Magnésio Em Pastagens: Importância E Manejo

Magnésio em pastagens: importância e manejo

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Você sabia que a deficiência de magnésio pode surgir primeiro no gado, antes de se tornar aparente na pastagem? Essa afirmação, feita pelo pesquisador Robin Boom no artigo Solo saudável, pasto saudável, rebanho saudável – a abordagem equilibrada, revela que o manejo do magnésio em pastagens é essencial para a saúde do rebanho. Veja como fazer um manejo assertivo desse nutriente no solo e evitar que a deficiência de magnésio comprometa o pasto e os animais!

A deficiência de magnésio em pastagens

Um dos primeiros assuntos que surgem quando se fala da relação entre o magnésio e as pastagens é a tetania das pastagens.

A tetania das pastagens corresponde a uma série de desordens nutricionais que podem surgir nos animais que se alimentam de forragens deficientes de magnésio. Quando existe um desequilíbrio entre a ingestão e excreção de magnésio, os animais podem apresentar alguns sintomas como:

  • Tremores e espasmos musculares;
  • Inquietude e excitação;
  • Salivação excessiva;
  • Convulsões;
  • Cegueira.

Mas, quais são as causas que levam uma forrageira a apresentar sintomas de deficiência de magnésio?

O magnésio foi, por muito tempo, considerado um “nutriente esquecido” no manejo da fertilidade do solo. Isso mesmo ele estando no mesmo grupo de macronutrientes ao qual pertence o enxofre e o cálcio.

Além disso, o manejo inadequado da calagem, da gessagem e da adubação no Brasil têm acentuado as limitações que a ausência de teores adequados desse nutriente no solo impõe no campo.

O magnésio, assim como os outros nutrientes, pode estabelecer diversas interações com os demais nutrientes do solo, as quais podem favorecer ou não a sua disponibilidade para as plantas.

Quando não existe um equilíbrio entre esses nutrientes, pode ocorrer um tipo de interação conhecida como inibição competitiva. Nela, o magnésio pode ter sua disponibilidade reduzida por outros nutrientes, como o cálcio e o potássio, uma vez que eles são absorvidos pelas mesmas estruturas das plantas.

No artigo Produtividade e Valor Nutritivo do Capim-Elefante cv. Napier sob Doses Crescentes de Nitrogênio e Potássio, Alex Carvalho Andrade e outros pesquisadores observaram exatamente esse efeito.

No estudo, a adubação excessiva de potássio levou a redução dos teores de magnésio na fração lâmina foliar do capim-elefante.

Além disso, também foi possível observar que a adubação com nitrogênio interferiu negativamente nessa relação. Entretanto, isso acontece apenas quando as concentrações de magnésio no solo são baixas.

Em condições normais, a adubação com nitrogênio pode promover o efeito oposto e aumentar a concentração de magnésio nas plantas, como também a de outros nutrientes.

É o que relata o pesquisador Timothy P. Robinson, em uma revisão sobre práticas de prevenção da tetania das pastagens.Teores De Magnésio Na Fração Lâmina Foliar Do Capim-Elefante, Em Função Das Doses De Nitrogênio E Potássio

Teores de magnésio na fração lâmina foliar do capim-elefante, em função das doses de nitrogênio e potássio. (Fonte: Andrade et al, 2000)

Como, então, repor o magnésio no solo de forma adequada e ainda garantir que os demais nutrientes não interfiram na sua disponibilidade para as plantas?

A reposição de magnésio no solo

Segundo o pesquisador Robin Boom, a maior parte do magnésio encontrado no solo está em sua forma mineral, que não está disponível para plantas. Por isso, a aplicação de fertilizantes é tão importante no contexto agrícola.

Na fase de recomendação da dose de magnésio ideal, é importante entender que existe uma variação entre os teores de magnésio nas forrageiras em função do local e da época do ano (chuva e seca).

É o que explicam Fernando Luiz Henriques Tebaldi e outros pesquisadores, no artigo Composição mineral das pastagens das regiões norte e noroeste do Estado do Rio de Janeiro: 1. Cálcio, fósforo, magnésio, potássio, sódio e enxofre.

Nesse contexto, também é preciso ter atenção para fazer a recomendação assertiva dos outros nutrientes que podem interferir na disponibilidade de magnésio para as plantas, como o potássio.

Como as pastagens têm um ciclo produtivo longo e dispõem de mais tempo para acessar os “reservatórios” de potássio de liberação mais lenta, é importante considerar a avaliação do potássio retido na superfície e nas intermacadas dos minerais do solo. Isso para evitar condições de superdosagem.

Esse cuidado na avaliação potássica do solo pode ser feito através da escolha dos métodos de análise de potássio no solo mais adequados, como recomendam os autores do livro Improving Potassium Recommendations for Agricultural Crops.

 

Os métodos de análise de potássio no solo mais utilizados no Brasil podem não ser os ideais para toda lavoura.

Já na fase de escolha da fonte de magnésio para as pastagens, é preciso buscar uma melhor sincronia entre a taxa de absorção de magnésio pelas plantas e a taxa de liberação dos nutrientes paras as plantas visto o longo ciclo de produção dessa cultura.

Para isso, fontes de magnésio de liberação progressiva e de longo efeito residual podem ser as mais adequadas. Isso porque elas permitem uma melhor sincronia entre essas diferentes taxas, ao estender a janela de tempo a qual a planta terá para absorver os nutrientes.

Outro benefício associado ao uso dessas fontes se encontra na redução das perdas de nutrientes por lixiviação, já que o magnésio pode ser facilmente levado para as camadas mais profundas do solo caso os fertilizantes aplicados sejam muito solúveis em água.

Cuidados como esses ajudam a fazer com que o manejo do magnésio em pastagens seja mais assertivo e, assim diminua as chances da ocorrência de deficiência desse nutriente nas forrageiras e consequentemente nos animais.

A adubação com magnésio em pastagens é indispensável para a saúde do gado e a produtividade das pastagens

Em síntese, o magnésio tem um papel importante não somente na nutrição vegetal, mas também animal, visto as manifestações da sua deficiência em animais que se alimentam de forrageiras pobres nesse nutriente.

Dessa forma, ao seguir essas diferentes boas práticas de adubação com magnésio em pastagens, o pecuarista consegue promover uma alimentação que favoreça a saúde do seu rebanho.

Além disso, a adubação com fontes de magnésio adequadas pode permitir uma melhor produção e a qualidade das pastagens, uma vez que o magnésio participa ativamente de diversos processos metabólicos e outras funções essenciais para o crescimento e produtividade das culturas agrícolas!

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