O potássio é um macronutriente primário, o que significa que ele é requerido em grandes quantidades pelas plantas para se desenvolverem. Isso não é diferente na cultura do milho, por isso é preciso que o manejo nutricional do potássio seja feito com cuidado. Veja cinco ações para otimizar a adubação com potássio no milho!
A importância do potássio no milho
As principais funções do potássio nas plantas estão ligadas à ativação enzimática, crescimento celular, melhoria da qualidade de flores e frutos e amenização de estresses bióticos e abióticos, entre outras.
No milho, o potássio é um dos nutrientes mais requeridos e exportados, tendo influência sobre parâmetros importantes para avaliar o desempenho agronômico da cultura. É o que apontam Fabiano André Petter e outros pesquisadores, no artigo Doses e épocas de aplicação de potássio no desempenho agronômico do milho no cerrado piauiense.
Entre as variáveis analisadas pelos pesquisadores, estão:
- Altura das plantas;
- Diâmetro do colmo;
- Altura de inserção de espiga;
- Produtividade de grãos.
Produtividade de grãos de milho em função de doses de potássio em latossolo amarelo do cerrado piauiense. (Fonte: PETTER et al., 2016)
Além disso, a presença de potássio em níveis adequados aumenta a espessura da cutícula e da parede celular das plantas, conferindo maior resistência aos tecidos vegetais.
Aliado ao fato de também estar relacionado ao acúmulo de substâncias com ações fungistáticas, isso dificulta a penetração e o progresso da infecção por agentes fitopatogênicos.
É o que indicam os resultados do estudo Efeito do nitrogênio e do potássio na intensidade da Antracnose Foliar (Colletotrichum graminicola) e na nutrição mineral do milho.
Nessa pesquisa, Diego de Oliveira Carvalho concluiu que a adubação potássica influenciou significativamente o período de latência do fungo em até 21,7%, o que reduz a quantidade de esporos produzidos e consequentemente o tamanho e a quantidade de lesões na planta.
Diante disso, como otimizar a adubação com potássio no milho e evitar o aparecimento dos sintomas de deficiência desse nutriente para a cultura?
1. Estar atento à aplicação do potássio no milho
Tendo em vista as grandes exigências de potássio do milho e o fato de que os solos brasileiros têm, em sua maioria, baixos teores desse nutriente, o uso de fertilizantes potássicos é importante para um bom manejo da cultura.
A forma de aplicação pode interferir nas características agronômicas do milho, assim como gerar efeitos indesejáveis. Por isso, ela deve ser pensada com cuidado.
João P. R. David e outros pesquisadores observaram, no artigo O efeito de diferentes doses de potássio na adubação de base e cobertura na cultura do milho, que, nas condições do estudo:
- As melhores médias de altura da planta, altura de inserção da primeira espiga e diâmetro do caule foram influenciadas pela aplicação de potássio na base e na cobertura (estádio V5);
- Os parâmetros de grãos por planta e rendimento foram influenciados por uma dose maior de potássio em aplicação na base.
Já fertilizantes com um alto índice salino e teor de cloro, como é o caso do Cloreto de Potássio (KCl), podem causar efeitos indesejáveis caso sejam aplicados sem parcelamento das doses. Mas, quais são esses efeitos?
Um exemplo é que a aplicação de altas doses de KCl na semeadura pode trazer uma redução das taxas de germinação e o crescimento inicial do milho, principalmente em solos arenosos, com baixo poder tampão.
É o que constataram Luis Sangoi e outros estudiosos, no artigo Efeito de doses de cloreto de potássio sobre a germinação e o crescimento inicial do milho, em solos com texturas contrastantes.
Entretanto, uma das consequências do parcelamento das aplicações de fertilizantes pode ser o aumento dos custos de produção, uma vez que o agricultor precisará realizar mais entradas na lavoura.
Assim, a escolha de fertilizantes com baixos índices salinos e de cloro pode ajudar a diminuir esses problemas.
2. Utilizar fertilizantes com liberação progressiva
Outro ponto em que a escolha do fertilizante potássico pode trazer melhorias na eficiência no manejo é em relação às perdas de potássio por causa da lixiviação. Em geral, fontes altamente solúveis e que têm uma liberação imediata dos seus nutrientes são mais suscetíveis a esse fenômeno.
Isso afeta particularmente os sistemas de sucessão, muito comuns na cultura do milho, já que o potássio acaba sendo disponibilizado somente para uma das culturas ou se perdendo para as camadas mais profundas do solo, longe das raízes.
Assim, novas aplicações são requeridas, prejudicando a relação custo-benefício do manejo. Mas, como minimizar isso?
