O estresse hídrico é um fator ao qual os agricultores estão sempre atentos, uma vez que a sua ocorrência pode provocar consequências que comprometem a produtividade e a qualidade da lavoura. E isso não é diferente com o eucalipto. Mas você sabia que a adubação potássica e bórica pode ajudar a reduzir os efeitos dessa condição? Entenda o porquê e por qual razão utilizar fontes combinadas de potássio e boro pode ser vantajoso!
Os danos do estresse hídrico no eucalipto e a ação do potássio na redução deles
O estresse hídrico é um dos fatores mais limitantes na produtividade do eucalipto. Isso é ainda mais relevante quando se leva em consideração as condições de expansão da cultura do eucalipto para regiões como a do cerrado.
É o que observa a pesquisadora Julenice Bonifácio De Oliveira Rocha em seu trabalho Resiliência de clones de eucalipto ao défice hídrico e nutricional.
Ela ainda destaca que, nessas regiões, a limitação hídrica que é geralmente observada nos meses de inverno causa um menor crescimento inicial de plantios realizados nesse período. Mas, quais os impactos do estresse hídrico no eucalipto?
De forma geral, o estresse hídrico afeta fatores fisiológicos e metabólicos das plantas, que em condições hídricas escassas, tentam manejar o uso da água da melhor forma possível. Entretanto, isso acaba afetando a taxa de sobrevivência, crescimento e produtividade.
Em sua revisão bibliográfica, Julenice Bonifácio destaca que, no eucalipto, o estresse hídrico tem influência negativa na matéria seca da árvore, bem como na taxa de crescimento em decorrência do fechamento dos estômatos.
Isso acontece porque esse fechamento faz com que haja redução da concentração de gás carbônico nos locais de carboxilação, além de deficiências do metabolismo no mesófilo que ocasionam reduções fotossintéticas.
Nesse sentido, a adubação com potássio e boro pode ajudar o produtor a reduzir os danos do estresse hídrico no eucalipto, em decorrência tanto do sinergismo desses nutrientes bem como da ação deles nas plantas.
O potássio é um macronutriente altamente importante para a cultura do eucalipto, devido às diversas funções que ele exerce nessa cultura. Entre tais funções, está justamente a indução da resistência ao estresse hídrico.
O autor Renato de Mello Prado, por exemplo, ressalta em seu livro Nutrição de Plantas, que plantas com boa nutrição potássica apresentam maior eficiência no uso da água. Isso está ligado à influência desse nutriente na abertura dos estômatos celulares das plantas.
Os estômatos são estruturas constituídas por um conjunto de células localizadas na epiderme inferior das folhas. Dentro da fisiologia vegetal, eles são responsáveis principalmente pela respiração celular, regulando a passagem de gás carbônico (CO2) e a transpiração celular.
Esse efeito positivo do potássio na regulação do funcionamento dos estômatos também é destacado por Ronaldo L.V. de Arruda Silveira e pelo renomado agrônomo Eurípedes Malavolta, no artigo Nutrição e adubação potássica em eucalyptus.
Mas e o boro? Como ele age na redução do estresse hídrico no eucalipto?
O papel do boro na redução dos efeitos do estresse hídrico no eucalipto
O boro é um micronutriente, ou seja, que é requerido em pequenas quantidades pelas plantas. Entretanto, ele tem uma alta relevância e muitas vezes é um fator limitante no crescimento e desenvolvimento delas.
De fato, Ronaldo L.V. de Arruda e outros pesquisadores afirmam, no artigo Nutrição e adubação com boro em eucalyptus, que o boro é considerado o micronutriente que apresenta os níveis mais limitantes no solo.
Entre as diversas funções do boro na fisiologia e no metabolismo vegetal, está o seu envolvimento no desenvolvimento radicular e na garantia da integridade da membrana celular.
Além disso, as raízes, estruturas responsáveis pela captação de água e nutrientes nas plantas, são muito afetadas pela deficiência de boro. Assim, plantas de eucalipto com pouca disponibilidade de boro acabam apresentando:
- Baixo número de raízes finas;
- Redução no número de micorrizas arbusculares;
- Menos permeabilidade da membrana plasmática;
- Menos condutância hidráulica do xilema.
