3 Dicas Para Fazer A Correção De Boro No Solo

3 dicas para fazer a correção de boro no solo

A correção de boro no solo quase sempre é uma prática indispensável na agricultura brasileira, visto que grande parte dos solos do país são naturalmente pobres nesse micronutriente essencial para as plantas. Conheça, a seguir, 3 dicas para fazer a correção de boro no solo de forma adequada!

Como fazer a correção de boro no solo?

Desde a descoberta da essencialidade do boro para a nutrição das plantas e seus benefícios para diferentes culturas agrícolas, a atenção sobre a inclusão desse micronutriente nos programas de adubação tem aumentado ano após ano.

Para culturas como o algodão e o eucalipto, por exemplo, a adubação com boro já comprovou benefícios para elevação tanto da produção quanto da qualidade dos produtos agrícolas.

Efeitos similares também foram observados em pesquisas com outras culturas, como os citros, as pastagens, a banana, a cana-de-açúcar, o milho, a soja, o café, dentre outras.

A inclusão do boro nos programas de adubação tem se tornado uma necessidade em várias regiões agrícolas, porque, naturalmente os solos brasileiros são pobres em micronutrientes.

Além disso, os avanços nos programas de melhoramento genético e aumento do potencial produtivo de diversas culturas agrícolas também fizeram com que houvesse um aumento da demanda de boro pelas plantas.

Portanto, para realizar a correção de boro no solo a fim alcançar a alta performance das lavouras, o agricultor deve seguir algumas boas práticas de manejo desse micronutriente no campo. Dentre as principais, estão inclusas:

1. O diagnóstico correto da fertilidade do solo e do estado nutricional da lavoura

Quando pensamos na inclusão de fontes de boro ou de qualquer outro nutriente nos programas de adubação das lavouras, um dos primeiros e mais importantes passos que devem ser executados adequadamente são:

  • O diagnóstico correto da fertilidade do solo;
  • A avaliação do estado nutricional da lavoura.

O boro é conhecido por ser um nutriente muito móvel no solo que pode se movimentar rapidamente para as camadas mais profundas, dependendo do fertilizante aplicado.

Por isso, é recomendado que a análise de solo não abranja somente a avaliação da profundidade de 0-20cm de solo, como também a de 20-40 cm, para evitar a subestimação ou superestimação da disponibilidade de boro no solo.

Já quando pensamos na análise do estado nutricional da lavoura, a realização da diagnose visual dos sintomas de deficiência de boro nas plantas e a análise foliar das culturas são outras ferramentas indispensáveis.

De forma geral, cada cultura apresenta suas particularidades quanto a folha amostrada e melhor época de coleta. Assim, o agricultor deve sempre seguir as recomendações técnicas para obter amostras representativas dos seus talhões.

Entretanto, é importante ressaltar que nem sempre existe uma correção clara entre os teores de boro nas folhas e a produtividade das culturas.

Isso porque os valores podem ser facilmente superestimados pela dificuldade existente no processo de extração do boro retido na cutícula foliar ou o ligado na camada péctica da parede celular.

É o que explicam Antonio E. Boaretto e outros pesquisadores, no artigo Effects of foliar applications of boron on citrus fruit and on foliage and soil boron concentration.

Portanto, a análise foliar, assim como a diagnose dos sintomas de deficiência de boro devem sempre ser usadas em conjunto com as análises de solo para se obter uma interpretação adequada dos resultados e possibilitar que se faça uma correção de boro no solo adequada.

2. A correção adequada do solo

Uma vez obtidos os dados referentes aos teores de boro no solo e nas plantas, recomenda-se que o agricultor realize a correção do solo antes de realizar a aplicação dos fertilizantes nas suas lavouras.

Isso é importante porque o principal fator que governa a disponibilidade de boro na solução do solo é a sua adsorção as partículas do solo, que pode ser maior ou menor dependendo de fatores como o pH, a temperatura e o teor de materiais adsorventes.

É o que destaca o pesquisador Sabine Goldberg, no capítulo Chemistry and Mineralogy of Boron in Soils do livro Boron and Its Role in Crop Production.

Enquanto alguns desses fatores não conseguem ser controlados pelo agricultor, outros, como o pH e o teor de materiais adsorventes no solo, podem ser manejados com a ajuda de corretivos como o calcário e o gesso agrícola.

O pH avalia as condições de um solo, classificando-o em ácido, neutro ou alcalino e tem relação direta com a disponibilidade dos nutrientes para as plantas. Na nutrição da lavoura, para que a adubação da cultura atinja o efeito esperado, é fundamental que ele esteja corrigido.

A calagem é reconhecida por ser um importante insumo capaz de elevar o pH do solo e melhorar a disponibilidade de diferentes nutrientes no solo.

Já ao gesso é atribuída a importante função de neutralizar os óxidos de alumínio presentes no solo, um dos principais compostos adsorventes do boro, ou seja, que retem de forma indesejada esse nutriente tornando-o indisponível para as plantas.

Entretanto, é importante ressaltar que a aplicação desses insumos deve ser feita com cautela e seguindo as recomendações técnicas, caso contrário podem ter efeito contrário sobre a disponibilidade de boro no solo.

É o que acontece, por exemplo, quando se estabelece uma condição de supercalagem, que eleva excessivamente o pH do solo e pode induzir a deficiência de boro nas plantas.

3. A realização da adubação da lavoura com fontes de boro adequadas

Com o pH do solo devidamente ajustado e corrigido, é chegada a hora de realizar a aplicação de fertilizantes.

De forma geral, as culturas apresentam diferentes graus de resposta e necessidade quanto à adubação de boro.

Para aquelas mais responsivas, como o algodão, o café e o eucalipto, as taxas de aplicação de boro no solo podem chegar a ser mais de três vezes maiores do que para aquelas menos responsivas.

Contudo, mesmo que as culturas menos responsivas exijam menores quantidades de boro, o fornecimento adequado desse micronutriente para as plantas não deixa de ser importante, uma vez que ele pode se tornar um fator limitante para produção das culturas.

Além da dosagem adequada do fertilizante, também é muito importante que o agricultor se preocupe em manter o boro fornecido disponível para as plantas.

Para isso, a escolha adequada da fonte de boro é uma etapa muito importante desse processo, já que nem todos os fertilizantes conseguem manter níveis adequados e estáveis desse micronutriente ao longo do ciclo da cultura.

Tendo em vista a grande mobilidade do boro no solo, especialistas recomendam que a maior parte da dose total dos fertilizantes aplicados nas áreas corresponda às fontes de boro de liberação progressiva e com longo efeito residual.

É importante observar também, no caso das fontes multinutrientes, se a granulometria de todas as matérias-primas é igual, para evitar os problemas advindos da segregação de nutrientes no momento da aplicação do boro no solo.

A correção de boro no solo exige o emprego de diferentes estratégias

Em resumo, podemos perceber que a correção de boro no solo exige o emprego de diferentes estratégias, que se iniciam com o diagnóstico correto da fertilidade do solo e do estado nutricional da lavoura, perpassam pela aplicação de corretivos do solo e se concluem com o uso de doses e fontes adequadas de boro.

Assim, o uso dessas diferentes estratégias pode proporcionar uma melhor disponibilidade e estabilidade dos níveis de boro no solo que irão se traduzir em uma melhor produtividade e qualidade das lavouras!

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