O uso de fertilizantes solúveis com elevados teores de nutrientes, como o sulfato de potássio, tem sido uma prática recorrente para otimizar o manejo nutricional na agricultura. Entretanto, o desempenho do sulfato de potássio vem atrelado a algumas limitações. Entenda mais sobre elas.
A função do sulfato de potássio na agricultura
O sulfato de potássio (K2SO4) é um fertilizante químico, obtido através da combinação do Cloreto de Potássio (KCl) com o ácido sulfúrico (H2SO4) ou com a quieserita (MgSO4.H2O) ou ainda pela neutralização do ácido sulfúrico com o hidróxido de potássio (KOH).
A partir da fórmula química (K2SO4), é possível inferir a função do sulfato de potássio na agricultura: ser uma fonte de potássio e enxofre, dois nutrientes muito importantes para o desenvolvimento e metabolismo das plantas.
Enquanto o potássio (K) é um macronutriente primário envolvido em funções essenciais para o desenvolvimento das plantas, como a fotossíntese e o crescimento celular, o enxofre (S) é um macronutriente secundário ligado principalmente a funções do metabolismo das plantas, como a respiração e a síntese de vitaminas e proteínas.
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A contribuição dos nutrientes para o metabolismo da planta.
Quando comparado ao Cloreto de Potássio (KCl), o fertilizante potássico mais utilizado na agricultura, o sulfato de potássio apresenta um menor teor de cloro e um menor índice salino por unidade de potássio (K2O), com cerca de 46%.
Ainda assim, seu índice salino é considerado elevado e é responsável pela sua primeira limitação na agricultura: o potencial para salinizar solos.
O que é a salinização e quais são os seus efeitos no solo?
O processo de salinização acontece quando existe uma crescente concentração de cristais salinos no solo. Ele pode ocorrer naturalmente, quando o solo é rico em sais solúveis, denominado salinidade primária, ou pode ser provocado pelas ações humanas, denominado salinidade secundária.
No artigo Influence of Salinity and Water Content on Soil Microorganisms, a pesquisadora Petra Marschner, juntamente com outros colegas, analisou as consequências da alta salinidade e destacou:
- Redução do potencial de crescimento das plantas;
- Acidificação do solo;
- Redução de atividades enzimáticas que levam a perdas de produtividade e rentabilidade;
- Diminuição das populações de microrganismos do solo.
Como o sulfato de potássio não apresenta um efeito residual de nutrientes no solo, ele precisa ser reaplicado a cada novo ciclo ou fase da cultura. Essas reaplicações levam ao acúmulo crescente de sais no solo que podem levar ao processo de salinização, prejudicando o desenvolvimento das culturas, como explica a Mestre em Produção Vegetal Ana Clara Pimenta:
A ausência do efeito residual de nutrientes combinada a elevada solubilidade do sulfato de potássio leva a segunda limitação desse fertilizante: o potencial para sofrer perdas de nutrientes pelo processo de lixiviação.
O que é o processo de lixiviação e quais as suas consequências?
O processo de lixiviação na agricultura é definido geoquimicamente ou geologicamente como qualquer processo de extração ou solubilização seletiva de nutrientes do solo pela ação da água.
Ainda existem alguns fatores que podem potencializar o processo de lixiviação, como:
- Excesso de umidade;
- Alto volume de chuvas;
- Baixa capacidade de troca catiônica (CTC) do solo;
Fontes muito lixiviáveis trazem consequências a longo prazo para o produtor. Isso porque parte dos nutrientes que são colocados no solo são perdidos, fazendo com que a adubação seja menos eficiente e reduzindo a fertilidade do solo ao longo dos anos.
Como o sulfato de potássio apresenta uma elevada solubilidade, de cerca de 105g/L a 20ºC, ele consequentemente apresenta uma alta mobilização vertical no solo e potencial para perder seus nutrientes para as camadas mais profundas do solo.
A elevada solubilidade também traz consigo outro problema, a disponibilização imediatade praticamente toda a concentração de nutriente presente no fertilizante. Além de ser uma característica que facilita a ocorrência do processo de lixiviação dos nutrientes, isso faz com que a planta tenha um período curtopara absorver os nutrientes independentemente da sua demanda nutricional atual.
Porém, fisiologicamente, as plantas precisam dos nutrientes em diferentes estádios de desenvolvimento e não somente em um momento específico, limitando, assim, o desempenho do potássio e do enxofre.
Quantidades acumuladas totais de macronutrientes no milho em função da época de coleta. (Fonte: GARCIA, G. O. et al – 2007)
Considerando essas diversas limitações do sulfato de potássio, existem outras possibilidades para nutrição com potássio e enxofre?
Novas tecnologias impulsionaram novas fontes de potássio e enxofre
Mesmo que o sulfato de potássio seja um fertilizante com um teor elevado de potássio e significativo de enxofre, o seu índice salino e potencial para lixiviação inviabilizam o uso intensivo desse fertilizante na agricultura.
Além disso, o alto valor do sulfato de potássio no mercado também limita a viabilidade econômica do uso desse fertilizante. Então, existem alternativas para o agricultor? Com investimento na pesquisa e tecnologias nos últimos anos, novas fontes de potássio e enxofre foram viabilizadas: o Siltito Glauconítico e o enxofre elementar micronizado.
O Siltito Glauconítico é uma fonte potássica multinutriente explorada na região de São Gotardo, em Minas Gerais, que apresenta liberação gradual de nutrientes e um ínfimo índice salino de 0,17%.
Enquanto a tecnologia de micronização do enxofre elementar proporciona uma elevada performance, facilitando o trabalho dos microrganismos que fazem oxidação do enxofre elementar e garantindo uma aplicação mais uniforme.
Dessa forma, o constante investimento na pesquisa e tecnologia permite que o agricultor desfrute cada vez mais de fontes de nutrientes capazes de extrair o máximo potencial da sua lavoura.