Em razão das interações metabólicas e fisiológicas do boro na planta, a sua deficiência no eucalipto também vai exacerbar os efeitos danosos do estresse hídrico. É o que explica o pesquisador Flancer Novais Nunes, no trabalho Crescimento e expressão gênica em clones de eucalipto influenciados pelo boro e déficit hídrico.
Na revisão bibliográfica desse estudo, Flancer Novais destaca que a falta de boro induz a despolarização da membrana plasmática das células, afetando a absorção de nutrientes como o potássio.
Além disso, em condições de deficiência de boro, há uma menor quantidade de aquaporinas, que são canais de absorção de água na membrana plasmática. Isso está ligado ao baixo suprimento de boro e ao próprio estresse hídrico.
Sinais visuais de estresse hídrico em plantas de eucalipto cultivadas em diferentes condições: nas imagens A e B com ausência de boro e sob limitações hídricas; na imagem C sem deficiência de boro e na imagem de D com deficiência de boro (Fonte: NUNES, 2010)
Em seu trabalho, Flancer Novais também avaliou a influência da adubação potássica em dois tipos de clones de eucalipto em condições de estresse hídrico e verificou que a adição de boro propiciou maior taxa fotossintética, condutância estomática e transpiração nos dois clones.
Tendo isso em vista, é importante que o agricultor faça uma boa adubação com potássio e boro no eucalipto. Mas, de que forma ele pode fazer esse manejo de maneira mais adequada?
A importância de utilizar fontes de potássio e boro de maneira adequada
No artigo Influência da adubação potássica e bórica na tolerância ao déficit hídrico em clones de eucalipto, Kamilla Emmanuelle Carvalho de Almeida e outros pesquisadores chamam a atenção para a adubação adequada com potássio e boro no eucalipto.
Nesse artigo, eles avaliaram que o excesso tanto do potássio quanto do boro acabou intensificando os efeitos do estresse hídrico no eucalipto.
No caso do potássio, é importante ressaltar que a fonte utilizada por Kamilla Emmanuelle e seus colegas no estudo foi uma fonte com alta solubilidade em água e com alto teor de cloro, o que acaba aumentando os níveis de lixiviação do potássio e a salinidade do solo.
Esse último parâmetro, inclusive, pode reduzir a disponibilidade de água no solo. Assim, o uso de fontes de liberação gradual e livres de cloro é uma saída importante para evitar que esses efeitos acabem prejudicando a cultura do eucalipto.
Já o boro, por ser um micronutriente, não é requerido em grandes quantidades e o seu excesso pode acabar prejudicando as plantas. Assim, o uso de fontes combinadas de potássio e boro se configura uma opção interessante para que o agricultor otimize o manejo e evite que isso aconteça.
Aqui, é importante que ele esteja atento ao tipo de fertilizante fonte de potássio e boro utilizado, já que muitas vezes, quando a granulometria das matérias-primas não é uniformizada, isso pode gerar um efeito chamado de segregação.
Com a segregação, os nutrientes são distribuídos de maneira irregular, com parcelas da área recebendo excesso de fertilizante e outras recebendo pouco.
A segregação de nutrientes pode afetar a efetividade de fontes de potássio e boro
O BAKS®, produzido pela Verde Agritech, por exemplo, é um fertilizante multinutriente que pode fornecer boro e potássio para o eucalipto de maneira adequada, além de outros nutrientes como o enxofre e também o silício.
As matérias-primas principais que ele usa como fonte de potássio e boro passam por processos de produção que utilizam tecnologias exclusivas e que garantem que não haja efeito de segregação, além de outros benefícios importantes para otimizar o manejo.
Dessa maneira, estando atento à nutrição potássica e bórica, o produtor pode reduzir os efeitos do estresse hídrico no eucalipto e ter mais produtividade!
O uso de fontes combinadas de potássio e boro pode otimizar o manejo e evitar danos do estresse hídrico
Em síntese, o estresse hídrico pode ter impactos muito negativos na cultura do eucalipto, limitando o crescimento e a produtividade das árvores.
Considerando a expansão das áreas de cultivo para regiões como o cerrado e também fatores como as crescentes instabilidades climáticas, é importante que o produtor busque meios de evitar que o estresse hídrico afete a sua plantação.
Nesse sentido, a utilização de fontes combinadas de potássio e boro, que sejam adequadas e otimizem o manejo, pode ser uma ferramenta de alto valor, já que esses nutrientes ajudam as plantas a lidar de maneira melhor com o estresse hídrico!