Uma saída é optar por fertilizantes potássicos com liberação progressiva de nutrientes, como o K Forte®, que, como o próprio nome sugere, disponibilizam gradualmente os nutrientes para o solo e para as plantas.
O efeito residual duradouro desses fertilizantes faz com que a fertilidade do solo seja construída de maneira mais eficiente, otimizando o manejo da adubação potássica.
3. Ter uma noção clara da finalidade da lavoura
Além da escolha do fertilizante, ter uma noção clara da finalidade da lavoura pode ser um fator influente no sucesso do manejo do potássio no milho.
Isso porque, como a produção de grãos e silagem de milho têm características finais da lavoura diferentes, elas exigem formas de condução e manejos nutricionais diferentes.
Por exemplo, quando o milho é destinado para silagem, há uma exigência maior de produção de matéria seca. Em consequência, a extração de nutrientes é maior do que aquela da lavoura destinada à produção de grãos.
Assim, é preciso que as recomendações de corretivos e fertilizantes sejam adequadas à finalidade da lavoura de milho.
Extração média de nutrientes pela cultura do milho destinada à produção de grãos e silagem em diferentes níveis de produtividade. (Fonte: COELHO et al., dados não publicados)
4. Utilizar sistemas de adubação e aprimorá-los com culturas forrageiras
A adoção de sistemas de sucessão tem se popularizado e vem trazendo bons resultados para a cultura do milho.
Existem muitos sistemas de sucessão possíveis e cada um deles apresenta diferentes particularidades que podem interferir no seu potencial produtivo e aproveitamento de nutrientes, incluindo o potássio.
Por exemplo, Mônica S. S. M. Costa e outros pesquisadores, no artigo Nutrição e produtividade da cultura do milho em sistemas de culturas e fontes de adubação, concluíram que o cultivo de milho em sucessão ao trigo proporcionou a maior absorção de potássio e nitrogênio e maior produtividade.
Assim, é importante conhecer as relações entre as diferentes culturas e avaliar quais são as mais adequadas para alcançar os resultados desejados.
Média das características agronômicas da cultura do milho em sucessão a safrinhas no sistema de plantio direto. (Fonte: PASQUALETTO e COSTA, 2001)
Quando o milho é utilizado como cultura de segunda safra, como por exemplo em sistemas de sucessão soja/milho, a adubação deve ser feita com cuidado, devido às restrições climáticas mais severas nesse período.
Além da escolha de fertilizantes com efeito residual duradouro, uma das estratégias para melhorar o aproveitamento da adubação potássica feita na primeira safra é o uso de espécies forrageiras.
Essas espécies apresentam, geralmente, um sistema radicular agressivo. Isso favorece a ciclagem de nutrientes e a agregação do solo, gerando também um maior aproveitamento da adubação residual da cultura antecessora.
Estudos verificaram que isso melhora o índice de lucratividade das lavouras que utilizam a consorciação com espécies forrageiras. É o caso do estudo Adubação da sucessão soja e milho consorciado com Brachiaria ruziziensi.
Nele, o pesquisador Douglas Costa Potrich verificou que o índice de lucratividade de sistemas de milho consorciado com a B. ruziziensis foi 8,2% superior ao índice de lucratividade do milho solteiro.
5. Utilizar a agricultura de precisão como ferramenta para otimizar a adubação
A agricultura de precisão, que vem se tornando uma ferramenta cada vez mais útil graças à evolução da tecnologia, tem permitido a otimização do manejo do potássio na cultura do milho.
José P. Molin e outros pesquisadores, no artigo Avaliação de intervenções em unidades de aplicação localizada de fertilizantes e de populações de milho, ressaltaram que a implementação das técnicas da agricultura de precisão permite que o uso dos de recursos disponíveis seja potencializado.
De acordo com os pesquisadores, o uso de recursos como a consideração da variabilidade espacial dos fatores de produção faz com que a adubação seja muito mais refinada. Isso permite, por exemplo, que apenas as quantidades necessárias em cada ponto sejam aplicadas.
Mapa dos teores de potássio no solo (b) de recomendação (d) no experimento. (Fonte: MOLIN. et al, 2006)
Isso fortalece os conceitos de agricultura sustentável e faz com que a adubação potássica do milho seja mais eficiente.
O sucesso da adubação potássica do milho depende de um conjunto de fatores
Em resumo, o sucesso da adubação potássica na cultura do milho depende de um conjunto de fatores.
A escolha de bons fertilizantes, bem como o conhecimento da lavoura e do uso de técnicas como o cultivo em sistemas de sucessão e a agricultura de precisão são ações importantes para que o manejo do potássio na cultura do milho traga melhores resultados para o agricultor!