Como O Potássio Pode Auxiliar Na Diminuição Dos Danos Da Geada Na Soja?

Como o potássio pode auxiliar na diminuição dos danos da geada na soja?

O clima é um fator muito relevante na agricultura e sobre o qual o agricultor não tem controle. Entretanto, ações como a adubação potássica adequada podem ser ferramentas para lidar com os efeitos causados por condições climáticas, como as geadas. Descubra quais são e como o potássio pode auxiliar na diminuição dos danos da geada na soja!

Quais são os danos da geada na soja?

O fenômeno das geadas está relacionado com as baixas temperaturas. No Brasil, a ocorrência delas é mais comum nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Todavia, de acordo com dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), as geadas vêm se tornando cada vez mais recorrentes desde 1970.

As mudanças climáticas, que intensificam eventos climáticos como o La Niña, que provoca a queda das temperaturas no Brasil, podem estar relacionadas com esse aumento de frequência das geadas.

Para se ter uma ideia, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), o La Niña que agora está em ação pode se estender até o início de 2023, algo incomum para esse evento.

Embora tenham como denominador comum a baixa temperatura, fatores como a topografia, a vegetação e o aspecto visual podem fazer com que haja diferentes classificações das geadas. Mas, como as geadas afetam as plantas e por que elas são tão prejudiciais para as culturas agrícolas, incluindo a soja?

De maneira geral, esses fenômenos podem danificar os tecidos vegetais, prejudicando a produtividade das lavouras. Além disso, em casos mais graves pode inclusive ocorrer a morte das plantas.

Os danos causados pelas geadas são uma consequência da formação de cristais de gelo dentro das plantas. Formação essa que pode ser:

  • Intercelular, quando ela acontece no espaço entre as células;
  • Intracelular, quando ela acontece dentro das próprias células.

A consequência disso é um desequilíbrio do potencial químico da água dentro da estrutura das plantas. Isso, por sua vez, faz com que haja um fluxo contínuo da solução intracelular para a solução extracelular.

Tal situação progride para a ocorrência da morte das células e, em consequência, de partes da planta ou da planta toda. Além disso, pode acontecer também o congelamento da seiva das plantas, o que leva ao rompimento dos vasos condutores e à necrose dos tecidos. O resultado disso é:

  • A desidratação das células;
  • A perda do potencial de turgescência;
  • A redução do volume celular;
  • A ruptura da membrana plasmática.

Aqui, vale lembrar que a intensidade dos danos causados pela geada varia de acordo com cada espécie de planta, já que algumas possuem mais ou menos resistência às baixas temperaturas.

Todavia, sempre há um limite de temperatura em que os efeitos da geada serão letais para as plantas, comprometendo severamente a produção da lavoura.

A soja é uma cultura tipicamente de verão, o que faz com que ela tenha uma resistência menor às baixas temperaturas que outras culturas, sendo a sua temperatura letal em torno dos -3ºC.

Temperaturas Letais, Em ºc Negativos, De Algumas Culturas De Ciclo Anual

Temperaturas letais, em ºC negativos, de algumas culturas de ciclo anual (Fonte: SENTELHAS e ANGELLOCI,  2012)

Além de práticas como a observação regular do clima e a irrigação adequada da lavoura, o agricultor pode também investir na adubação potássica adequada da lavoura para se prevenir dos efeitos da geada.

Mas, como o potássio pode ajudar a reduzir os danos da geada na soja?

O papel do potássio na redução dos danos da geada na soja

O potássio é um macronutriente primário, ou seja, ele não somente é essencial para o crescimento e desenvolvimento das plantas, mas também é requerido em grandes quantidades.

De fato, na cultura da soja, o potássio é o segundo nutriente mais requerido, ficando atrás apenas do nitrogênio.

Essa grande necessidade de potássio está ligada com as, funções que o potássio exerce no crescimento das plantas, que incluem:

  • A ativação enzimática;
  • A síntese proteica;
  • A fotossíntese;
  • O transporte de fotoassimilados no floema;
  • O crescimento celular;
  • A melhoria da qualidade de flores e frutos;
  • A regulação do potencial hídrico das células;
  • A amenização de estresses bióticos e abióticos.

A última função citada é justamente o que faz do potássio um aliado do agricultor para minimizar os danos da geada na soja.

Isso acontece por causa da interação fisiológica e metabólica desse nutriente nas plantas, que ajuda a promover a redução do ponto de congelamento da seiva das plantas de algumas culturas, entre elas a soja.

