Como Funciona A Mobilidade Do Boro No Solo?

Como funciona a mobilidade do boro no solo?

O solo é considerado um dos ambientes mais dinâmicos e biodiversos do planeta e, por isso, acaba exercendo uma grande influência sobre a disponibilidade de diversos nutrientes encontrados nele, como o boro. Entenda, a seguir, como funciona a mobilidade do boro no solo e nas plantas e como isso afeta o manejo desse micronutriente no campo!

Qual a mobilidade do boro no solo?

A mobilidade do boro no solo é conhecida por ser governada por uma série de fatores que influenciam na dinâmica desse micronutriente no solo.

Tais fatores, por sua vez, podem acabar facilitando ou dificultando o acesso das plantas ao boro disponível no solo.

Normalmente, solos não corrigidos e de textura mais fina tendem a apresentar um alto poder de retenção do boro, que se liga temporariamente a partículas específicas do solo como os argilominerais e os hidróxidos de alumínio e ferro.

Entretanto, essa condição não é desejável já que o boro adsorvido na superfície das partículas do solo é considerado o “reservatório” de boro mais disponível para as plantas.

Por isso, é sempre importante que o agricultor inclua em seu manejo o uso racional de corretivos de solo para neutralizar esses compostos e reduzir a retenção indesejada do boro no solo.

Outro fator que frequentemente restringe a mobilidade de boro no solo é associado à falta de água no solo.

Um dos principais mecanismos que governam a absorção e o acúmulo de boro nas plantas é o mecanismo de fluxo de massa, um mecanismo altamente dependente de água.

Ou seja, culturas que receberam aplicação de boro podem não responder adequadamente a adubação, caso a disponibilidade de água no solo seja baixa.

Além disso o pesquisador José Pires Dantas, no capítulo Micronutrientes no solo: boro do livro Micronutrientes na agricultura, explica que a redução do teor de água no solo também prejudica outros processos que afetam a disponibilidade desse micronutriente para as plantas ao:

  • Reduzir o crescimento radicular das plantas, gerando menor exploração de solo pelas raízes e, consequentemente, menor absorção de boro pela planta;
  • Diminuir o teor de boro prontamente disponível às plantas;
  • Diminuir a taxa de mineralização da matéria orgânica.

Já solos com baixos teores de argilominerais, de textura mais grosseira e que recebem um intenso regime de chuvas ou de irrigação tendem a apresentar uma dinâmica totalmente diferente do boro no solo.

Como o boro normalmente é encontrado no solo na sua forma aniônica ou sem carga específica, esse micronutriente se torna muito móvel e pode ser facilmente carregado para as camadas mais profundas do solo pelo processo de lixiviação.

No capítulo Factors affecting boron uptake by plants do livro Boron and its role in crop production, o autor Umesh C. Gupta destacou que as perdas de boro no solo por lixiviação podem alcançar 85% do boro aplicado em solos arenosos sob irrigação.

Essa grande mobilidade do boro no solo em decorrência de determinadas condições muitas vezes também acaba inviabilizando o uso de fontes de boro muito solúveis em água, como o ácido bórico.

Isso porque, em tais condições, grande parte do conteúdo de nutrientes do fertilizante pode acabar sendo perdido.

Por isso, o agricultor precisa buscar estratégias para melhorar a eficiência das fontes de boro aplicadas no solo para que as plantas expressem uma boa resposta à aplicação desse micronutriente.

Mas e no caso das plantas, como se dá a mobilidade do boro?

Qual a mobilidade do boro nas plantas?

Diferentemente da mobilidade do boro no solo, a mobilidade do boro nas plantas acaba sendo muito restrita e limitada para grande parte das culturas agrícolas.

Isso acontece porque o boro acaba formando complexos catiônicos dentro da planta com compostos orgânicos e participa como um componente estrutural de diversos compostos, como aqueles encontrados nas paredes celulares.

Dessa forma, como essas interações do boro com os compostos vegetais são de difícil rompimento e reversão, as plantas acabam não conseguindo translocar esse nutriente mesmo em situações em que existem baixos teores de boro no solo.

Como consequência, as regiões mais jovens das plantas que demandam maiores quantidades de nutrientes acabam sendo as primeiras a apresentar os sintomas de deficiência de boro, que incluem:

  • O comprometimento do processo de nodulação em plantas leguminosas;
  • A deformação, espessamento e amarelecimento das folhas mais novas;
  • A redução da resistência das plantas a estresses bióticos e abióticos;
  • O abortamento floral e baixo pegamento dos frutos;
  • A redução do crescimento e morte dos ponteiros.

Para evitar os sintomas de deficiência de boro nas plantas, especialistas apontam que uma das formas mais duradouras e efetivas de manter os níveis foliares desse nutriente estáveis é através da aplicação de fontes adequadas de boro no solo.

Escolher a forma de aplicar o boro na lavoura, seja via solo ou via foliar, pode ser um desafio para os agricultores.

Nesse sentido, é de igual importância também incluir outras práticas que favoreçam a maior disponibilidade desse micronutriente para as plantas, fazendo a correção do solo, aumentando os teores de matéria orgânica e a capacidade de retenção de água e nutrientes do solo, dentre outras boas práticas.

O entendimento da mobilidade do boro no solo e nas plantas é essencial para o manejo eficiente desse nutriente no campo

Em resumo, podemos perceber que a mobilidade do boro no solo varia de acordo com as condições do solo, enquanto no caso das plantas a mobilidade desse micronutriente acaba sendo muito restrita e limitada.

Assim, o agricultor deve sempre levar em consideração esses aspectos no momento de fazer o manejo do boro e de escolher a melhor forma de aplicação dos fertilizantes nas lavouras!

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