Quais São Os Pilares Do Manejo Integrado De Pragas?

Quais são as bases do manejo integrado de pragas?

Atualizado em::

Para se obter sucesso com a implementação do manejo integrado de pragas na sua propriedade, existem diferentes bases dessa metodologia que devem ser respeitadas. Conheça quais são as bases do manejo integrado de pragas e como eles podem otimizar o controle de pragas na agricultura! 

O que é o MIP e quais são suas bases de sustentação?

O manejo integrado de pragas (MIP) é uma abordagem de gerenciamento de pragas que visa controlar as pragas de uma forma eficiente, segura e sustentável, utilizando uma combinação de medidas preventivas e de controle.  

O MIP se baseia em quatro bases principais: identificação, monitoramento, avaliação de danos e controle. Conheça, a seguir, as características de cada uma dessas bases:

1. A identificação

Uma das primeiras bases do manejo integrado de pragas é a identificação das pragas. Ela é considerada uma das etapas chaves do MIP, uma vez que ela permite determinar qual é a espécie de praga e, assim, escolher as medidas de controle mais adequadas. 

Existem várias maneiras de identificar pragas, cada uma com suas próprias vantagens e desvantagens. Algumas das maneiras mais comuns de identificar pragas incluem a identificação visual das pragas e a realização de análises laboratoriais. 

A observação visual é considerada a forma mais simples de identificar pragas, pois consiste apenas na observação das características de cada espécie.

Entretanto, como muitas espécies de pragas apresentam caraterísticas semelhantes, recomenda-se que o agricultor sempre busque por especialistas e utilize guias de identificação de pragas. 

Além da observação visual, também existem as análises laboratoriais de pragas. Elas são consideradas a forma mais precisa de identificar pragas e sua população, mas são trabalhosas e podem ser caras. 

Independentemente do método escolhido, é importante lembrar que a identificação precisa das pragas é fundamental para o sucesso do MIP. É importante dedicar tempo e recursos para garantir que as pragas sejam identificadas corretamente antes de tomar medidas de controle. 

2. O monitoramento

O monitoramento é o segundo das bases do manejo integrado de pragas, pois ele pois permite detectar a presença de pragas no campo e avaliar a sua população. 

Existem várias técnicas que podem ser usadas para o monitoramento de pragas, como o uso de armadilhas e a observação visual. 

As armadilhas, por exemplo, são dispositivos que utilizam compostos químicos atrativos, luzes ou mesmo barreiras físicas para atrair e capturar pragas. Elas geralmente são bem úteis para detectar a presença de pragas, mas podem apresentar uma baixa precisão para determinar a população de pragas. 

Outra técnica utilizada no monitoramento para detectar a presença de pragas é a observação visual. Essa técnica consiste na análise cuidadosa das plantas em busca de sinais de infestação, podendo ser realizada a contagem direta das pragas e a quantificação dos danos causados nas plantas, como folhas rasgadas ou brotos danificados. 

Para isso, o agricultor pode tanto realizar uma amostragem representativa de plantas nos seus talhões quanto manter plantas que são mais suscetíveis a infestação de pragas em locais estratégicos da sua lavoura. 

Entretanto, é importante ressaltar que a observação visual pode ter sua eficiência comprometida, principalmente em se tratando de espécies pequenas ou que ficam alojadas em regiões de difícil acesso na planta. 

3. A avaliação de danos

Depois de identificar as pragas, é necessário avaliar os danos que elas causam e determinar se é necessário tomar medidas de controle. Para isso, é estabelecido a terceira base do MIP: a avaliação de danos. 

A avaliação de danos e das populações das pragas é um elemento importante do manejo integrado de pragas, pois permite determinar se é necessário tomar medidas de controle.  

Para isso, o MIP define três diferentes níveis, que tem por base a densidade populacional das pragas no campo. São eles: 

  • O nível ou ponto de equilíbrio (PE): representa a densidade populacional média durante um longo período de tempo sem que ocorram mudanças permanentes; 
  • O nível de ação ou controle (NC): representa a menor densidade populacional capaz de causar perdas significativas para o agricultor; 
  • O nível de dano econômico (NDE): representa a densidade populacional que é capaz de causar um prejuízo de igual valor ao seu custo de controle. 

Níveis De Dano Econômico (Nde), De Controle (Nc) E De Equilíbrio (Ne) De Uma População Hipotética De Praga

Níveis de dano econômico (NDE), de controle (NC) e de equilíbrio (NE) de uma população hipotética de praga (Fonte: adaptado de Pedigo e Rice, 2009)

4. O controle

O quarto e último das bases do manejo integrado de pragas é o controle. Se a avaliação de danos indicar que é necessário tomar medidas de controle, é importante escolher as medidas mais adequadas e eficientes.  

