Também conhecido como Salitre, o nitrato de potássio é um dos fertilizantes utilizados para suprir as demandas de nitrogênio e potássio das plantas. Esses são dois dos três macronutrientes mais exigidos e consequentemente os que levam aos maiores gastos nos sistemas produtivos.
Esses gastos tornam-se ainda mais expressivos com o dólar em alta e o fato de que mais de 70% dos fertilizantes consumidos no Brasil são importados, segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA).
Entenda o que é o nitrato de potássio, seu uso como fertilizante e se ele é a melhor alternativa de adubação, considerando os custos e benefícios oferecidos pelo insumo.
A importância do nitrato de potássio como fonte de macronutrientes
A adubação com nitrato de potássio é uma finalidade recente atribuída ao insumo, quando comparada ao seu longo histórico com a produção de materiais explosivos, cuja invenção remonta ao século IX com a Dinastia Tang na China.
Esse composto químico é obtido por meio da purificação do nitrato de sódio, quando ele é metabolizado junto a uma solução de cloreto de potássio. Atualmente o Chile é responsável por grande parte da produção mundial.
Fábrica abandonada de beneficiamento Salitre no deserto do Atacama (Chile). O deserto é conhecido por possuir atualmente uma das maiores reservas de salitre natural do planeta.
(Fonte: Wikimedia Commons – rewbs.soal, CC BY-SA 2.0)
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), ao final do processo de purificação o nitrato de potássio apresenta em sua composição 13% de nitrogênio e 44% de potássio, com pequenas variações entre os fabricantes. Esses dois elementos são nutrientes essenciais que atuam em processos indispensáveis para o desenvolvimento pleno das plantas, como o crescimento e absorção de água e nutrientes.
Além disso, o nitrato de potássio é um dos fertilizantes potássicos mais versáteis, por sua aplicação poder ser feita em diferentes momentos do ciclo produtivo, como adubo de base, cobertura e foliar. Isso acontece devido a presença do nitrogênio em sua composição e a sua alta solubilidade.
Por ser altamente solúvel, ele também pode compor soluções nutritivas na hidroponia e já vem sendo utilizados em sistemas hidropônicos com morango, tomate, entre outros.
Os efeitos da sua aplicação também foram comprovados em sistemas de cultivo convencionais como algodão e cana-de-açúcar. Em estudos conduzidos no estado de São Paulo, o nitrato de potássio atuou como indutor de maturação e aumentando a produtividade das culturas.
Segundo a pesquisadora da Embrapa, Ana Luiza Dias Coelho Borin, no documento Adubação do Algodoeiro no Ambiente de Cerrado, esses efeitos são possíveis quando a adubação é feita avaliando a fertilidade do solo e identificando em qual fase a área se encontra:
- Correção: níveis de nutrientes muito baixos, baixos ou médios;
- Manutenção: níveis de nutrientes altos;
- Reposição: níveis de nutrientes muito altos (acima do nível ótimo).
Os benefícios do nitrato de potássio não se limitam à nutrição da planta. Ele também tem um papel importante em sistemas sobre estresse salino, reduzindo a absorção de sódio e aumentando a absorção de outros cátions, como cálcio e potássio.
Entretanto, apesar da sua versatilidade e contribuição, o nitrato de potássio tem algumas sérias desvantagens para o agricultor.
Os problemas do nitrato de potássio
Mesmo com seus diversos benefícios, o nitrato de potássio apresenta um problema referente à lixiviação dos nutrientes. A sua alta solubilidade faz com que em solos de baixa capacidade de troca catiônica (CTC), os nutrientes não fiquem retidos nas camadas onde a planta realiza o processo de absorção.
Além disso, no Brasil a dependência de suplementação nutricional nos sistemas intensivos de monocultivo é tão grande que a ANDA estimou que o Brasil é responsável por cerca de 7% do consumo global de fertilizantes, ficando atrás apenas da China, Índia e dos Estados Unidos.
Essa grande demanda traz uma questão a mais no cenário da agricultura nacional, a dependência do mercado externo. No caso dos dois macronutrientes que compõem o nitrato de potássio, a importação de fontes de nitrogênio chega a mais de 80% e de fontes potássio a mais de 95%
O economista, especialista Tributário e ex-Deputado Federal, Luiz Carlos Hauly e o Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e articulista de jornais, revistas e sites especializados, Décio Gazzoni debateram no Encontro com Gigantes sobre os motivos de os insumos agrícolas brasileiros são mais caros:
Usar nitrato de potássio ainda vale a pena?
Considerando os benefícios do nitrato de potássio para as plantas, ele se mostra uma fonte eficiente para nutrir as plantas. Entretanto, é preciso que sejam observadas as particularidades para o uso do insumo.
A primeira delas é avaliar corretamente a fertilidade do solo, para identificar as quantidades ideais para aplicação do nitrato de potássio de acordo com as exigências das plantas. E a segunda, analisar as propriedades físicas e químicas do solo antes de realizar a aplicação, para garantir que os nutrientes fiquem retidos no seu sistema de cultivo.
Além disso, a forte dependência do mercado externo e os problemas como a constante alta do dólar podem fazer com que o custo do nitrato de potássio fique elevado para o agricultor brasileiro.
Por isso, também é imprescindível que o produtor esteja atento as tendências do mercado e das novas fontes de fertilizantes potássicos nacionais que surgem com o avanço das tecnologias, como o Siltito Glauconítico.