fertilizantes nitrogenados para a segunda safra estão em um momento desfavorável.
Segundo Fernandes, “A Conab está reduzindo as projeções de plantio para o milho verão e a safrinha. O produtor está desanimado, as vendas de sementes de milho safrinha no Brasil estão fracas, assim como as vendas de insumos nitrogenados.”
Já Vlamir Brandalizze, Analista de Mercado da Brandalizze Consulting, acredita que a redução no ritmo das compras de sementes é uma resposta direta à queda nos preços do milho.
Ele aponta que, nos anos anteriores, os produtores estavam vendendo o milho a preços entre R$ 70,00 e mais de R$ 100,00 a saca, enquanto atualmente o mercado varia entre R$ 30,00 e R$ 50,00 por saca, desestimulando o investimento em insumos, especialmente fertilizantes e ureia para a safra seguinte.
Por sua vez, uma pesquisa realizada pela consultoria Agrinvest revela que, até o início de outubro, os produtores brasileiros compraram apenas 34% das sementes necessárias para o plantio da safrinha de 2024, em comparação com a média de 76% dos últimos três anos.
A alta relação de troca e as preocupações com o plantio da soja e as condições climáticas adversas têm contribuído para a desaceleração dos negócios de insumos da safra 2024.
De acordo com Marcos Araújo, Analista da Agrinvest, “As compras estão atrasadas devido à alta relação de troca, o que reduziu consideravelmente o poder de compra dos produtores. Além disso, muitos estão focados no plantio da soja e preocupados com o clima adverso, o que deixou as negociações de insumos da safrinha de 2024 praticamente paralisadas.”
A pesquisa da consultoria Agrinvest também aponta para uma relação de troca historicamente alta entre o milho safrinha e as sementes, com uma média de 20 sacas por hectare na região do Médio Norte do Mato Grosso em 2024. Em comparação, essa relação foi de 12,4 sacas por hectare em 2023, 9,4 sacas por hectare em 2022 e 7,7 sacas por hectare em 2021.
Apesar desse cenário desafiador, Brandalizze acredita que ainda há tempo para reverter a situação, especialmente à medida que alguns insumos, como a ureia, mostram sinais de melhora nos preços:
“A princípio, não acredito que o produtor vai diminuir muito a tecnologia. Algumas economias serão feitas, mas ele não tem muita opção para mudar de safrinha. A ureia teve uma boa reviravolta nos últimos dois ou três meses, passando de mais de R$ 300,00 a saca no ano passado para cerca de R$ 100,00 ou R$ 110,00 agora. Ainda há sementes de milho disponíveis, e gradualmente os produtores devem voltar, mas este é um dos anos mais lentos que já testemunhamos”.
Estar atento às notícias agrícolas e procurar alternativas para a compra de insumos agrícolas, como fertilizantes à pronta-entrega, pode ser a chave para o agricultor
Diante desse cenário, é importante que o agricultor esteja atento e planeje bem as suas ações, a fim de evitar que o manejo e a safra sejam prejudicados. Nesse sentido, um passo importante é acompanhar as notícias agrícolas sobre o mercado.
Outro passo é procurar meios de mitigar os desafios que o cenário atual traz, principalmente em relação às compras de insumos atrasadas.
Nesse sentido, o agricultor pode procurar fertilizantes à pronta-entrega, como os fertilizantes nacionais, que também têm a vantagem de ter um custo-benefício mais proveitoso em relação aos fertilizantes importados.