O controle de pragas é um elemento importante do MIP, pois permite reduzir ou eliminar infestações de pragas que causam danos. No entanto, é importante lembrar que o controle deve ser o último recurso e deve ser usado de forma responsável e sustentável. 

Dentre as várias opções de controle de pragas, podemos destacar o uso de inseticidas, o plantio de plantas resistentes ou a introdução de inimigos naturais das pragas.  

Os inseticidas estão entre os métodos mais eficazes para controlar infestações de pragas. Contudo, o mal uso dessa tecnologia na agricultura acabou levando ao surgimento de casos de insetos-pragas resistentes e problemas de intoxicação e contaminação do solo e a água. 

Por isso, outros métodos alternativos como a escolha de cultivares resistentes, a adubação de plantas e a introdução de inimigos naturais vêm ganhando cada vez mais espaço dentre os métodos de controle do MIP. 

As plantas resistentes possuem características que as tornam menos suscetíveis a infestação de pragas, como folhas espessas ou compostos químicos que repelem as pragas. Mas, muitas vezes, esse acaba sendo um método limitado dependendo do tipo de praga e também pela disponibilidade de sementes na região. 

Já no caso da adubação de plantas, muitos nutrientes e elementos benéficos, como o enxofre, o potássio o silício, são capazes de promover muitos benefícios quando inseridos dentro do manejo integrado de pragas. 

Isso porque eles são capazes de afetar o ciclo de vida da praga, através dos benefícios promovidos por esses nutrientes ao interagirem com as plantas e estimularem seus mecanismos de defesa. 

Por fim, também podem ser utilizados inimigos naturais, que são aqueles artrópodes ou microrganismos que controlam naturalmente as pragas. Alguns exemplos de inimigos naturais são ácaros predadores, insetos parasitoides, fungos entomopatogênicos e rizobactérias 

Um exemplo é a rizobactéria Bacillus aryabhattai, que tem mostrado resultados promissores para o controle de nematoides. É o que relataram pesquisadores como:  

  • Ornelle C. N. Ndoung e Maria A. dos Santos, no artigo Potencial de Bacillus aryabhattai para o controle de Meloidogyne incognita na cultura do milho 
  • Jing Zhao e outros estudiosos, no artigo Evaluation of Bacillus aryabhattai Sneb 517 for control of Heterodera glycines in soybean. 

Conhecendo as quatro bases do manejo integrado de pragas, quando o agricultor deve implementá-lo na sua lavoura? 

Quando o MIP deve ser implementado?

Implementar o manejo integrado de pragas é um processo que requer planejamento e dedicação.  Isso porque o MIP deve ser implementado muito antes da praga começar a causar danos na sua lavoura. 

O primeiro passo para se elaborar e implantar um programa de manejo integrado de pragas, consiste em reconhecer e identificar as pragas-chave as quais causam danos na propriedade, bem como seus inimigos naturais e os diferentes estádios da planta suscetível ao dano da praga. 

Depois de identificar as pragas presentes na lavoura, é importante desenvolver um plano de MIP detalhado. Esse plano deve incluir as medidas preventivas e de controle que serão usadas, bem como os procedimentos para identificação, monitoramento e avaliação de danos. 

Enquanto as medidas preventivas irão evitar ou reduzir a infestação de pragas, as medidas remediativas de controle irão ser implementadas quando a densidade populacional da praga atingir o seu nível de controle. 

Por isso, é sempre muito importante manter um monitoramento constante da lavoura, para identificar corretamente as espécies e determinar quais serão as melhores medidas de controle a serem adotadas conjuntamente. 

Dentre os diferentes métodos de controle que podem ser utilizados, podemos destacar: 

  • O controle físico; 
  • O controle químico; 
  • O controle mecânico; 
  • O controle biológico; 
  • O controle legislativo; 
  • O controle silvicultural; 
  • O controle por comportamento; 
  • O controle por resistência de plantas. 

Vale destacar que, na hora de escolher os métodos para o controle de pragas, deve-se levar em consideração a adaptabilidade e compatibilidade deles ao agroecossistema. Isso porque que o MIP leva em conta as preocupações econômicas, dos produtores, da ecologia, da sociedade e do meio ambiente. 

As bases do manejo integrado de pragas devem sempre ser integrados com os métodos preventivos e remediativos de controle

Em conclusão, adoção correta das quatro bases do manejo integrado de pragas são essenciais para garantir o sucesso da adoção dessa metodologia na agricultura. 

E, complementarmente às bases do manejo integrado de pragas, o agricultor deve sempre buscar integrar a eles os diferentes métodos preventivos e de controle de pragas a fim de garantir a boa produtividade e qualidade da sua lavoura, fazendo a adubação correta da sua lavoura e utilizando os microrganismos benéficos do solo a seu favor! 

Compartilhe esta publicação