Outra forma de ação do potássio na redução dos danos da geada na soja é explicada pelo Dr. Pedro Maranha explica em sua participação no evento Encontro com Gigantes:

“Enquanto o cálcio e o boro são fundamentais para manter a membrana das células firmes e elásticas, o potássio, de forma geral, é como um lubrificante da planta.  O potássio auxilia na movimentação de compostos e fotoassimilados, o que proporciona uma alta concentração de açúcares na planta e que reduz ainda mais a temperatura letal.”

Entre as estratégias que o agricultor pode utilizar para se prevenir dos danos causados pela geada, está a adubação potássica.

Mas, como o agricultor pode otimizar a adubação potássica da soja?

Estratégias para otimizar a adubação potássica da soja

Para que a adubação com potássio na soja seja mais eficiente, o primeiro passo é entender as condições de fertilidade do solo.

Nesse sentido, a análise de solo adequada é essencial, já que ela mostra quais são os níveis de potássio no solo. Entretanto, o uso de métodos adequados para isso é muito importante, já que nem todos eles levam em conta o potássio não-trocável do solo, que também tem uma contribuição importante na nutrição vegetal.

Para isso, o monitoramento das condições de fertilidade do solo é essencial. A análise de solo é uma ferramenta que auxilia nisso, mostrando ao agricultor qual o estado nutricional do solo e permitindo que haja um planejamento adequado.

Esse conhecimento amplo do solo ajuda o agricultor a tomar decisões mais assertivas no manejo do potássio, como por exemplo quando e quanto aplicar de potássio, além do tipo de fertilizante que ele vai utilizar na sua lavoura.

Em relação a época de aplicação, alguns estudos como o artigo Diferentes épocas e formas de aplicação de KCl (Cloreto de Potássio) na cultura da soja, dos pesquisadores Tiago Silveira de Avila e Evandro Luiz Nogarolli Casimiro, indicam que a melhor época para aplicar o potássio na soja é 15 dias antes ou 15 dias após a semeadura.

Entretanto, aqui vale destacar que essa pesquisa usa o Cloreto de Potássio (KCl) como fonte de potássio para a soja. Embora esse fertilizante tenha 53% de potássio, ele também tem um alto teor de cloro, de 47%.

Os autores destacam que isso pode trazer consequências danosas quando há um contato direto do fertilizante com as sementes, além de que o uso de doses elevadas pode causar problemas como a salinização do solo.

Nesse âmbito, a compreensão da importância dos reservatórios de potássio do solo além do potássio não-trocável abre espaço para o uso de fontes de potássio de liberação gradual e que sejam livres de cloro em sua composição, o K Forte® e o BAKS®.

Essas fontes também são menos suscetíveis à lixiviação, o que reduz as perdas de fertilizante e torna o manejo mais otimizado.

Além disso, elas têm efeito residual duradouro no solo que ajuda a construir e manter a fertilidade do solo. Vale lembrar também da vantagem disso para as lavouras que utilizam sistemas de sucessão, muito comuns na cultura da soja, já que os níveis de potássio no solo se mantêm ao longo dos ciclos das culturas.

Quanto à dose ideal de potássio para a soja existem alguns parâmetros que devem ser levados em consideração, tais como:

  • A exigência da cultura;
  • A textura do solo;
  • A disponibilidade dos nutrientes no solo.

A análise do solo, o conhecimento da cultivar utilizada e as expectativas de produção ajudam a determinar esses parâmetros. Além disso, existem recomendações gerais feitas para cada região agrícola.

Para regiões de cerrado, por exemplo, a Embrapa recomenda na Circular Técnica 50 que sejam aplicados 20Kg de K2O para cada tonelada de soja que se espera produzir.

Levando essas recomendações, juntamente com o acompanhamento feito através de análises foliares e a orientação de um agrônomo, o agricultor pode realizar um manejo da adubação potássica mais assertivo.

O potássio pode ser um aliado importante para minimizar os danos da geada na soja

Assim, em síntese, graças às suas importantes funções na fisiologia e no metabolismo das plantas, o potássio é um aliado importante na prevenção e redução dos danos da geada na soja.

Por isso, é importante que o agricultor esteja atento ao manejo desse nutriente da lavoura, utilizando técnicas e fontes adequadas para que a adubação potássica seja assertiva e otimizada!

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